João de Deus é denunciado pela 12ª vez por crimes sexuais
Pela 12ª vez, o Ministério Público de Goiás (MP-GO) denuncia João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, por crimes sexuais durante atendimentos espirituais em Abadiânia (GO). Além do líder espiritual, dois guias de turismo são investigados, suspeitos de acobertar estupros cometidos contra duas mulheres do Rio Grande do Sul.
Segundo a denúncia, as vítimas relatavam aos guias os abusos que aconteciam dentro da casa Dom Inácio de Loyola, onde atuava o médium, mas recebiam como resposta que isso fazia parte do tratamento espiritual. “Eles diziam que as ejaculações poderiam ser muito mais fortes que centenas de cirurgias espirituais que essas vítimas poderiam realizar”, relatou a promotora de Justiça Renata Caroliny Ribeiro e Silva, ao portal G1.
Ainda de acordo com a promotoria, “os guias [de turismo] eram coniventes e atuavam energicamente para que elas não interrompessem o ‘tratamento’. Chegavam a dizer que eles também já tinham passado por este processo de ‘cura’, mas que era praticado por outro homem e não João Faria”.
Os casos investigados ocorreram entre janeiro de 2009 e janeiro de 2011. A denúncia foi feita no último dia 26 de dezembro, mas foi divulgada apenas nesta segunda-feira (13). A juíza do caso, Rosângela Rodrigues, declarou que não vai se pronunciar sobre a ação, que corre em segredo de Justiça.
João Teixeira de Faria está preso há mais de 1 ano, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, e nega ter cometido os crimes. No último 19 de dezembro, ele foi condenado a 19 anos e quatro meses de prisão por crimes sexuais cometidos contra quatro mulheres. Esta foi a primeira sentença relacionada às mais de 300 denúncias de estupro contra o médium recebidas pela força-tarefa do MP-GO.
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A avalanche de acusações contra o líder espiritual vieram à tona após reportagem do programa Conversa com Bial publicada no dia 7 de dezembro de 2018, no qual brasileiras e estrangeiras denunciaram terem sido abusadas durante os atendimentos espirituais.
Segundo informações do MP, as vítimas que formalizaram as denúncias no último período foram abusadas entre 1973 e 2018. Ou seja, o médium teria violentado pacientes espirituais ao longo dos últimos 45 anos.
Das 319 mulheres que procuraram a promotoria, 194 formalizaram as acusações e ao menos 15 alegaram terem sido vítimas antes dos 13 anos.
Brasil de Fato