Expectativa e insegurança sobre futuro levam jovem a problema mental

A repercussão de casos de suicídio e tentativas de autolesão entre jovens, principalmente estudantes, aumentou a percepção entre gestores e especialistas de que é preciso falar mais sobre o tema, ainda muito estigmatizado. Eles afirmam que o número de ocorrências segue uma tendência mundial de crescimento de mortes autoprovocadas na faixa etária mais jovem.

As entidades educacionais não divulgam levantamento específico sobre casos de suicídio entre universitários, mas em vários estados, perdas abruptas recentes têm motivado a adoção de medidas e estratégias para debater o tema e prevenir mortes precoces.

Especialistas ouvidos pela Agência Brasil avaliam que jovens são mais suscetíveis aos sofrimentos emocionais e transtornos mentais, porque nesta fase há muita expectativa e insegurança em relação ao futuro. Além disso, são submetidos a muita pressão sobre decisões importantes que devem ser tomadas cada vez mais cedo, quando ainda não apresentam experiência e habilidades psíquicas para lidar com frustrações e situações de muita responsabilidade.

“Essa fase de transição entre adolescência e a vida adulta acaba sendo conturbada, ainda mais na universidade, que é o lugar em que a pressão fica muito alta. Eu vejo por colegas do meu curso, pessoas que ficam adoecidas mentalmente pela exigência da academia”, explicou o psicólogo Renan Lyra, mestrando da Universidade de Brasília.

Os psicólogos explicam que as ocorrências podem estar relacionadas também a um sofrimento psíquico, que não chega a ser uma doença mental.

Apesar da falta de pesquisas sobre o assunto, outro fator que pode estar levando os jovens a atentarem contra a própria vida são as exigências do mundo para ter sucesso e ser perfeito em tudo e a uma cultura que estimula a competitividade entre as pessoas e não proporciona a aceitação do diferente.

“Esse momento tem exigido muito dos jovens. Eles precisam estar hiperconectados, ser empreendedores, ter sucesso, dar conta de mil coisas ao mesmo tempo. E aí tem uma série de questões, tanto mais voltadas para o sucesso acadêmico, emprego e também as relações familiares e com os outros. As pessoas estão mais intolerantes com o diferente e isso também causa sofrimento”, explicou o psicólogo Paulo Aguiar, membro do Conselho Federal de Psicologia (CFP).

 

Agência Brasil