Estudo mostra que EUA e Europa são responsáveis pela maioria dos danos ecológicos globais

Relatório atribui responsabilidade por danos causados ​​por 160 países do globo. Nessa conta, EUA e UE somam 52%

Que as economias mais desenvolvidas são as principais responsáveis pelos danos ambientais planeta afora, não é exatamente uma novidade. O tema é alvo de discussões acaloradas em convenções e assunto debatido com frequência nas Conferências do Clima da ONU. Mas agora um estudo inovador revelou os números por trás dessa realidade. O novo artigo é o primeiro a analisar e responsabilizar os 160 países por danos ecológicos causados ​​ao longo do último meio século.

Segundo os pesquisadores, EUA e a Europa são responsáveis ​​pela maioria dos danos ecológicos globais. Os norte-americanos são donos da maior fatia do prejuízo, com 27%. A União Europeia vem logo depois, com 25%. Nessa conta está incluído o Reino Unido, que na época das análises ainda não havia deixado o bloco. Portanto, as maiores economias do Ocidente são responsáveis por nada mais, nada menos, do que 52% dos danos ambientais provocados nos últimos 50 anos, de acordo com publicação da Lancet Planetary Health.

Outros países desenvolvidos como Austrália, Canadá, Japão e Arábia Saudita foram coletivamente responsáveis ​​por 22%. A gigante China foi responsabilizada por 15% do uso excessivo de recursos naturais e os países mais pobres do sul global foram em massa responsáveis ​​por apenas 8%, segundo a análise.

O novo estudo afirma que “as nações de alta renda são os principais impulsionadores do colapso ecológico global e precisam reduzir urgentemente o uso de recursos para níveis justos e sustentáveis. Essas nações precisam assumir a liderança em fazer reduções radicais no uso de recursos para evitar mais degradação, o que provavelmente exigirá abordagens transformadoras de pós-crescimento e decrescimento”.

Jason Hickel, do Instituto de Ciência e Tecnologia Ambiental (ICTA-UAB), em Barcelona, disse ao The Guardian que as evidências sugerem que os países ricos como o Reino Unido e os EUA devem “parassem de se concentrar no crescimento do PIB como objetivo principal e organizar suas economias em torno do apoio ao bem-estar humano e à redução da desigualdade”.

A pesquisa usou dados do painel internacional de recursos da ONU e analisou a extração doméstica de recursos naturais e os materiais envolvidos nos fluxos comerciais globais como combustíveis fósseis, madeira, metais, minerais e biomassa.

Para a economista Kate Raworth, escritora do livro “A economia Donut”, graças a análises como esta podemos constatar que uma nova era de responsabilidade global está se abrindo. “Novas métricas como essas trazem uma nova e poderosa clareza ética para injustiças de longa data entre o norte global e o sul global. A inegável responsabilidade das nações mais ricas do mundo por destruir os sistemas de suporte à vida de nosso lar planetário deve agora ser transformada em reparações significativas para os mais afetados”, afirmou.

Por Sabrina Neumann, do Um Só Planeta

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