“Eu vivi um holocausto”, relata ex-refém franco-israelense do Hamas, em 1ª entrevista após libertação

"Todo mundo lá é terrorista", disse Mia Schem, a ex-refém franco-israelense, um dos rostos que marcaram o conflito em Gaza, em sua primeira entrevista desde que foi libertada, em 30 de novembro. A jovem de 21 anos esteve presa em cativeiro do grupo Hamas, classificado como movimento terrorista pela União Europeia, por 55 dias.

Mia Schem diz querer “revelar a verdade” em entrevista concedida ao Canal 13 da televisão israelense, que será transmitida nesta sexta-feira às 19h em Paris (15h de Brasília). A refém franco-israelense de 21 anos contou pela primeira vez detalhes sobre sua detenção. Um pequeno trecho da entrevista foi postado nas redes sociais do canal e reproduzido por outros veículos de comunicação. Nele, Mia Schem afirma ter “vivido um holocausto”.

A jovem ainda está com o braço em uma tipoia, depois de ter sido gravemente ferida na mão quando foi sequestrada em 7 de outubro, enquanto participava do festival de música Tribe of Nova. Perguntada pelo jornalista por que decidiu se manifestar, Mia Schem disse que era “importante” para ela “contar a verdade sobre as pessoas que vivem em Gaza, quem elas realmente são e o que eu vivi lá”, relatou uma reportagem do jornal Le Figaro.

“Todo mundo lá é terrorista”

A jovem de 21 anos afirma que ficou detida com uma família. Segundo ela, todos os membros, inclusive as mulheres e as crianças, “estavam envolvidos com o Hamas“. “Todos ali são terroristas”, insistiu ela.

Mia revelou que estava era vigiada pelo pai da família. “Há um terrorista observando você 24 horas por dia, sete dias por semana”. Ela confessou que tinha “medo de ser estuprada” e que às vezes ficava sem comer por vários dias.

Um vídeo de propaganda do Hamas divulgado em 16 de outubro mostrava o rosto de Mia que dizia: “Estou em Gaza, eles estão cuidando de mim, a operação durou três horas e está tudo bem”, disse ela na ocasião, revelando posteriormente que havia sido operada por um veterinário.

Após seu retorno a Israel, a jovem também se manifestou em sua conta no Instagram. “Eu nunca vou me esquecer disso. A dor e o medo, as visões de horror, os amigos que não voltarão e aqueles que ainda temos que trazer de volta. Mas ainda temos que vencer”, escreveu ela, colocando na legenda de uma foto que mostra sua tatuagem em homenagem aos mortos no ataque ao festival de música de 7 de outubro: “We will dance again”, que significa em inglês “Vamos todos dançar de novo”.

Sentimento de culpa

Nos trechos revelados, Mia Schem também fala sobre seus sentimentos de culpa desde sua libertação, com a pergunta que a persegue: “por que ela e não os outros?”. O grupo Hamas ainda mantém reféns e 129 pessoas ainda estão desaparecidas, incluindo três cidadãos franceses, segundo a France Info.

Na sexta-feira, o exército israelense continuou sua ofensiva e bombardeou o sul da Faixa de Gaza. Uma delegação do Hamas é esperada no CairoEgito, para discutir um plano egípcio de três etapas que envolve tréguas renováveis, libertações escalonadas de reféns e prisioneiros palestinos e, por fim, um cessar-fogo que ponha fim às hostilidades.

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