Domício Arruda – Meu Capitão

Diferente de Gustavo Bebiano, nunca tive a menor aproximação ou afinidade com o senhor. Passei a chamá-lo pelo mesmo vocativo, muito mais em sinal de esperança que subordinação.

Sem o talento mas com o mesmo sentimento de Elio Gaspari, ouso mandar algumas  mal traçadas.

No dia 6 de outubro de 2018 tomei uma difícil decisão. Deixar de votar,  no primeiro turno, no candidato que havia escolhido por achar ser o melhor. Para antecipar o voto útil, repetido 40 dias depois.

O voto contra. O voto pela alternância do poder.

Fui um dos robôs que ajudaram na sua campanha do segundo turno.                        

Fui dos que, no calor da disputa, afrouxaram laços familiares.

Sou dos que não os reataram. Talvez, para sempre.

Fui dos muitos que oraram e torceram pela sua recuperação da terrível agressão sofrida.

Fui dos que acreditavam que a velha política havia acabado.

Hoje não posso falar pelos outros 57 milhões de seus eleitores.

O que escrevo só me representa. Nada vale em termos estatísticos. Receba como uma amostragem. Uma colherinha provada no caldeirão transbordando de sopa.

Sou daqueles que reconhecem os avanços do Governo. Nas Reformas e na Economia.

Dos que aplaudiram as várias iniciativas para simplificar nossas vidas.

Dos que gostam do seu jeitão. Franco e direto.

Dos que acreditam que a corrupção não encontrou espaço em seu governo.

Dos que percebem que o senhor comanda dois ministérios e não entendem porque nunca buscou um nivelamento. Por cima.

Dos que acham que o senhor, à sua maneira, pouco ajudou ou somou, chegando mesmo a atrapalhar as mudanças necessárias.

Passado tão pouco tempo,  ficou a impressão que o senhor não acreditava no  que propunha.

Como não acredita em outras evidências, a terminar,  com a maior pandemia que a humanidade já enfrentou.

Desavenças com apoiadores e crises surgidas do nada, uma atrás da outra, quando não aparece, o senhor as inventa, são o que me levam a  pensar assim.

Poderia tratar de outros assuntos que contribuem para a situação atual mas por envolver relações familiares, resguardo-me.

Quando apareceram as primeiras denúncias dos funcionários fantasmas nos gabinetes dos seus filhos parlamentares e no seu próprio, só acreditei porque as explicações e os próprios argumentos e mecanismos de defesa me obrigaram.                 Evitei assim, o rebaixamento vinculado e compulsório do meu coeficiente de inteligência.

Se fosse no Japão ou na Coreia, somente para citar países que tratam políticos e epidemias com a mesma rigidez e seriedade, teríamos tido outro Presidente recebendo a faixa no primeiro dia do ano passado.

Cometo alguns posts nas redes sociais. Um pouco antes da sua posse, no dia 15 de dezembro de 2018,  publiquei este.

Ele falou por si.                                                             

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Não foi ouvido.

O senhor e todos os outros que ocuparam o cargo mais alto da nação têm seus lugares na história.                    

O seu está reservado.

Não permita que seu grande feito, derrotar um poderoso grupo,  agarrado ao poder com unhas, dentes e coisas que nem o diabo imagina, seja maculado.

Sua missão estava cumprida, Capitão. Era a hora da honrosa retirada. Que não veio.

Mas ainda  há tempo.

Passe o bastão para seu Vice, sua melhor escolha.

Reconheça.

Ele é melhor  preparado para conduzir o país nestes  tempos mais difíceis e incertos que estão só começando.

Sem traumas.

Sem ressentimentos.

Sem decepções.

Tchau, meu Capitão.

Domício Arruda

Domicio Arruda.                                                        Avô.

Blog Território Livre – Tribuna do Norte

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