Dia Mundial do Trabalho

O dia primeiro de maio foi escolhido como dia dos trabalhadores como uma forma de assinalar e de lembrar as muitas e difíceis lutas que marcaram a história do movimento sindical no mundo.

O dia é uma homenagem aos trabalhadores da cidade de Chicago que, em 1886, enfrentaram forte repressão policial por reivindicarem melhores condições de trabalho e, especialmente, uma jornada de oito horas.

Nesse episódio houve trabalhadores mortos e presos que, desde então, tornaram-se símbolos para todos os que desejavam se engajar na mesma luta.

Dia Mundial do Trabalho

Uma das maiores manifestações de primeiro de maio ocorridas no Rio foi a de 1919, que uma militante anarquista, Elvira Boni, lembrou assim:

“No primeiro de maio de 1919 foi organizado um grande comício na praça Mauá. Da praça Mauá o povo veio andando até o Monroe pela avenida Rio Branco, cantando o Hino dos Trabalhadores, A Internacional, Os filhos do Povo, esses hinos. Não tinha espaço para mais nada. Naquela época não havia microfone, então havia quatro oradores falando ao mesmo tempo em pontos diferentes.”

Manifestações desse tipo ainda ocorreram no início dos anos 1920, tendo como palco praças e ruas do centro do Rio e de outras cidades do país. Depois escassearam, encerrando uma experiência que, embora não muito bem sucedida em termos da conquista de reivindicações, foi fundamental para o movimento operário.

Dia Mundial do Trabalho

De forma inteiramente diversa, um outro período marcou a história do primeiro de maio no Brasil.

Foi o do Estado Novo, mais especificamente a partir do ano de 1939, quando o primeiro de maio passou a ser comemorado no estádio de futebol do Vasco da Gama, em São Januário, com a presença de autoridades governamentais, com destaque para o presidente Getúlio Vargas.

Nesse momento, o presidente fazia um discurso e sempre anunciava uma nova medida de seu governo que visava beneficiá-los.

O salário mínimo, a Justiça do Trabalho e a Consolidação das Leis do Trabalho (a CLT) são três bons exemplos do porte das iniciativas que então eram ritualmente comunicadas a um público, invariavelmente através do chamamento inicial:

“Trabalhadores do Brasil!” Nesse momento, o primeiro de maio se transformou numa festa, onde o presidente e os trabalhadores se encontravam e se comunicavam pessoalmente, fechando simbolicamente um grande conjunto de práticas centradas na elaboração e implementação de uma legislação trabalhista para o país.

Por isso, nessas oportunidades, os trabalhadores não estavam nas ruas, nem faziam reivindicações como antes, mas recebiam o anúncio de novas leis, o que efetivamente causava impacto, não sendo apenas efeito retórico.

Para se entender o fato, é preciso integrar esse acontecimento a uma série de medidas acionadas anteriormente no campo do direito do trabalho, e que tiveram início logo após o movimento de 1930, com a própria criação de um ministério do Trabalho, Indústria e Comércio.

Dando um salto muito grande, um outro período em que o primeiro de maio ganhou relevo para a história do movimento sindical e para o país foi o dos últimos anos da década de 1970.

O Brasil vivia, mais uma vez, sob um regime autoritário, mas o movimento sindical começava a recuperar sua capacidade de ação e de reivindicação. Grandes comícios então se realizaram, sobretudo em São Paulo, onde se protestava contra o “arrocho salarial” imposto aos trabalhadores, e se denunciava o regime militar.

Essa era grande bandeira e projeto do movimento sindical: combater a ditadura militar e lutar por melhores salários e liberdade de negociação.

E o primeiro de maio hoje? Certamente, ao longo de mais de cem anos, é bom reconhecer que tantas lutas não foram em vão.

Os trabalhadores de todo o mundo conquistaram uma série de direitos e, em alguns países, tais direitos ganharam códigos de trabalho e também estão sancionados por Constituições. Mas os direitos do trabalho, como quaisquer outros direitos, podem avançar ou recuar com o passar do tempo e com as pressões de grupos sociais organizados.

