Grande Hotel – Patrimônio Natalense – Wilson Bezerra de Moura

Folheando as páginas já amareladas pelo tempo da história, me deparei com um histórico detalhando fatos, na edição do Jornal Tribuna do Norte de 1988, escrito pelo repórter Paulo Augusto, ocasião em que ele enfocava um patrimônio histórico de Natal e de todo Rio Grande do Norte, referindo-se ele ao antigo e salutar Grande Hotel.

Esse momento foi muito importante para mim, porque voltei meu pensamento a anos passados,  pela década de 60, quando comecei a conhecer a terra natalense, nas minhas caminhadas pela repartição que acabara de ser admitido, no Sistema Ferroviário Nordeste, Estrada de Ferro Mossoró-Souza.

Passei a ser informado e o espírito de curiosidade pela história sempre me perseguiu, que aquele imponente hotel era o ponto de atração de artistas, cantores que visitavam Natal, em décadas passadas, como Nelson Gonçalves, Orlando Silva, Vicente Celestino, Carlos Galhardo, muitos outros, assim como personalidade militares como almirante Ary Parreira, general Cordeiro de Farias, à época construtor da Base Naval de Natal, os viajantes de grandes firmas e os principais instrumentos de riquezas para o Estado, os turistas que aqui vinham conhecer a beleza da sempre bela cidade do Natal.

No Rio Grande do Norte existia uma grande liderança politica, o major Teodorico Bezerra, que transformou aquela área hospedeira numa escola de politica, instalando o seu comitê onde os assuntos relevantes da política potiguar eram tratados.

Ali no Grande Hotel o deputado Teodorico Bezerra dava volta e meia na Câmara dos Deputados, mas o resto do tempo era no seu birô de atendimento político, onde recebia todos os políticos do Rio Grande do Norte e do Brasil que o procuravam para serem traçados os destinos de seu Estado, do Município e até do País.

No auge das correntes partidárias, MDB, Arena, PSD, os mais velhos da geração política nacional, os partidários dessas agremiações, Dioclécio Duarte, ex-deputado, senador João Câmara, liderança do Vale do Assú, José Varela, Sílvio Pedrosa, Walfredo Gurgel, Aluízio Alves, Dinarte de Medeiros Mariz, mesmo de corrente adversas se faziam presentes ao Grande Hotel do major Teodorico para ali receberem coordenadas adequadas à sobrevivência de sua facção.

Afinal de contas a arquitetura levantada em favor da velha obra dominante de uma época, levantada e inaugurada em 13 de maio de 1939, o Grande Hotel veio se juntar a outra grande e beleza da cidade de Natal, inaugurada em 1925, o velho casarão do Hotel Reis Magos, da Praia dos Artistas, que imperou por muitos anos em terras potiguar, mas que teve o mesmo destino trágico de abandono do poder público em não conservar a história da terra potiguar, terminou na mesma linhagem da destruição de patrimônio histórico e perpetuação da história da terra.

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