Em Busca do Amor Perdido

Domício Arruda* 

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A quarentena tem sido um longo caminho.

Para alguns, muito mais penoso que o sacrifício da caminhada pelas belas paisagens das terras bascas, passando pela Cantrábia, Astúrias em busca da Galícia e sua Santiago de Compostela.

Outros, guiados pelo brilho alucinantes das telas, no emaranhado das redes sociais, navegam sem rumo certo, esperando encontrar, de novo, o porto que deixou no passado, nunca esquecido.

Arrependidos daqueles levantar âncoras mas cheios de  esperanças que ainda haverão de içar as velas onde  reescreverão histórias de amor com final feliz.

(Publicação original em 03/06/2019)

CAMINHO DO DESENCONTRO

Notícia de um namoro de tempos atrás que é retomado depois de anos sem contato algum.  É frequente.

Em busca do tempo perdido,  recém separados procuram, na internet,  quem  andava quase esquecido(a) nas gavetas da memória.

E muitas vezes encontram.

Pessoas enriquecidas pelas lições da vida, com outras estórias paralelas e  sonhos, agora maduros.

Entusiasmado com a descoberta da paixão de vinte anos passados, dedicou-se a refazer a conexão nas redes sociais.

Acreditava que o tempo esquecera de deixar marcas na ex e futura amada.

À distância e na telinha, estava conservadíssima.

Ficava chateado se alguém alertasse para a ilusão e o perigo que um photoshop poderia causar.

O idílio logo pegou um vento minuano de popa. Ao ponto de dispensarem  a fase do reencontro físico. Esperado, necessário e lógico.

Enebriados pela paixão reacesa, acertaram  já um recomeço pra além-mar. Em terras de Castela, limites de França.

Passariam a limpo suas vidas,  numa catarse, no caminho solitário (a dois),  que os levaria, sem pressa, a Santiago de Compostela.

Chegariam ao Nirvana e nada mais seria como antes.

No reencontro au pied du mont,  a hora da verdade.

Tête-à-tête, pele na pele.

Não deu liga.

Nem o tempo fechado nem o frio de rachar, impediram que o intrépido andarilho, desconsiderando todos os alertas de segurança, iniciasse a jornada sozinho.

E chegasse ao destino uma semana antes.

Para nunca mais se encontrarem.

Nem no Facebook.

Domício Arruda é médico e jornalista

Território Livre – TN

 

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