HISTÓRIA: “OSCAR NIEMEYER, O ATEU QUE CONSTRUIU IGREJAS”

Localizada em Midtown Manhattan, Nova York, o complexo de prédios da ONU é um ponto turístico bastante interessante tanto por sua relevância internacional como pelo fato de ter sido projetado pelo arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer.

Ney Lopes

Há 116 anos, no dia 15 de dezembro, nascia no Rio de Janeiro Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho, que viria a ser conhecido mundialmente como Oscar Niemeyer. Nesta data no Brasil são homenageados os profissionais da arquitetura. Niemeyer é considerado um ícone da arquitetura moderna, e deixou mais de 600 obras espalhadas no mundo.

No Hospital Samaritano, RJ, onde morreu perto de completar 104 anos.

O seu médico, Fernando Gjorup, contou que ele trabalhou no leito, só parou quando perdeu a consciência e nunca falou em morte, sempre falou da vida.

Tornou-se o maior embaixador da arquitetura brasileira, além do contributo que deu à evolução da arquitetura moderna. Niemeyer sempre se declarou ateu e comunista, mas projetou, em toda sua carreira, 22 templos (mesquitas, igrejas, sinagogas e até um templo evangélico).

O presidente Juscelino Kubitschek idealizou a construção de Brasília para que fosse a síntese perfeita do seu plano de modernização do Brasil. A cidade nasceu com os projetos urbanístico de Lúcio Costa e o arquitetônico de Oscar Niemeyer, sob formas inovadoras, diferente de tudo já feito até então.

Após a Revolução de 1964, a relação do arquiteto com o poder oscilava entre um contato diplomático para a execução de obras de monumentos e prédios públicos até o conflito declarado, com artigos revoltados de Oscar Niemeyer contra posicionamentos do governo militar. A acusação de plágio das ideias do arquiteto francês Le Corbusier, difundida por militares, foi um dos episódios que mais o indispuseram com a ditadura. A unanimidade de arquitetos e técnicos reconhecia que entre Niemeyer e Corbusier existia uma relação de mestre e aluno. O francês era uma inspiração. Mas é claro que não houve plágio. Reconhecidamente, Niemeyer era dono de um talento enorme, inventivo, tinha uma cabeça privilegiada.

A invasão da Universidade de Brasília pelos militares e a perseguição contra professores e estudantes atingiram o próprio Oscar, que foi docente da instituição e já tinha comparecido à polícia política várias vezes. A universidade foi invadida, professores demitidos. O inquérito militar acusava Niemeyer de ser “um dos influenciadores dentro da UnB”. Foram considerados subversivos membros da Associação dos Arquitetos de Brasília e integrantes da FAU (Faculdade de Arquitetura). Responderam inquérito e IPM como subversivos, dentre outros, Valério Konder, Jorge Amado, Nelson Werneck Sodré, Caio Prado Jr., Alberto Passos Guimarães, Leandro Konder, Álvaro Lins, Sérgio Buarque de Holanda, Vinicius de Moraes, Otto Lara Rezende, Josué de Castro, Eduardo Portela. Orígenes Lessa.

Em sua autobiografia, revelou suas grandes paixões: a filosofia, sua grande família, seus amigos, a terra sensual e o céu azul do Brasil, as mulheres, o comunismo, a arte e a literatura. Ao voltar ao país, depois do movimento de 64, ele foi duramente interrogado por um general, que quis saber como ele podia ser tão rico. Respondeu, que era homossexual. Acabou o interrogatório.

Ao comemorar 100 anos de vida, Niemeyer declarou: “Cem anos é uma bobagem, depois dos 70 a gente já começa a se despedir dos amigos”.

 

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