Geraldo Maia do Nascimento – Apontamentos para a história de Tibau

A primeira referência que temos sobre a praia de Tibau é de um documento de posse de terra onde está escrito que: “a 5 de julho de 1708, o Capitão mor do Rio Grande do Norte, Sebastião Nunes Colares, concedeu uma sesmaria de três por uma légua, a começar do Morro do Tibau, a Gonçalo da Costa Faleiro.”  Sesmarias eram terras despovoadas que os reis de Portugal ou os governantes das capitanias  concediam às pessoas que delas se interessassem. Os interessados alegavam sempre que tinham descoberto aquelas terras com risco de sua própria vida, sendo as mesmas devolutas e que ali pretendiam acomodar os seus gados. Já sobre a figura de Gonçalo da Costa Falero, o primeiro proprietário de terra de Tibau, conhecemos apenas um relato de Câmara Cascudo, que diz: “Em junho de 1689, o Senado da Câmara de Natal credenciou Gonçalo da Costa Falero para ir a Lisboa fazer a El-Rei um relato de viva voz da situação difícil da capitania devorada pela “Guerra dos Bárbaros” – (1687-1700)”.  Nada mais encontramos nos relatos históricos sobre o referido senhor.

O topônimo Tibau vem de ty-pau, que significa baixa-mar (Dicionário da Língua Tupi). Para Teodoro Sampaio a palavra significa “entre águas, entre rios” (O Tupi na Geografia Nacional, Bahia, 1928, p. 324). Em uma Acta Diurna, de maio de 1942, sobre “Praias do Rio Grande do Norte” o Mestre Cascudo sugere que Tibau viria do TI-PAUM, “entre duas águas, entre dois rios”. Seria a localização do Tibau entre os Rios Mossoró e Jaguaribe.

Henry Koster conheceu Tibau em dezembro de 1810. Deixou registro sobre o fato: “A volta do meio-dia passamos perto de uma choupana onde residia o vaqueiro de uma fazenda e imediatamente depois deparamos o morro de areia, chamado Tibau, junto ao qual se vê o mar.”

Através de relatos ficamos sabendo que já em 1908 mantinham casas em Tibau os seguintes cidadãos: Major Migas, que tinha uma pequena bodega para fornecimento de gêneros de primeira necessidade; Dr. Almeida Castro, que era médico em Mossoró; o Major Zeta Cavalcanti e o farmacêutico Jerônimo Rosado.

Por volta de 1918 e 1919 foram construídas várias casas na chapada do morro dentre as quais achava-se a de Antônio Florêncio de Almeida e o afamado chalé de Delfino Freire, todo construído em madeira, pregada a pregos de cobre, plantada em cima da pedra do chapéu, na divisa natural  do Rio Grande do Norte com o Ceará. “Seu” Delfino era grande comerciante em Mossoró.

Em 1926/1927 foi construída a Capela de Santa Terezinha, onde foi celebrada a primeira missa pelo Padre Manoel Barreto.

A estrada de rodagem Mossoró-Tibau foi construída em 1932 pela Associação Comercial de Mossoró, que tinha como superintendente o Sr. Alfredo Fernandes. Os recursos havia sido adquiridos pela Associação nas diversas praças do país, como auxílio aos flagelados da seca, conforme noticia o jornal “Correio do Povo” em sua edição de 29/05/1932. “As antigas viagens para Tibau eram feitas por dois caminhos e algumas variantes: um pela Gangorra-Canto dos Bois-Tibau e o outro pelo caminho que ia para a Barra ganhando-se a praia 18 Km, que distavam até Tibau, os quais somados aos 36 Km da Barra até Mossoró totalizavam 54 Km.” Dix-sept Rosado Maia, quando Governador, mandou piçarrar a estrada em toda a sua extensão. O Governador Dinarte Mariz, atendendo reivindicação do seu Secretário de Educação Dr. Tarcísio Maia, construiu a atual estrada que liga Mossoró a Tibau.

A primeira linha de transporte coletivo para Tibau surgiu por volta de 1942 com uma “sopa” de propriedade do Sr. Cícero Gadê.

Em 01 de maio de 1949 dava-se a inauguração da linha telefônica para a vila do Tibau, em solenidade  que teve a participação dos Prefeitos de Mossoró e Areia Branca, respectivamente Jerônimo Dix-sept Rosado e José Justiniano Sólon.

Esses são, pois, fragmentos da história de Tibau. São anotações avulsas que carecem de mais aprofundamento, mas que testemunham o amanhecer daquele belo lugar.

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