Assim, em 2002, os trabalhadores brasileiros estão vivendo um momento onde se discute a “flexibilização” de alguns desses direitos. Uma questão polêmica, ainda não resolvida, e que divide políticos, estudiosos do dia-mundial-do-trabalho-1, lideranças do movimento sindical e também trabalhadores.

O primeiro de maio certamente irá retomar esse debate, particularmente porque ele se faz numa situação de grande medo para o trabalhador: o medo do desemprego.

Esse medo assume muitas faces: a dos trabalhadores que vivem de “bicos”; a dos jovens trabalhadores ou a dos “velhos” (os que têm mais de 40 anos) que não encontram emprego; a dos trabalhadores pouco qualificados que não conseguem mais postos de trabalho; ou daqueles que trabalham sem qualquer tipo de direito.

O primeiro de maio de 2002, no Brasil, é uma boa oportunidade para reflexões em torno do rumo que se deseja dar aos direitos do trabalho. Direitos que fazem parte de um pacto social e cuja defesa esteve sempre nas mãos de organizações de trabalhadores. Pensar nesses direitos é também pensar no que são essas organizações sindicais, hoje, no Brasil.

Dia Mundial do Trabalho

 

Primeiro de Maio

A história do Primeiro de Maio mostra, portanto, que se trata de um dia de luto e de luta, mas não só pela redução da jornada de trabalho, mais também pela conquista de todas as outras reivindicações de quem produz a riqueza da sociedade.” Perseu Abramo

Em 1º de Maio de 1886, na cidade de Chicago, principal centro industrial dos Estados Unidos da época, milhares de trabalhadores saíram às ruas em passeata para protestar contra as condições de trabalho.

Eles eram submetidos a uma jornada diária de 13 horas, e reivindicavam a redução para oito, como é atualmente. Naquele dia, o tumulto tomou conta da cidade. Pessoas foram presas, muitas ficaram feridas e algumas chegaram a morrer no conflito com a polícia.

No ano de 1889, em homenagem à greve geral de Chicago, o Congresso Socialista, em Paris, instituiu a data de 1º de Maio como o Dia Mundial do Trabalho.

No Brasil, o reconhecimento só ocorreu em 1925, pelo então presidente Arthur Bernardes, que decretou 1º de Maio como feriado nacional. Comícios, passeatas e manifestações sindicais costumam marcar a passagem da data.

Dia Mundial do Trabalho

A história do Primeiro de Maio

Primeiro de MaioDia Internacional dos Trabalhadores, comemora uma luta histórica da classe trabalhadora pelo mundo, e é reconhecida em todos os países menos nos EUA e no Canadá. Isso apesar do fato do feriado ter começado em 1880 nos EUA, com a luta pela jornada de 8 horas de trabalho.

Em 1884, a Federação Organizada dos Sindicatos passou uma resolução declarando que as 8 horas constituiriam uma jornada legal detrabalho após o dia Primeiro de Maio de 1886. A resolução convocava uma greve geral para conseguir este objetivo, levando em conta que os métodos legislativos já haviam falhado.

Com trabalhadores sendo forçados a trabalhar dez, doze e até quatorze horas por dia, o apoio parao movimento das 8 horas cresceu rapidamente, apesar da indiferença e hostilidade entre os líderes das uniões sindicais.

Em meados de Abril de 1886, 250 mil trabalhadores estavam envolvidos no movimento Primeiro de Maio. O coração do movimento estava localizado em Chicago, organizado principalmente pela organização anarquista Associação Internacional do povo trabalhador. Os negócios e o Estado ficaram aterrorizados com o movimento e se prepararam.

A polícia e as milícias tiveram seu número aumentado e receberam novas e pontentes armas financiadas pelos líderes capitalistas locais. O Clube Comercial de Chicago comprou uma metralhadora de 2 mil dólares para a Guarda Nacional de Illinois (em Chicago) usá-la contra os grevistas.

