Estamos aptos a malhar Judas? – Francinaldo Rafael

Ainda persiste nos dias atuais a prática da malhação do Judas, costume trazido pelos portugueses e espanhóis. Através dela, alguns exercitam os sentimentos de violência, vingança, condenação, ainda persistentes no íntimo de muita gente.

Refletindo sobre os ensinamentos e exemplos de Jesus, qualquer pessoa vai perceber que em nenhum momento Ele condenou alguém.

Judas Iscariotes, um dos doze apóstolos do Mestre, era o tesoureiro do grupo, numa demonstração de confiança que tinham nele. Antes, era negociante, habituado a vender mercadorias e receber pagamentos.

Ele tem sido censurado ao longo dos anos em virtude do seu ato de haver traído Jesus. Mas, um detalhe precisa ser lembrado: Jesus sabia antecipadamente do que ocorreria.

É tanto que na ceia da Páscoa, comentou: – “Um de vós me entregará”. Mesmo assim, até o ultimo instante, proporcionou ao discípulo inquieto oportunidade ao bem.

Por trinta moedas, Judas entregou o Amigo aos adversários, mas logo em seguida fez consciência de culpa. Sem estrutura emocional para enfrentar-se e conviver com os demais, tentou fugir de si mesmo através da morte.

A história e o inconsciente coletivo, bem como a imaginação da sociedade, condenam de forma intensa Judas e o seu ato. Até os dias atuais, homens ensinam seus filhos a destruir bonecos com atos de selvageria, na famigerada malhação do Judas.

Dessa forma, acabam tirando a oportunidade para uma melhor análise do feito e da pessoa, que resultariam em importante aprendizado. Acerca dos perigos do julgamento de atitudes alheias, o Espírito Joanna de Ângelis (através da psicografia de Divaldo Franco) nos alerta que os dados disponíveis são sempre deficientes.

E a alta carga emocional de simpatia ou antipatia pessoal, responde pelo que se examina, de forma benigna ou maligna. E recomenda ainda, que nos envolvamos de amor pelos ingratos, os fracos, os caídos, os delinquentes, os perversos, lembrando que na medida em que julgarmos seremos julgados.

Esclarecem os Espíritos Superiores que Jesus antes de aparecer às mulheres que foram ao túmulo vazio, descera às regiões de sofrimento onde Judas se encontrava após a morte do corpo físico. Fora resgatar o amigo, levando confortando e incentivo para libertar-se da culpa e recuperar-se.

Afirmou que nunca o deixaria ou o condenaria. Judas fechou seu ciclo de dolorosas reencarnações na Terra no século XV. Havia reencarnando na França como Joana D’arc, aquela jovem que ouvia as vozes do além e conduziu exércitos à vitórias. Sofreu traições e perseguições que eram impostas aos adeptos de Jesus, e suas provas culminaram quando ela foi queimada viva na fogueira da inquisição.

Não faz sentido a humanidade continuar condenando Judas. Relembrando aquela época, ele narra: “Olho complacentemente aos que me acusam, sem refletir se podem atirar a primeira pedra!”.