Israel ignora apelos por trégua contra o Hamas; OMS descreve “banho de sangue” em hospital

Israel prossegue neste domingo (17) seus bombardeios a alvos palestinos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, apesar dos apelos por uma trégua que permita a libertação de reféns em poder do Hamas e de outros grupos armados. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o pronto-socorro do hospital Al-Shifa, no norte de Gaza, enfrenta “um banho de sangue”, com centenas de pacientes aguardando atendimento nos corredores e novos feridos chegando “a cada minuto”.

As salas de operações já não funcionam por falta de oxigênio e, nas palavras da equipe da OMS, o próprio hospital “precisa de reanimação”. Apenas 30 pacientes podem receber diálise. Este hospital, que era o maior estabelecimento de saúde da Faixa de Gaza antes de ser devastado pelos bombardeios israelenses, funciona com uma equipe reduzida. “Os doentes críticos são transferidos para o Hospital Ahli Arab para intervenções cirúrgicas”, acrescenta a agência.

Atualmente, o Ahli Arab é o único hospital “parcialmente funcional” em toda a região norte da Faixa de Gaza. Antes da guerra eram 24.

A OMS disse estar pronta para fortalecer Al-Shifa “nas próximas semanas” para que o estabelecimento possa mais uma vez cumprir as suas funções básicas. “Até 20 salas de cirurgia do hospital, bem como serviços de cuidados pós-operatórios, podem ser ativados se forem regularmente abastecidos com combustível, oxigênio, medicamentos, alimentos e água”, destaca a OMS, que sublinha que também é necessário reforçar os profissionais de atendimento.

A OMS também expressou preocupação com o Hospital Kamal Adwan. No sábado, o Exército de Israel anunciou ter descoberto armas e detido cerca de 80 membros do Hamas na área deste hospital. “Os soldados prenderam cerca de 80 terroristas”, “destruíram infraestruturas terroristas e localizaram várias armas”, segundo o Exército israelense, que especificou que o pessoal médico foi “interrogado”. Segundo militares, “o pessoal admitiu que as armas estavam escondidas em incubadoras supostamente usadas para bebês prematuros”.

O Hamas, por sua vez, denunciou um “horrível massacre” no hospital e acusou Israel de ter “destruído com escavadeiras as barracas dos deslocados” que ali se refugiaram, causando “uma série de mortes”.

Os bombardeios israelenses deixaram grande parte do território em ruínas e a ONU estima que 1,9 milhões de habitantes de Gaza tenham sido deslocados pela guerra.

“Não ficaria surpreso se as pessoas começassem a morrer de fome, ou de uma combinação de fome, doenças e baixa imunidade”, disse Philippe Lazzarini, diretor da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (OCHA).

Familiares de reféns protestam contra estratégia militar

Na noite de sábado, centenas de familiares e cidadãos israelenses voltaram a se reunir em frente à sede do Ministério da Defesa, em Tel Aviv, para frisar que a liberatação dos cerca de 128 reféns em poder do Hamas deve ser a prioridade número 1 sobre qualquer outro objetivo de Israel. As famílias insistiram que querem reencontrar os reféns vivos e não recuperar corpos em sacos mortuários, principalmente após o grave erro do Exército de Israel, que matou três reféns em Gaza depois de identificá-los como “uma ameaça”.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu diz ter ficado de “coração partido” com o erro, mas considera que “não é hora de diminuir a pressão militar contra o Hamas, tanto para obter o retorno dos reféns quanto a vitória contra os inimigos”. A guerra segue, então, seu curso.

Espessas nuvens de fumaça provocadas por ataques aéreos israelenses eram avistadas na manhã de domingo no norte da Faixa de Gaza. O Ministério da Saúde do Hamas lamenta a morte de 24 palestinos no campo de Jabalia, “muitos dos quais ainda estão sob os escombros”.

Outros ataques mataram pelo menos 12 pessoas na cidade de Deir al-Balah, segundo o governo do Hamas, classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, União Europeia, Canadá, entre outros países.

Testemunhas também relataram bombardeios israelenses na cidade de Bani Suheila, no sul do enclave. A agência AFP registra combates intensos nas ruas, especialmente na Cidade de Gaza.

Além das operações na Faixa de Gaza, um novo ataque israelense contra o campo de refugiados de Tulkarem, na Cisjordânia ocupada, matou neste domingo cinco palestinos. Entre as vítimas, havia dois jovens de 19 e 21 anos.

Com informações da AFP

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