Face a protestos, Fundação Nobel não convida embaixadores da Rússia, Belarus e Irã para cerimônia

Embora tenha considerado, a princípio, convidar embaixadores da Rússia, Belarus e Irã para sua próxima cerimônia de entrega de prêmios, a Fundação Nobel recuou em sua decisão, e os representantes destes três países não estarão entre os presentes no evento em Estocolmo. A comissão informa, em um comunicado publicado neste sábado (2), que, face à indignação causada pelos convites, “repete a medida excepcional do ano passado”.

O anúncio dos convites havia acontecido na quinta-feira (31), quando a fundação afirmou que retornaria à tradição de incluir diplomatas de todos os países representados na Suécia na cerimônia, prevista para o próximo dia 10 de dezembro.

Na última edição do evento, no ano passado, estes três países não foram representados, devido à guerra liderada por Moscou e Minsk na Ucrânia, e também em resposta à violenta repressão de Teerã às manifestações que tomaram seu país.

Mas frente ao forte sentimento de indignação popular motivado pelos convites para a edição de 2023, que a Fundação Nobel reconsiderou a decisão. “Optamos por reiterar a medida excepcional do ano passado, ou seja, não convidar os embaixadores da Rússia, Belarus e Irã para a cerimônia de entrega do Prêmio Nobel em Estocolmo”, explica o comunicado.

“Sentimento de impunidade”

A fundação acrescenta que “é importante divulgar o máximo possível os valores e mensagens que o Prêmio Nobel representa”, mas que as reações “mudaram completamente esta mensagem”.

Antes desta reviravolta, o primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristersson, já havia se oposto à presença dos embaixadores da Rússia, Belarus e Irã no evento em Estocolmo, enquanto a Ucrânia, por meio de seu Ministério de Assuntos Estrangeiros, denunciava “um crescente sentimento de impunidade” do poder russo. Diversos grupos políticos suecos declararam que boicotariam a cerimônia se a Rússia fosse convidada.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, Oleg Nikolenko, saudou a decisão final da Fundação Nobel: “É uma vitória do humanismo. Agradecemos a todos aqueles que exigiram a restauração da justiça”.

“Inimigo do povo”

O comitê do Nobel responsável pelo prêmio da paz criticou as autoridades russas por “tentarem silenciar” o jornalista Dmitry Muratov, depois que Moscou o adicionou à sua lista de “agentes estrangeiros” na sexta-feira (1°).

“Dmitry Muratov recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2021 pelos seus esforços em favor da liberdade de expressão, da liberdade de informação e do jornalismo independente. É lamentável que as autoridades russas estejam agora tentando silenciá-lo. As acusações contra ele têm motivação política”, lamentou Berit Reiss-Andersen, presidente do comitê norueguês do Nobel.

Em sua decisão, o Ministério da Justiça russo alega que Muratov supostamente “utilizou plataformas estrangeiras para divulgar opiniões destinadas a formar uma atitude negativa em relação à política externa e interna da Federação Russa”.

Em seu discurso, quando recebeu o Nobel, o jornalista comparou esta classificação, de “agente estrangeiro”, com a de “inimigo do povo”, que data da era estalinista.

(Com informações da AFP)

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