Em primeira fala após eleição, Bolsonaro ignora Lula e diz que protestos são ‘fruto da indignação’

Quase 48 horas depois de perder as eleições para Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente Jair Bolsonaro se pronunciou pela primeira vez desde a votação, na tarde desta terça-feira (1). Na fala de pouco mais de dois minutos, o líder ignorou a derrota nas urnas e sugeriu que os protestos ilegais de bolsonaristas pelo país, que prejudicam a circulação em centenas de estradas, acontecem de maneira pacífica.

Lúcia Müzell, enviada especial da RFI a São Paulo

Bolsonaro apareceu sorridente no térreo do Palácio da Alvorada, em Brasília, cercado pelos principais aliados e o filho Eduardo. Depois de agradecer aos 58 milhões de brasileiros que votaram nele, o mandatário comentou as manifestações ilegais protagonizadas por caminhoneiros bolsonaristas, com adesão de militantes.

“Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas. Mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, com invasão de propriedades, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir”, afirmou o presidente, no pronunciamento à imprensa.

Na sequência do texto lido por Bolsonaro, ele ressaltou que “a direita surgiu de verdade” no país, como ilustra a eleição de uma maioria de parlamentares conservadores ao Congresso e governadores aliados nas últimas eleições, comprometidos com os “valores Deus, pátria, família e liberdade”.

Ciro Nogueira comandará a transição

O presidente sinalizou que permanecerá na política após a saída do Planalto. “Os nossos sonhos seguem mais vivos do que nunca”, disse. “Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição”, alegou. “Enquanto presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição.”

Em seguida, após Bolsonaro se retirar, o líder da Casa Civil, Ciro Nogueira, tomou a palavra para confirmar que o presidente “o autorizou” a iniciar o processo de transição de governo. “A presidente do PT, segundo ela em nome do presidente Lula, disse que na quinta-feira (3) será formalizado o nome do vice-presidente Geraldo Alckmin”, declarou.

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