Francisco na COP28: ouçamos os gemidos da terra e o grito dos pobres

No terceiro dia da cúpula dos chefes de Estado sobre mudanças climáticas, o cardeal secretário de Estado Pietro Parolin subiu à tribuna da COP28 para transmitir a mensagem do Santo Padre. Uma mensagem forte, combinando a proteção da Criação com a ciência, para incentivar decisões em favor do desenvolvimento da energia renovável, apoiando a educação para estilos de vida sustentáveis e a eliminação de combustíveis fósseis

Manuel Tavares/Raimundo de Lima – Vatican News

O cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin, encontra-se em Dubai, Emirados Árabes Unidos, para participar da 28ª edição da Conferência dos Estados-Partes (COP28), sobre as “Mudanças Climáticas”, promovida pela ONU, em andamento de 30 de novembro a 12 de dezembro.

Devido ao seu estado de saúde, o Santo Padre não pôde participar do evento, mas delegou o Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin, para ler o seu discurso, onde explica, inicialmente, o motivo da sua ausência, mas confirma a sua presença espiritual no evento:

Infelizmente não posso acompanhar-lhes, como gostaria, mas estou com vocês, devido à urgência da hora em que vivemos, como também porque, agora mais do que nunca, o futuro de todos depende do presente que escolhermos”.

“Estou com vocês, continua Francisco, porque a devastação da criação é uma ofensa a Deus, um pecado não só pessoal, mas também estrutural, que recai sobre os seres humanos, sobretudo os mais frágeis; trata-se de um grave perigo, porque, sobre cada um de nós, incumbe o risco de desencadear um conflito entre as gerações. As mudanças climáticas são “um problema social global, intimamente ligado à dignidade da vida humana”.

“Estamos trabalhando por uma cultura de vida ou de morte?”

Por isso, o Papa pergunta: “Estamos trabalhando por uma cultura de vida ou de morte?” A esta pergunta responde com um apelo:

“Peço-lhes, com veemência, para escolher a vida, escolher o futuro! Ouçamos os gemidos da terra e o grito dos pobres; prestemos atenção às esperanças dos jovens e aos sonhos das crianças! Todos nós temos uma grande responsabilidade: garantir que não lhes seja negado o próprio futuro.”

As mudanças climáticas, em curso, afirma Francisco, derivam do sobreaquecimento da terra, causado principalmente pelo aumento na atmosfera dos gases de efeito estufa, mas também pelas atividades humanas, que, nas últimas décadas, se tornaram insustentáveis para o ecossistema.

A ambição de produzir e possuir, explica o Papa, transformou-se em obsessão e ganância, sem limites, fazendo do ambiente objeto de uma exploração desenfreada. O clima enlouquecido emite um alerta para acabarmos com o delírio de omnipotência. Com humildade e coragem.

 

Deixe um comentário