De qualquer maneira, no dia Primeiro de Maio, o movimento tinha ganho a adesão de mais trabalhadores incluindo sapateiros, empacotadores e alfaiates. Mas no dia 3 de Maio de 1886, a polícia atirou contra uma multidão de frevistas na Fábrica Reaper McCormick, matando 4 e ferindo muitos.

Os anarquistas convocaram uma reunião massiva no dia seguinte na Praça Haymarket para protestar contra a brutalidade.

O encontro aconteceu sem nenhum incidente maior, e quando o último disursante estava na plataforma, a reunião com tempo chuvoso começava a se dispersar, com apenas algumas centenas de pessoas permanecendo.

Então, 180 policiais entraram na praça e mandaram que a reunião fosse dispersada. Enquanto o discurstante descia da plataforma, uma bomba foi atirada na polícia, matando um e ferindo 70.

A polícia respondeu atirando na multidão, matando um trabalhador e ferindo muitos outros.Apesar de não ter sido determinado quem jogiu a bomba, o incidente foi usado como desulpa para atacar a esquerda inteira e o movimento da classe trabalhadora.

A polícia fez buscas nas casas e esceritórios dos suspeitos radicais, e centenas foram presos sem acusação. Os anarquistas foram atacados, particularmente, e 8 dos militantes mais ativos de Chicago foram acusados de conspiração para assassinato remetendo à bomba em Haymarket.

Uma Corte corporativa declarou os 8 culpados, apesar da falta de evidências conectando eles a qualquer indício de quem tinha jogado a bomba (apenas um estava presente na reunião, e ele estava na plataforma) e foram sentenciados à morte.

Albert Parsons, August Spies, Adolf Fischer e George Engel foram ENFORCADOS no dia 11 de Novembro de 1887. Louis Lingg se suicidou na prisão. Os três restantes foram finalmente perdoados em 1893.

Não é surpreendente que o estado, os líderes de negócios, e os líderes das centrais sindicais, mais a mídia, quisessem esconder a verdadeira história do Primeiro de maio, colocando-o como um feriado celebrado apenas na Praça Vermelha de Moscou.

Numa tentativa de apagar a História e o significado do dia Primeiro de Maio, o governo dos EUA declarou que o Primeiro de Maio seria o “Dia da Lei”, e deu-nos em vez do Dia do Trabalhador, um feriado privado de significado histórico além de sua importância como um dia para “festejar”.

Mas longe de suprimir os movimentos radicais da classe trabalhadora, os eventos de 1886 e a execução dos anarquistas de Chicago na verdade moblizaram muitas gerações de radiciais.

Emma Goldman, uma imigrante jovem na época, apontou a jornada em Haymarket como o seu nascimento político. Lucy Parsons, viúva de Albert Parsosns, convocou os pobre para direcionar a sua raiva contra aqueles responsáveis… os ricos.

Ao invés de desaparecer, o movimento anarquista apenas cresceu no despertar de Haymarket, inspirando outros movimentos e organizações radiciais, incluindo o Industrial Workers of The World.
Encobrindo o Primeiro de Maio, o Estado, os capitalistas, as centrais sindicais institucionais e a mídia obscureceram um legado inteiro da insatisfação nos EUA.

Eles estão aterrorizados com o que um movimento militante e organizado semelhante possa conseguir hoje em dia, e eles suprimem as sementes de tais organizações quando e sempre que puderem.

Como trabalhadores, nós devemos reconhecer e comemorar o Primeiro de Maio não apenas pela sua importância histórica, mas também como um dia para organizar-se sobre assuntos de vital importância para a classe trabalhadora de hoje.

Primeiro de Maio

A origem do Dia do Trabalho

Dia do Trabalho, comemorado no Brasil com o feriado de primeiro de maio, teve origem em um movimento ocorrido em 1886, em Chicago.

