Europa festeja patrimônio histórico e cultural abrindo portas de prédios históricos

Acontece neste final de semana, 16 e 17 de setembro, as Jornadas Europeias do Patrimônio. O evento abre portas de locais históricos europeus – públicos e privados –para visitação pública.

É a oportunidade para se conhecer o interior de edifícios imponentes e nem sempre abertos ao público. Em Paris é o caso, por exemplo, do Palácio do Eliseu, sede do governo, o Senado, a Ópera, vários ministérios e embaixadas. São mais de 50 mil eventos em toda a Europa – mais da metade na França, e 17 mil só em Paris.

As visitas são guiadas e em muitos locais é preciso fazer reservas com antecedência. O Palácio do Eliseu, por exemplo, faz parte do evento há cinco anos. Mas para evitar as longas filas de espera – que eram de até quatro horas em anos anteriores –, a residência oficial do presidente da República instituiu um sistema de reservas pela internet. Os sete mil lugares se esgotaram logo e outras datas suplementares foram acrescentadas para outubro.

Cultura popular

Depois de anos temáticos sobre a arte (2019), educação (2020), inclusão (2021) e patrimônio sustentável (2022), o destaque este ano são as tradições orais, rituais, artesanato, festas e espetáculos que são passados de geração a geração.

As opções são muitas e para todos os gostos. Há ensaios do musical “Rei Leão” no Teatro Mogador, bastidores do mítico e sensual Crazy Horse e da imponente Ópera Bastilha. Ou visitas a universidades, como a Sorbonne, bibliotecas e embaixadas.

É possível também ver in loco o extraordinário trabalho de artesãos, como os restauradores, iluminadores, jardineiros e encadernadores do Museu do Louvre.

Outro programa que promete atrair muitos visitantes é conhecer o processo de restauração da catedral de Notre Dame, que pegou fogo em 2019. Palestras, discussões e workshops com especialistas estão no menu do final de semana.

Antecipando os Jogos Olímpicos de 2024 em Paris, muitos eventos estão voltados ao esporte. O jardim das Tulherias, por exemplo, vai apresentar um percurso ligado à cultura do físico, das brincadeiras do pequeno Luís 13 à Olimpíada parisiense de 1900, dos esgrimistas de outros tempos aos corredores hoje.

No norte da França, em Roubaix, o destaque vai para o museu de arte e indústria André-Dilligent, conhecido como “a piscina”, justamente por abrigar em seu interior uma suntuosa piscina em estilo art déco, construída entre 1927 e 1932 pelo arquiteto Albert Baert.

Festa com chorinho

A embaixada do Brasil aproveita a data para abrir suas portas, em um local nobre de Paris, à beira do rio Sena. O chamado Hôtel Schneider foi comprado em 1971 pelo governo brasileiro. Depois de um intenso trabalho de renovação, a embaixada se instalou na Cour Albert 1er em 1972.

O prédio original, mais simples do que a estrutura de hoje, foi construído em meados do século 19 para Arthur Louis Gibert, da burguesia local, e sua família. Depois o casarão passou por famílias de banqueiros e industriais. No início do século 20, o arquiteto Paul-Ernest Sanson foi contratado para a reforma que estruturou o prédio e lhe deu as características atuais.

A programação é intensa e promete mergulhar o visitante na cultura brasileira. No sábado, está prevista a projeção de curtas documentários selecionados pela associação Autres Brésils. De tarde, a produtora Tatiana Leite apresenta o longa “Benzinho”, de Gustavo Pizzi, que conta a história de uma família modesta, mas unida por laços ternos.

No domingo, os alunos do Clube do Choro de Paris vão fazer um concerto. Depois, o artista plástico Antonio Sérgio Moreira, atualmente com uma exposição na galeria Ricardo Fernandes, vai falar de seu trabalho, que evoca a diáspora africana na cultura brasileira.

Para fechar o evento, a coreógrafa francesa Fanny Vigals apresenta documentários de pesquisas que faz há 20 anos sobre a dança nos rituais de candomblé.

Manifestação europeia

Criado em 1984 pelo ministério da Cultura da França, inicialmente conhecido como “Jornada de Portas Abertas nos Monumentos Históricos”, o evento teve logo muito sucesso e passou a ser realizado em dois dias. A partir de 1991, entrou para o calendário europeu e passou a ser organizado, desde 1999, conjuntamente com a Comissão Europeia.

Cada país tem sua versão do evento. No Reino Unido, é o Heritage Open Days e vai de 8 a 17 de setembro. Já na Alemanha, foi batizado de Tag des Offenen Denkmals; Kulturminnedagene, na Noruega; e ainda, Muinsuskaitsepäevade, na Estônia.

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