
Hamas liberta quatro reféns israelenses em troca de cerca de 200 palestinos detidos por Israel
Quatro jovens israelenses que cumpriam o serviço militar na fronteira com a Faixa de Gaza quando foram sequestradas, em 7 de outubro de 2023, foram libertadas neste sábado (25), após mais de 15 meses, como parte do acordo de trégua entre o Hamas e Israel.
Liri Albag, Karina Ariev, Daniella Gilboa e Naama Levy reencontraram suas famílias em Israel, informou o Exército, acompanhadas de uma multidão que comemorou a libertação em uma praça de Tel Aviv conhecida como a Praça dos Reféns. Os israelenses as chamam de “tazpitanuyot”, ou seja, observadoras ou sentinelas.
As jovens, com idades entre 19 e 20 anos, em uniforme cáqui, foram inicialmente expostas por alguns momentos em um palco montado especialmente pelo Hamas diante de dezenas de combatentes do Hamas e do Jihad Islâmico, além de centenas de habitantes da cidade de Gaza.
Elas foram em seguida entregues às equipes do CICR, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha. Pouco depois, o exército israelense afirmou ter as soldadas sob sua custódia.
As jovens foram sequestradas juntas da base de Nahal Oz, perto do kibutz de mesmo nome. A ação foi gravada pelos agressores.
Outras três soldadas foram sequestradas com elas: Agam Berger, que permanece na Faixa de Gaza; Noa Marciano, cujo corpo foi repatriado; e Ori Megidish, libertada pelo Exército em outubro de 2023.
Após essa troca, restam 26 reféns israelenses a serem libertados na primeira fase do acordo. Neste sábado pela manhã, o exército israelense declarou-se muito preocupado com o “destino” das duas últimas crianças detidas em Gaza.
Quem são as militares libertadas
Liri Albag tinha 18 anos quando foi sequestrada. Conforme relatado pelo The Jerusalem Post em julho, ela conseguiu passar mensagens para familiares por meio de reféns libertados, nas quais pediu à sua irmã Shai que não cancelasse a viagem tradicional após o serviço militar, uma tradição israelense, e que não mexesse em seus sapatos preferidos.
Segundo depoimentos de ex-reféns, Liri foi obrigada a cozinhar, limpar e cuidar dos filhos de seus sequestradores. Ela apareceu neste mês em um vídeo de mais de 3 minutos, divulgado pelo Hamas. Os pais de Liri, Shira y Eli Albag, são muito ativos na mobilização para pedir a libertação dos reféns.
Pouco antes do seu sequestro, Karina Ariev, então com 19 anos, estava ao telefone com seus pais, enquanto choviam foguetes e os militantes atacavam a base. O contato foi encerrado às 7h40. “Ela nos pediu que seguíssemos com nossas vidas” caso ela morresse, contou sua irmã Sasha à revista Time.
O vídeo do sequestro mostra que a jovem ficou ferida na ação de 7 de outubro. Em janeiro de 2024, ela apareceu em um vídeo publicado pelo Hamas na rede social Telegram, ao lado de Daniella Gilboa. Segundo o Fórum de Famílias de Reféns, Karina “sonha em ser psicóloga”.
Na manhã de 7 de outubro de 2023, Daniella Gilboa, então com 19 anos, estava em contato com pessoas próximas e enviava vídeos para o namorado. Graças à roupa que vestia na ocasião, ela pôde ser identificada posteriormente em vídeos do Hamas. Natural de Petah Tikva, perto de Tel Aviv, a jovem é “apaixonada por música e estuda piano e canto” e caminhava para uma carreira musical, segundo o Fórum das Famílias.
No vídeo do seu sequestro, Naama Levy, então com 19 anos, é escoltada até um veículo vestindo calças que parecem estar manchadas de sangue. Neta de sobreviventes de campos de concentração, a soldada aparece em outras imagens com o rosto inchado.
Segundo um site criado por parentes de Naama – segunda de quatro filhos e praticante de triatlo -, ela cresceu na Índia, onde estudou em uma escola americana. Quando criança, participou do programa Hands of Peace, que promove o diálogo entre jovens israelenses e palestinos.
Aguardando a liberação dos prisioneiros palestinos
Como estipulado no acordo, Israel deve liberar 50 prisioneiros palestinos para cada soldada israelense libertada. Nesse ritmo, as autoridades israelenses devem liberar 200 palestinos neste sábado, detidos em suas prisões, conforme o acordo de cessar-fogo que começou a ser implementado em 19 de janeiro.
Essa lista de prisioneiros, alguns dos quais serão enviados de volta para Gaza e outros para a Cisjordânia ocupada, inclui 120 condenados à prisão perpétua, entre os quais 70 deverão ser exilados fora dos territórios palestinos, como afirmou uma das fontes sob anonimato, dada a sensibilidade do tema.
Uma primeira troca ocorreu na semana passada. Nos termos dessa primeira fase do cessar-fogo, 33 reféns israelenses serão libertados em troca de 1900 palestinos.
O outro aspecto desse acordo envolve a retirada das forças israelenses do centro da Faixa de Gaza. Em teoria, a partir deste sábado, os habitantes de Gaza poderão se deslocar livremente pela região entre o sul e o norte. No entanto, eles estão proibidos de se aproximar da fronteira com Israel e com o Egito.