Nesta data do ano de 1886 nada menos que 200 mil trabalhadores, organizados pela Federação dos Trabalhadores dos Estados Unidos e do Canadá, fizeram uma greve geral em Chicago, reivindicando a limitação da jornada de trabalho a oito horas diárias.

Dia Mundial do Trabalho

Nos dias seguintes à manifestação aconteceram outros protestos, que reuniram centenas de milhares de pessoas e originaram mortes causadas pela polícia enquanto tentava reprimir os protestantes. A de 4 de maio, chamada de Revolta de Haymarket, entrou para a história também como um dos eventos originários do Dia do Trabalho.

Nos anos subsequentes, outros movimentos escolheram o primeiro de maio para se lançar, homenageando os revoltosos de Chicago. Dessa forma, a data foi se consolidando como um marco para trabalhadores de várias partes do mundo.

Em 1890, houve uma nova greve para estender a jornada de oito horas para todos os locais dos Estados Unidos. Também em primeiro de maio desse ano a data foi comemorada pela primeira vez em âmbito mundial, por indicação da liderança socialista internacional. Somente cinco anos depois a ocasião seria celebrada pela primeira vez no Brasil, em Santos, São Paulo, por iniciativa do Centro Socialista.

Grandes manifestações marcaram o primeiro de maio dos anos de Fourmies – 1891 – quando, na França, houve repressão policial em Fourmies deixando 7 mortos e 30 feridos; 1903 – ocasião em que, no Rio de Janeiro, uma passeata reuniu 20 mil participantes; 1919 – quando 50 mil protestaram no Rio de Janeiro por influência da Revolução Russa; 1980 – quando 120 mil grevistas protestaram no estádio de Vila Euclides, em São Bernardo do Campo.

Comemorou-se a ocasião no Brasil, pela primeira vez, em 1895, na sede do Centro Socialista em Santos. O feriado nacional foi oficializado graças a dois fatores: um projeto de lei do deputado Sampaio Ferraz aprovado no Congresso em 1902 e a lei 662, surgida em 1949.

Até o governo Vargas, o Dia do Trabalho foi considerado uma ocasião propícia a passeatas e protestos, pensamento que tinha como base os movimentos anarquista e comunista. Quando o trabalhismo passou a ser disseminado por Getúlio, a data começou a ser celebrada com festas e desfiles, como acontece até hoje.

Apesar de o primeiro de maio ser comemorado em muitos países, sendo feriado nacional em grande parte deles, há variações significativas de datas.

Dia Mundial do Trabalho

Nos Estados Unidos o dia primeiro, May Day, é reconhecido como a data comemorada pelos socialistas e comunistas. No entanto, não é quando se celebra oficialmente o Dia do Trabalho porque, procurando justamente dissociar a conquista dos trabalhadores desses movimentos, escolheu-se a primeira segunda-feira de setembro para o feriado nacional – oficializado pelo Congresso em 1894. A data foi escolhida por homenagear trabalhadores que se manifestaram nessa mesma época, dos anos de 1882 e 1884, em favor de sua classe, em Nova Iorque.

Na Austrália comemora-se em quatro dias diferentes: 4 de Março na Austrália ocidental, 11 de Março no estado de Vitória, 6 de Maio em Queensland e Território do Norte e 7 de Outubro em Canberra, Nova Gales do Sul (Sidney) e na Austrália meridional. Na Inglaterra o feriado é no primeiro domingo após o primeiro de maio; no Japão, em 23 de setembro; na Espanha, em 18 de julho; e na Nova Zelândia, em 18 de outubro.

 

Primeiro de Maio

O dia primeiro de maio é conhecido internacionalmente como o “dia do trabalhador”, sendo, no Brasil, feriado nacional.

Suas origens remontam ao ano de 1886, quando, no dia primeiro de maio, em Chicago, mais de um milhão de trabalhadores participaram da Greve Geral.

Esses operários lutavam pela redução da jornada de trabalho para oito horas diárias.

Entretanto, os movimentos sofreram inúmeras repressões, sendo que a maior delas foi a explosão de uma bomba que matou dezenas de trabalhadores.

