Francinaldo Rafael – Ressurreição e reencarnação

Narra o evangelista Mateus (cap 17.v.10 a 13) que após a transfiguração de Jesus diante dos apóstolos Pedro, Tiago e João, esses O interrogaram: “- Por que dizem os escribas que é necessário que Elias venha primeiro? Respondeu Ele: Na verdade Elias havia de vir e restaurar todas as coisas; digo-vos, porém, que Elias já veio, e não o reconheceram; mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Então entenderam os discípulos que lhes falava a respeito de João, o Batista”.

O Evangelho Segundo o Espiritismo nos relata que a reencarnação fazia parte dos dogmas dos judeus, sob o nome de ressurreição. Só os saduceus, cuja crença era a de que tudo acaba com a morte, não acreditavam nisso. As ideias dos judeus sobre esse ponto, como sobre muitos outros, não eram claramente definidas, porque apenas tinham vagas e incompletas noções acerca da alma e da sua ligação com o corpo. Criam eles que um homem que vivera podia reviver, sem saberem precisamente de que maneira o fato poderia dar-se. Designavam ressurreição o que o Espiritismo, mais prudentemente, chama reencarnação. A ressurreição dá  a ideia de que é possível um corpo  já morto voltar a viver. Tal fato não é possível do ponto de vista científico,  sobretudo quando os elementos desse corpo já se acham desde muito tempo dispersos e absorvidos em outras composições. A reencarnação é a volta do Espírito em outro corpo especialmente formado para ele.

A palavra ressurreição, portanto, não poderia ser aplicada para Elias nem aos outros profetas. Segundo a crença deles, João Batista era Elias, o corpo de João não podia ser o de Elias, pois  João fora visto criança e seus pais eram conhecidos. João, podia ser Elias reencarnado, porém, não ressuscitado. A ideia de que João Batista era Elias e de que os profetas podiam reviver na Terra é encontrada em muitas passagens dos Evangelhos. Se fosse errônea essa crença, Jesus a haveria combatido, como combateu tantas outras. Longe disso, Ele a sanciona com toda a Sua autoridade, colocando-a como princípio e condição necessária, quando disse: “Ninguém pode ver o reino dos céus se não nascer de novo,”  e insiste: “Não te admires de eu te haver dito: Necessário vos é nascer de novo.”