Geraldo Melo, benfeitor da UFRN

Daladier Pessoa Cunha Lima
Reitor do UNI-RN
Em dezembro de 2022, recebi a visita do pai de uma aluna do UNI-RN, na minha sala, na reitoria da Instituição.  De nome Wellington, ele exerce a profissão de assistente social, e, em 1985, era aluno da UFRN, no curso em que se graduou.  Disse-me que, à época, os ônibus de linha evitavam trafegar pelo campus da Universidade, devido às precárias condições do calçamento do anel viário.  Com isso, os alunos seguiam a pé ou pediam carona até a Av. Salgado Filho, a fim de pegarem os ônibus de volta para suas casas.  Cansavam de tanto pedir carona, quase sempre negadas.
 Mas um desses poucos gestos solidários ficou gravado em sua mente e, por isso, ele estava ali para me relembrar e para me agradecer, 37 anos depois.  Disse-me que reconheceu o condutor do veículo, que era o Vice-Reitor da UFRN, dirigindo seu carro particular.  No percurso, o Vice-Reitor revelou que dava atenção a essas demandas, pois, algum tempo atrás, havia passado por situação similar.  Wellington ainda disse que, nos dias atuais, quando alguém lhe pede uma carona, logo lhe vem à lembrança aquele dia na UFRN, e, assim, é instado a atender.
De fato, exerci a função de Vice-Reitor da UFRN de 1983 a 1987, ano em que assumi o cargo de Reitor. Sou sabedor dos esforços das gestões passadas para sanarem a situação precária do tráfego no calçamento do anel viário, problema que vinha desde a inauguração do campus, devido ao tipo de terreno arenoso do local.  Encontrar uma solução rápida para esse grave problema tornou-se prioridade da nova gestão.  Um projeto com esse intuito, dotado de detalhes técnicos modernos, foi montado. Bati em várias portas, pedi socorro onde podia.  O primeiro lugar que procurei foi o MEC. Marquei audiência com o Ministro Jorge Bornhausen e com ele estive, acompanhado do Senador José Agripino Maia.  O Ministro nos ouviu atentamente, porém, poucos dias depois, chegou a informação da falta de recursos para atender.  A Prefeitura de Natal também revelou a falta de recursos.  Com o apoio do bom amigo Otomar Lopes Cardoso, fui até à Presidência da Petrobrás, solicitar o asfalto para a obra.  Apesar de simpatia ao pedido, a resposta foi negativa.  Já decepcionado, fui ao Gabinete do Governador Geraldo Melo que, sem hesitar, acolheu “in totum” o projeto e a solicitação da UFRN.  Conforme prometeu, depois de falar por telefone com o setor de engenharia, em 2/3 meses as obras começaram e foram concluídas em torno de 4 meses.
Voltei ao Palácio para agradecer ao Governador Geraldo Melo e convidá-lo para uma homenagem que lhe seria prestada no auditório da Reitoria.  O brilhante homem público agradeceu, declinou da homenagem e explicou:  “O que o meu Governo fez a favor da UFRN é muito pouco, comparado com o enorme serviço educacional que a Universidade presta aos jovens do RN”.  Mesmo assim, em data marcada, ele percorreu com o reitor, pró-reitores, assessores, professores e alunos o anel viário, agora dotado de perfeita benfeitoria.  E os ônibus voltaram a circular, para alegria de todos os usuários, principalmente dos alunos.  Enfim, os gestores da UFRN, à época, sentiram-se tranquilos pelo dever cumprido, pois estava sanado o maior óbice para o funcionamento normal da Universidade.

Publicado na Tribuna do Norte, em 02.03.23

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