Jornal francês diz que Bolsonaro está reduzido a “solidão, silêncio e reclusão” nos EUA

O site do jornal Le Monde desta quarta-feira (1) publica uma matéria sobre o “crepúsculo” de Jair Bolsonaro. O ex-presidente brasileiro que, de acordo com o diário, reagiu mal à derrota para Lula e ao caos que cercou seu fim de mandato em Brasília, não sabe o que fazer nos Estados Unidos, onde vive sozinho.

Por RFI

“No número 200 da Aubern Avenue, em Kissimee, na Flórida, tem uma casa grande, desprovida de charme”, descreve o jornal. “Ela tem uma cozinha equipada, spa, salas de cinema e jogos privativas. Mas tudo isso não é suficiente para animar ao atual inquilino, um homem de 67 anos: Jair Bolsonaro”, afirma Le Monde.

Um exílio simbólico para o líder de extrema direita, chamado de “mito” por seus apoiadores, que agora “está reduzido ao silêncio, à reclusão e à solidão”, resume o vespertino.

De acordo com o jornal, Bolsonaro sai pouco da casa e cruza raramente os vizinhos. Às vezes, é visto passeando com as mãos nos bolsos, em supermercados, ou devorando porções de frango frito de fast food. “Ele ainda não foi visto na Disneylândia, que fica a quinze minutos de carro” do condomínio, ironiza o jornal, segundo o qual, a vida do ex-presidente é limitada.

Seu “amigo” Donald Trump ainda não o convidou para uma visita à sua luxuosa mansão de Mar-a-Lago e ele recebe raramente a visita de seus três filhos, Flávio, Carlos e Eduardo.

Perda de seguidores nas redes

As redes sociais de Bolsonaro, antes influentes e ativas, ficaram lentas, se contentando em publicar fotos de arquivo. “Em dois meses, o ex-capitão perdeu quase 400.000 seguidores no Instagram”, observa Le Monde.

O custo financeiro da vida de Bolsonaro na Flórida é alto: até agora, quase € 200 mil (mais de R$ 1 milhão) já foram gastos para manter o ex-presidente e sua equipe nos Estados Unidos, contabiliza o jornal. Somente o aluguel da mansão chegaria a US$ 1.000 por dia (mais de R$ 5.000). As conferências VIP do ex-presidente nos Estados Unidos a empresários locais renderam apenas US$ 10 mil, “uma ninharia, em comparação com as centenas de milhares obtidos por Obama, Sarkozy e até Lula”, afirma o diário.

Tudo isso deixa os bolsonaristas decepcionados e faz seus aliados se distanciarem. Alguns procurariam até um novo líder para as eleições de 2026, que poderia ser sua esposa, Michelle Bolsonaro.

No entanto, o jornal alerta que ainda é cedo para enterrar “o mito”. Nos últimos dias, Bolsonaro teria reencontrado a força para contra-atacar: em 11 de fevereiro, ele pronunciou um discurso na igreja evangélica Church of All Nations onde anunciou um retorno ao Brasil em março e afirmou que “sua missão na terra ainda não tinha acabado”.

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