LAÍRE ROSADO: Ivo Barreto, uma aniversário com boas recordações

Considero a passagem pela Faculdade de Medicina a minha experiencia de vida mais marcante. Uma espécie de abertura para o mundo real. O conhecimento de realidades antes desconhecidas.

Estudava em Mossoró, no Colégio Diocesano Santa Luzia. Em 1960, meus pais me encaminharam ao Colégio Santo Antônio, o Colégio Marista de Natal, achando seria o melhor para os meus estudos. Simpatizei com a transferência e viajei para iniciar uma nova vida. Fiquei hospedado na casa de Tia Nelyta/Tio Messias, situada exatamente em frente ao colégio.

No primeiro dia de aula, aproximou-se um colega que me fez uma provocação. Disse saber que eu costumava ser o primeiro lugar da turma, em Mossoró, mas, em Natal, essa colocação era dele e não abria mão para nenhum outro aluno, seja de onde viesse, muito menos de Mossoró. Meses depois, deslocado da posição, pediu-me desculpas pela agressão desnecessária. Foi comprovado que o ensino em Mossoró não deixava nada a desejar em relação ao de Natal.

Depois de quatro anos tendo os estudos como meta principal para o ingresso no ensino superior, fui aprovado e ingressei na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Até 1963, as turmas eram de, no máximo, 25 alunos. A nossa quebrou a tradição e foram matriculados 67 acadêmicos. Vibrei. A turma era composta por colegas dos mais diferentes matizes. Havia militares das três forças armadas, bancários de diferentes estabelecimentos, alunos de estilo de vido mais alto, filha de sapateiro, funcionário dos Correios, empregados em lojas comerciais, enfim, o mundo inteiro cabendo em uma sala de aula. Em um tempo em que ainda não existia o ENEM, foram aprovados alunos vindos do, Rio de Janeiro, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e do Acre. Todos reunidos na mesma sala de aula.

Quando Dr. Ivo Barreto de Medeiros me convidou para a comemoração dos seus 80 anos de idade, na última quarta-feira (4), não pensei duas vezes. Enfrentei a precariedade das estradas, por conta do rompimento da BR 304, além das chuvas copiosas, na certeza que poderia, além de abraçar um amigo querido e rever outros que estariam nessa celebração.

Foram momentos de confraternização e recordação, sempre ao lado dos colegas de turma Roberto Rosado, Gustavo Ribeiro, Aluísio de Castro, Ney Marques Fonseca e Ivo. Foi pouco tempo para tanta lembrança. Outros médicos, professores e contemporâneos dividiram conosco essa alegria.

No final, a constatação inicial de que a Universidade continua sendo a maior escola, depoimento que costumava repassar aos meus filhos e, depois, aos meus nove netos. Não é apenas a rememoração do passado. É muito mais a expectativa do futuro.

 

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