EUA registram mais de 50 mil casos de covid-19 em 24 horas pela primeira vez

Aumento de infecções tem levado estados a adiarem reabertura ou reverterem medidas de flexibilização. Pesquisa mostra que americanos, mesmo os eleitores de Trump, estão cada vez mais preocupados com o vírus.

As hospitalizações estão aumentando em várias cidades, incluindo Phoenix, no Arizona

Os Estados Unidos registraram 52.898 infecções por coronavírus em 24 horas, de acordo com dos disponibilizados na noite de quarta-feira (02/07) pela Universidade Johns Hopkins. É o maior aumento diário no país desde o início da pandemia, e foi a primeira vez que mais de 50 mil infecções foram registradas nos EUA em um dia.

Com isso, o país contabiliza desde o início da pandemia mais de 2,7 milhões de diagnósticos positivos da covid-19. Nas últimas 24 horas, ocorreram mais 706 mortes, elevando o número de óbitos pela covid-19 para mais de 128 mil.

A média de novos casos diários nos EUA está desde a semana passada acima de 40 mil, devido ao aumento identificado em estados como Califórnia, Flórida, Texas e Arizona.

A alta das infecções ocorre após Anthony Fauci,  diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos EUA e principal conselheiro do presidente Donald Trump para o combate à pandemia de covid-19, afirmar ao Senado que é possível que o país venha a registrar até 100 mil casos diários da doença.

Para efeito de comparação, o Brasil, que tem uma população menor do que a dos EUA, registrou 46.712 novos casos nesta quarta. O país sul-americano também já registrou um recorde diário maior que o americano, com 54.771 casos registrados em 19 de junho.

A alta de casos nos EUA tem aumentado a preocupação da população, segundo pesquisa Reuters/Ipsos divulgada na quarta-feira. O levantamento realizado entre 29 e 30 de junho apontou que 81% dos adultos americanos estão “muito” ou “algo” preocupados com a pandemia, a taxa mais elevada desde uma pesquisa semelhante realizada em 11 e 12 de maio.

Os temores sobre a pandemia parecem estar crescendo mais entre membros do Partido Republicano, de Trump, de acordo com a pesquisa.

Cerca de 7 de cada 10 republicanos disseram estar pessoalmente preocupados com a disseminação do vírus, em comparação com 6 de cada 10 republicanos em pesquisas realizadas ao longo das últimas semanas. Cerca de 9 de cada 10 democratas expressaram um receio semelhante, um número igual ao de levantamentos anteriores.

Autoridades de saúde pública acreditam que a decisão de reabrir bares em muitos estados foi um dos principais catalisadores dos aumentos acentuados nesses locais.

As hospitalizações também estão aumentando em várias cidades, incluindo Houston, no Texas, e Phoenix, no Arizona.

Nesta quarta, o Texas quebrou seu recorde diário e registrou 8.076 novos casos d covid-19, quase 1.000 a mais que no dia anterior.

A nova onda de infecções levou vários estados a interromper a flexibilização das medidas de combate à doença.

A Califórnia, por exemplo, proibiu nesta quarta-feira na maior parte do estado refeições em restaurantes que só têm ambientes fechados, além de adiar por três semanas a abertura de bares, cinemas e museus.

O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, também anunciou nesta quarta-feira o adiamento da abertura do interior de bares e restaurantes, já que, em sua opinião, esses locais estão intimamente relacionados à disseminação da covid-19.

“Temos que tomar decisões difíceis com base nos dados. Sabemos que decisões prematuras foram tomadas em outras partes do país e que isso mais tarde se tornou um problema, especialmente com o retorno a locais fechados, como bares e restaurantes. A ciência está nos mostrando isso”, disse De Blasio.

O governador de Michigan também fechou o comércio no norte do estado, enquanto Oregon e Pensilvânia adotaram a obrigatoriedade do uso de máscaras em locais público.

Trump, que ainda não foi visto em público durante a pandemia usando uma máscara, disse nesta quarta-feira que não teria “nenhum problema” em usar uma, enquanto reiterava sua crença de que o contágio simplesmente “desaparecerá”.

Deutsche Welle

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