Estação de Piscicultura de Itajá: suporte à produção de pescados

Antonio-Alberto Cortez
Professor da UFRN e sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN)

A demanda por alimentos é uma preocupação diária. Nada mais elementar que “matar a fome nossa de cada dia”. A produção agrícola, mesmo com os mais avançados níveis tecnológicos e a pesca extrativa, juntas, não produzem o suficiente para todo mundo. A piscicultura e outros cultivos de organismos aquáticos – camarões, moluscos, algas etc., impulsionam a produção, no entanto têm, ainda, um considerável espaço a preencher. Para tanto, laboratórios e estações de piscicultura devem ser construídos caso queiramos manter crescentes o abastecimento de viveiros, açudes, lagoas e, talvez, mares e oceanos onde estão estabelecidas atividades de pesca e aquicultura.

O Rio Grande do Norte abriga centenas de açudes, várias lagoas onde a pesca constitui o meio de sobrevivência de milhares de famílias. O esforço de pesca sobre os estoques destas coleções é superior às respectivas capacidades de suporte. Isto requer certa periodicidade no processo de repovoamento, o que será possível mediante a produção de alevinos oriundos de estação de piscicultura, no caso do RN.

A produção permanente de uma estação de piscicultura, com riscos mínimos de colapso, requer uma fonte com segurança hídrica, ou seja, com volume mesmo em períodos de estiagem. Para tanto, faz-se necessário novos investimentos em estações que garantam a manutenção dos estoques de peixes nos doze meses do ano. Este ideal poderá ser alcançado através de uma nova estação próxima à Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, no município de Itajá. Além de água em abundância, verifica-se aqui uma excelente localização geográfica, equidistante da maioria dos açudes localizados no semiárido norte-rio-grandense, e beneficiada por malha rodoviária para escoamento da produção.

Levantamento da Federação dos Pescadores do Rio Grande do Norte indicam que a demanda dos que sobrevivem da pesca na citada barragem superam quatro mil profissionais distribuídos entre a Colônias de Pescadores de Itajá, Assu, Jucurutu, Ipanguaçu, Triunfo Potiguar, Paraú e São Rafael. Acrescente-se a este número os que vêm de outras regiões, que, em virtude do esvaziamento de coleções de água, ou da rarefação dos estoques pesqueiros, buscam sobrevivência na piscosa barragem Armando Ribeiro Gonçalves.

É fato que as atuais estações de piscicultura, por maiores que sejam os esforços dos quadros técnicos, ou mesmo do poder público, não atendem plenamente a demanda para manutenção dos cardumes principalmente nos períodos de estiagens. O repovoamento dos açudes é fundamental à manutenção, a estabilidade e a garantia da pesca regular, ininterrupta, portanto fundamental ao desempenho das atividades laborais de milhares de pescadores, à manutenção de suas famílias e ao abastecimento do mercado.

Por fim, necessária se faz atenção redobrada, principalmente da classe política, para o que representa a atividade pesqueira artesanal e a aquicultura no contexto socioeconômico do Rio Grande do Norte. Estes segmentos são da máxima importância enquanto colaboradores, inclusive, da segurança alimentar. Uma nova estação de piscicultura em Itajá significa garantia de sustentabilidade e avanço da produção pesqueira continental do nosso Estado.

Publicado na Tribuna do Norte

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