Iniciativa da Opep de aumentar produção de petróleo não deve mudar preço de combustíveis

A iniciativa da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e de seus parceiros (Opep+) de acelerar o aumento de seu volume total de produção para julho é um gesto simbólico que não deve afetar o preços dos combustíveis para o consumidor, de acordo com especialistas. Ainda que o número de barris suplementares colocados no mercado não seja alto (200.000), a iniciativa indica que os países da Opep decidiram sair de sua atitude prudente, sem prejudicar a Rússia.

Texto por: RFI

Desde o começo da guerra, em fevereiro, a Opep+ não tinha, até então, tomado decisões contra os interesses do Kremlin. O petróleo adicional colocado no mercado não muda este cenário, já que não será suficiente para substituir o 1milhão de barris russos que não serão produzidos diariamente, permitindo à Opep continuar em uma certa neutralidade e unidade.

Contrariamente a insinuações, a Rússia finalmente não foi colocada de lado no acordo relativo às cotas de produção. Mas o gesto da organização permite dar resposta, ao menos simbolicamente, às demandas ocidentais para a liberação de mais petróleo.

Escassez 

De acordo com especialistas, a decisão é uma resposta direta ao presidente da Agência Internacional de Energia (AIE), Fatih Birol, que disse, na semana passada, que teme uma escassez de combustível, especialmente de diesel, na Europa, neste verão. E também uma resposta indireta, após o acordo europeu sobre um embargo ao petróleo russo, anunciado na segunda-feira (30).

Abrindo as torneiras, a Opep+ mostra que não ignora as preocupações do ocidente, seu primeiro cliente, e consegue, ao mesmo tempo, não matar a galinha dos ovos de ouro. Com cotações que se mantêm acima de US$ 110 o barril, os cofres dos estados produtores continuam cheios, já que os 200.000 barris suplementares por dia não vão fazer o preço do petróleo cair. Principalmente porque a demanda da China deve voltar ao nível normal.

Os preços do petróleo inclusive se recuperaram na quinta-feira, apesar da decisão da Opep e de seus parceiros.

Finalmente, de acordo com especialistas, a iniciativa também não significa uma queda importante dos preços do petróleo refinado, ou seja, não dever ter reflexo no preço da gasolina pago pelo consumidor.

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