Doutrina Espírita: 160 anos de nova luz para a humanidade – Francinaldo Rafael
No dia 18 de abril de 1857 sob o pseudônimo de Allan Kardec, o professor francês Hippolyte Léon Denizard Rivail lançava em Paris O Livro dos Espíritos.
Discorrendo sobre temas que eram relevantes também para a Filosofia e filósofos europeus do século XIX, é o primeiro dos cinco livros que compõem a base da Doutrina Espírita. Informa acerca da imortalidade da alma, da natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o futuro da humanidade. Apresenta ao homem condições para esclarecimentos sobre suas inquietações: o que sou, de onde vim, para onde vou, qual a razão da dor e do sofrimento, qual o sentido da minha existência.
As principais fontes sobre como foi redigida a obra estão na Revista Espírita e em textos autobiográficos publicados por Kardec no livro Obras Póstumas, especialmente o intitulado “A minha primeira iniciação no Espiritismo”.
Muito afeito a racionalidade, homem da ciência, apesar de não acreditar na manifestação de Espíritos, a convite de confrades magnetizadores Rivail se aproximou de grupos que lidavam com a mediunidade. Analisando o fenômeno, ficou impressionado com as informações trazidas pelas entidades. Mas se incomodava com o caráter fútil das perguntas que eram feitas pelos participantes.
Incentivado pelos Espíritos, o professor Rivail empreendeu projeto de pesquisa sério com metodologia própria. Enfocando Filosofia, Psicologia e natureza do mundo invisível, desenvolvia questões e submetia-as aos imortais; algumas delas através do pensamento, o que lhe dava mais confiança na existência de seres inteligentes. As respostas chegavam por via da psicografia mecânica das jovens médiuns Julie e Caroline Baudin (14 e 16 anos de idade respectivamente). Nesse processo era usada uma cesta com lápis preso a ela. Todo o conteúdo psicografado foi submetido a revisão por uma terceira médium: Ruth Celine Japhet.
O Livro dos Espíritos foi organizado em sua primeira edição com 501 perguntas e respostas. Em 18 de março de 1860, foi publicada a segunda edição, definitiva, revisada e ampliada, com 1.019 questionamentos e os respectivos esclarecimentos. Em várias oportunidades, Allan Kardec enfatizou que a obra é a reunião dos ensinamentos ditados pelos Espíritos Superiores e publicado por ordem deles. Nada contém que não seja a expressão do pensamento deles e que não lhes tenha sofrido o controle. Só a ordem e a distribuição metódica das matérias, assim como as notas e a forma de algumas partes da redação pertencem a Kardec, O Codificador.
Ao longo desses 160 anos, a Doutrina Espírita no seu tríplice aspecto de ciência de observação, filosofia espiritualista e religiosidade, tem proporcionado esclarecimentos de forma racional em relação a jornada das criaturas humanas, sob o olhar das Leis Divinas, eternas e imutáveis. Também pela revelação objetiva das vivências sucessivas e o processo contínuo de aprendizado na busca do aperfeiçoamento através das oportunidades que a vida oferece. Seus ensinamentos conduzem o homem a redescoberta de si mesmo.
No Rio Grande do Norte, 18 de abril foi oficializado como o Dia do Espírita, através de Projeto de Lei do deputado Nélter Queiroz, sancionado pelo então governador Garibaldi Alves Filho, em 1996.