Infecção em mutirão de catarata foi causada por falha de higienização e esterilização no ambiente cirúrgico, diz Ministério Público

 

Infecção em mutirão de catarata foi causada por falha de higienização e esterilização no ambiente cirúrgico, diz Ministério Público

Operações aconteceram nos dias 27 e 28 de setembro em Parelhas, a 245 km de Natal. Dos 20 cirurgiados no primeiro dia, 15 foram infectados e nove perderam o globo ocular.

Por Igor Jácome, g1 RN

 

18/10/2024 15h28 Atualizado 18/10/2024

 

Sobe para 9 o número de pacientes que perderam o globo ocular em mutirão de cirurgias de catarata, diz Prefeitura de Parelhas (RN) — Foto: Reprodução/TV Globo

Sobe para 9 o número de pacientes que perderam o globo ocular em mutirão de cirurgias de catarata, diz Prefeitura de Parelhas (RN) — Foto: Reprodução/TV Globo

 

 

Uma falha na limpeza e esterilização no ambiente onde foi realizado o mutirão de cirurgias de catarata que resultou na infecção de 15 pacientes em Parelhas, a 245 km de Natal, é dada como certa pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte, que abriu um inquérito sobre o caso.

 

A declaração foi feita nesta sexta-feira (18) pela promotora de justiça substituta no município, Ana Jovina de Oliveira Ferreira. De acordo com ela, no entanto, ainda não é possível dizer se a falha foi na esterilização de um equipamento específico, ou, por exemplo, na paramentação de um dos profissionais envolvidos.

 

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“O que já se desenha nessa coleta inicial é que de fato houve uma falha na higienização e esterilização do ambiente cirúrgico. Não se pode ainda afirmar com a máxima precisão qual instrumento, ou se foi falha de origem humana no trato da paramentação, ou se nos instrumentos, mas obviamente sagra-se como evidência que houve, sim, falha na esterilização do ambiente cirúrgico”, afirmou.

A promotora Rosane Moreno, do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça (Caop) do Ministério Público para a área da Saúde, afirmou que “houve algumas falhas” e que o órgão recebeu nesta quinta-feira (17) parte da documentação, como os termos da inspeção da Vigilância Sanitária.

“A gente precisa fazer essa análise técnica para entender qual foi a falha que ocorreu, para tentar direcionar os próximos encaminhamentos. No ambiente hospitalar, a gente sabe que, além do ambiente, tem todo um instrumental que é utilizado nessas cirurgias, existe todo o protocolo que tem que ser cumprido, a esterilização de todo esse instrumental antes das cirurgias, saber como é que foi feita essa esterilização, como foi feita no decorrer, porque foram várias cirurgias, qual é o protocolo utillizado neste momento e qual falha ocorreu. Porque alguma falha ocorreu, se não a gente não teria esse resultado trágico” pontuou.

 

As cirurgias aconteceram nos dias 27 e 28 de setembro na Maternidade Dr. Graciliano Lordão, em Parelhas. Porém as infecções ocorreram apenas com pacientes do primeiro dia. Dos 20 pacientes operados na sexta-feira (27), 15 tiveram uma endoftalmite – infecção ocular causada pela bactéria Enterobacter cloacae. 9 deles perderam o globo ocular.

 

De acordo com a promotora, mesmo que a investigação ainda esteja em andamento, é possível dizer que o município tem responsabilidade civil objetiva e por isso deverá idenizar os pacientes.

 

“A gente está falando de um dano irreparável. No âmbito da responsabilidade civil do estado, a nossa constituição e ordenamento jurídico nos dá uma grande segurança para buscar uma indenização proporcional ao tão grave dano experimentado por essas vítimas”, afirmou.

O Ministério Público confirmou que o órgão ainda investiga o mutirão sobre outro aspecto: os promotores buscam saber se houve crime eleitoral, já que as cirurgias foram realizadas 10 dias antes das eleições municipais.

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