Flavia Gamonar: Análise de autoestima

Quando você está em baixa, tende a aceitar qualquer coisa e concordar com qualquer regra, mesmo absurda. Aceita dar um desconto impossível, pelo medo de ficar sem trabalho.

Quando sua autoestima está baixa, você acredita que não merece muito além, que não é digno ou até acha que aquilo que vive é de alguma forma bom, quando na verdade, não é.

Mesmo em um cenário oposto, em que a autoestima esteja boa ou o ego seja imenso, existem coisas acontecendo ao nosso redor que não podemos mudar, que não temos controle.

Há muitos anos eu estava em um determinado cargo em uma empresa, feliz. Até que veio uma proposta do diretor para que eu assumisse uma área nova, no risco. Ou seja, eu sabia que não teria volta se desse errado. A promessa envolvia contratar equipe para eu ser a gestora. Eu aceitei, parecia ótimo, mas nos meses seguintes nada aconteceu, nada foi aprovado, não respondiam meus e-mails, não mudaram nada na minha carteira de trabalho. Nesse contexto, nada do que fizesse mudaria o cenário, que provavelmente foi armado para ser assim.

Voltando ao tópico anterior: a autoestima tem um impacto profundo na forma como percebemos nossas escolhas e o que acreditamos merecer da vida.

Quando está baixa, nossa capacidade de valorizar a nós mesmos e nossas necessidades é diminuída. Nesse momento, podemos nos sentir impelidos a aceitar qualquer coisa que nos seja oferecida, por acreditar que não merecemos melhor ou que aquela proposta ali é o máximo que vamos conseguir. Isso pode nos levar a permanecer em situações desfavoráveis ou até prejudiciais, seja em relacionamentos, no ambiente de trabalho, ou em aspectos da vida pessoal, porque nos convencemos de que o mais seguro é não aspirar por mais, por medo de enfrentar a rejeição ou a falha.

Por outro lado, ter uma autoestima inflada ou um ego muito elevado não garante que tudo na vida irá fluir sem problemas. Esse estado pode levar a expectativas irreais sobre si mesmo e sobre o que se espera dos outros, resultando muitas vezes em decepções e conflitos.

Ambos os extremos não mudam a natureza intrínseca de certos eventos da vida. Há circunstâncias que estão além do nosso controle, acontecimentos que já estavam destinados a se desdobrar, independentemente de nossa autoestima ou confiança. Nessas situações, acreditamos erroneamente que nossa postura poderia ter alterado o curso dos eventos, quando, na realidade, estavam fora de nosso alcance.

O verdadeiro desafio é reconhecer que, apesar das adversidades e das incertezas, somos os únicos responsáveis por nossas decisões. No final do dia, é a relação que temos conosco mesmos que define nossa capacidade de enfrentar as tempestades da vida. É fundamental buscar um equilíbrio, reconhecer nosso valor sem cair na armadilha da autodepreciação ou da arrogância. Nesse equilíbrio, encontramos a força para fazer escolhas alinhadas com nosso bem-estar e nossos valores, independente das circunstâncias externas.

Flávia Gamonar: Consultora e mentora / Estratégias de posicionamento e conteúdo para negócios no LinkedIn / Treinadora corporativa / Instrutora oficial LinkedIn Learning / Autora Unique Stories / TEDx Speaker / LinkedIn Top Voice

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