Domício Arruda: Incertos Títulos
Foi somente em 1979 que uma mulher assumiu pela primeira vez, qualquer ministério, em todos os governos, desde o Império.
Esther de Figueiredo Ferraz (1916-2008) foi a escolha que mostrou com mais clareza que a abertura para a democracia não tinha mais volta. Que os tempos eram outros e a ditadura não mais resistiria.
Depois, criaram o Ministério da Mulher, ocupado sucessivamente pelas óbvias.
A composição dos gabinetes são reflexos da marca que o Presidente quer imprimir à gestão e o que os políticos com mandatos, votos e poderes, permitem.
Alguns sem vinculação profissional nem conhecimentos mais que rudimentares do que virão a tratar.
Outros, espelhos dos eleitos. Às vezes, a imagem refletida é sindical; às vezes, militar.
Na Educação, de uns tempos para cá, não tem esquentado a cadeira e já se desconfia de coisa feita deixado por algum antecessor.
Seria uma das 13 maldições entre tantas pragas que vêm aparecendo?
Se o acerto ainda não chegou, os erros não foram por falta de tentativas.
A integração com os vizinhos que não falam a mesma língua, não poderia ter aceno maior que um colombiano no posto de tanta importância e visibilidade.
Durou pouco. Não resistiu à falta de planos e ao excesso de declarações estereotipadas e preconceituosas sobre os conterrâneos do coração.
A tentativa de conduzir a comitiva pelas veredas à direta, ao agrado da manada, acabou em dispersão, alvoroço, berrantes e ingresias com os vizinhos.
E o boiadeiro desterrado, a contar loas em outras paragens.
Quando o mundo todo, em protesto contra o preconceito racial, deu um tempo na quarentona, surgiu o homem certo; na cor certa. Com um currículo cheio de erros.
A característica racial fazia esquecer, mais um militar na tropa.
A declaração inicial de não entrar na guerra ideológica por absoluta falta de conhecimento, foi recebida como santa ignorância. E armistício.
Foram os erros essenciais que embotaram sua entrada.
O problema é que a intransigência às fakenews está na moda. Entrou no radar e só de outro assunto, se fala mais.
Foi assim que a extensa galeria das excentricidades de Pindorama ganhou o inédito caso de encolhimento curricular quando se assume um cargo importante.
O lattesfake não foi suficiente para que o recorde de Nelson Teich fosse batido.
O título apropriado indevidamente, também deixa dúvida se é posível alguem ser pós em Wüppertal sem ter sido doutor em Rosário.
Até do mestre se dúvida, o quesito originalidade.
Agora, só falta descobrirem que nosso primeiro navegante negro não é mestre-sala dos mares.
Domício Arruda é médico e jornalistsa
Território Livre – TN