Israel faz maior ataque a Gaza desde o início da guerra; Hamas pede ajuda da comunidade internacional

Uma operação de envergadura inédita desde o início da guerra entre Israel e o Hamas foi iniciada na Faixa de Gaza na noite desta sexta-feira (27). O movimento islâmico palestino, que controla o enclave, pediu para “os países árabes e muçulmanos e a comunidade internacional agirem imediatamente” para cessar os bombardeios, que se intensificaram consideravelmente ao cair da noite.

Por RFI

Explosão é vista na fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza, na noite desta sexta. (27/10/2023)Explosão é vista na fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza, na noite desta sexta. (27/10/2023) REUTERS – REUTERS TV

Os ataques israelenses começaram às 19h no horário local (13h em Brasília). Os bombardeios “por ar, mar e terra” são “os mais violentos desde o início da guerra” em 7 de outubro, afirmou o serviço de imprensa do governo do Hamas, acusando Israel de “preparar massacres”.

As comunicações e a internet foram cortadas na Faixa de Gaza, segundo o governo do Hamas. A empresa palestina de telecomunicações Jawwal confirmou o corte.

Os jornalistas da AFP no território explicaram que só podiam se comunicar em áreas onde recebiam a rede israelense. NetBlocks, o serviço de monitoramento de acesso à internet, relatou um “colapso de conectividade na Faixa de Gaza”.

O Crescente Vermelho Palestino informou que “as perturbações afetam a central de emergência 101 e dificultam a chegada de ambulâncias aos feridos”. A entidade disse estar “profundamente preocupada” com a capacidade dos seus médicos de continuarem a prestar cuidados nestas condições, além da segurança do seu pessoal.

Israel promete continuar ataques

O canal de televisão público Israel Kan disse que “estes são os maiores ataques contra a Faixa de Gaza” desde o começo do conflito. O exército israelense confirmou que intensificou “muito significativamente” os seus ataques e anunciou que estava “expandindo” as suas operações terrestres no local.

“Continuaremos a atacar a Cidade de Gaza e seus arredores”, disse o porta-voz do exército, Daniel Hagari, em um pronunciamento na televisão.

Em resposta aos ataques israelenses, o ramo militar do Hamas disparou mensagens no Telegram informando sobre uma “salva de foguetes contra as terras ocupadas [Israel] em resposta aos massacres contra civis” no território palestino de Gaza.

Segundo a imprensa israelense, foguetes foram disparados contra Tel Aviv, o centro de Israel e o norte da Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel.

Um jornalista da AFP ouviu fortes explosões na área de Ramallah, na Cisjordânia. Sirenes de alerta de foguetes também soaram nas cidades de Ashkelon e Sderot, no sul de Israel, perto da Faixa de Gaza.

ONU alerta para “avalanche de sofrimento humano”

A ONU, que pede por uma trégua no conflito, teme uma “avalanche de sofrimento sem precedentes” em Gaza, território sitiado que já se encontra privado de tudo e onde vivem cerca de 2,4 milhões de habitantes.

“Sem mudanças fundamentais, a população de Gaza sofrerá uma avalanche de sofrimento humano sem precedentes”, alertou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, horas antes de Israel intensificar a sua ofensiva.

“Muito mais” pessoas “morrerão em breve” devido ao cerco imposto por Israel a Gaza desde 9 de outubro, disse na sexta-feira, em Jerusalém, o chefe da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini. “Os serviços básicos estão em colapso, os fornecimentos de medicamentos, alimentos e água estão acabando, os esgotos estão começando a transbordar para as ruas de Gaza”, descreveu.

Criança é atendida no hospital de Deir al Balah no sul da Faixa de Gaza, na sexta-feira, 27 de outubro de 2023.
Criança é atendida no hospital de Deir al Balah no sul da Faixa de Gaza, na sexta-feira, 27 de outubro de 2023. AP – Hatem Moussa

A ONU, também preocupada com possíveis “crimes de guerra”, pede uma trégua nos combates, a única opção para que seja possível entregar a ajuda humanitária para as necessidades dos habitantes de Gaza, dizem as Nações Unidas.

Nesta sexta, uma equipe médica da Cruz Vermelha entrou na Faixa de Gaza pela primeira vez desde o início da guerra. Acompanhando um comboio humanitário de vários caminhões de ajuda, esta equipe inclui vários médicos especializados em feridos de guerra, segundo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

As equipes estão munidas para “tratar de 1 mil a 5 mil pessoas, dependendo da gravidade dos ferimentos”. Isto é “um pequeno alívio, mas não é suficiente”, alertou o diretor regional do CICV, Fabrizio Carboni. Isso “ajudará a aliviar a extrema pressão exercida” sobre o pessoal médico de Gaza. Mas “o acesso seguro e durável à ajuda humanitária é urgente”, disse ele.

Resolução sobre uma trégua

A Assembleia Geral das Nações Unidas deve decidir ainda nesta sexta-feira sobre uma resolução não vinculativa apelando pela trégua, no 21º dia de guerra.

A comunidade internacional teme um conflito regional, enquanto o Irã, um poderoso aliado do Hamas, emitiu vários avisos aos Estados Unidos, fiel a Israel.

Os americanos realizaram ataques na quinta-feira contra duas instalações utilizadas pela Guarda Revolucionária do Irã e “grupos afiliados” no leste da Síria.

A tensão também é elevada na Cisjordânia, um território palestino ocupado por Israel desde 1967, onde mais de uma centena de habitantes foram mortos em violências desde 7 de outubro, e na fronteira norte de Israel com o Líbano, onde ocorrem tiroteios diários entre o exército israelense e o Hezbollah, apoiado pelo Irã e aliado do Hamas.

Com informações da AFP

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