Atualmente, o feriado em questão transmite, somente, uma imagem de celebração…uma celebração vazia, uma vez que grande parte dos trabalhadores desconhece as origens do primeiro de maio – na verdade, ele é visto como um dia de descanso merecido àqueles que laboram diariamente.

O escritor modernista Mário de Andrade foi capaz de elaborar um conto que trata justamente da ilusão que cerca esse feriado. O conto Primeiro de maio faz parte da obra Contos Novos, que foi publicada postumamente, em 1947. As nove narrativas que formam o livro são, na realidade, variações de um mesmo tema: o homem disfarçado, desdobrado entre essência e aparência.

Primeiro de maio apreende doze horas na vida de uma personagem em que nada parece acontecer.

Às seis horas da manhã do dia primeiro de maio, 35 pula da cama ansioso para comemorar aquele dia que o pertence, já havia avisado os companheiros da Estação da Luz que não iria trabalhar no dia seguinte – trabalho de carregador não tem feriado.

A partir de então, 35 começa a se arrumar para estar digno de tamanha comemoração: veste uma roupa com as cores do Brasil – comemorar é vestir uma roupa bonita (aparência), o que mostra sua inexperiência e alienação.

35 quer festejar o primeiro de maio com seus iguais – mesmo não sabendo exatamente quem são eles. Ao sair de casa, 35 não sabe para onde ir…seus pés o levam mecanicamente à estação, onde sua vestimenta de festa é ridicularizada por seus iguais. Isolado e separado dos companheiros, decide, então, ir para o centro da cidade, mas não encontra nada, tudo está fechado e vazio. Segue para o Jardim da Luz e descobre que a polícia proibira comícios. No Palácio das Indústrias encontra a celebração oficial dos patrões e do Estado; 35 pensa em fugir, lutar, mas não faz nada. Por fim, acaba voltando para a estação e ajuda um colega a carregar as malas de um passageiro – o poder quase nulo das personagens não impede a fraternidade no espaço do trabalho.

Durante todo o movimento do enredo, o narrador caminha ao lado de 35 – o que é rompido no final, uma vez que o narrador parece abandonar a personagem. A paráfrase acerca do conto não é capaz de descrever a narrativa, pois ela só pode registrar a sequência epidérmica dos acontecimentos, o enredo aparente fundado no ato de caminhar em busca da celebração.

Desse modo, o importante não é o que se conta, mas, sim, o que é mostrado pelo fluxo de consciência da personagem. O narrador se recusa a contar com suas próprias palavras ou atribuir sentido ao que ocorre na mente de 35; conforme Adorno, a narração não é mais possível, pois se renderia à mentira da representação. Quem narra sabe o sentido da vida, haveria, assim, uma comunhão de valores entre o narrador e seus leitores…mas não há mais certezas, o narrador não é mais onisciente.

Em Primeiro de maio, não há mistificações; trata-se de um homem comum. Partindo-se de uma leitura inserida no contexto histórico getulista da época, pode-se dizer que 35 não é o herói que move massas, mas, sim, um homem que nada pode fazer em relação à práxis política – é, na verdade, uma práxis política degradada, resumida no ato de caminhar. Além disso, o caminhar sem rumo representa a situação dos proletários diante da ditadura getulista.

Entretanto, a cada passo de 35 é um passo na sua reflexão…o 35 das seis horas da manhã não é mais o mesmo do final do dia. O sentido de sua experiência não é comunicado pelo narrador, nem mesmo a personagem é capaz de contar. Esse sentido deve ser buscado nas fissuras da narrativa, nos discursos indiretos livres – que subvertem a distância épica dos acontecimentos.

No conto, Mário de Andrade interpreta a história da época. Tratava-se de um momento decisivo para a nação: Revolução de 30 (tenentismo) e 32; política do café-com-leite (país agrário-pecuarista)… O autor questiona as estruturas de modernização do país – modernizar industrializando. Ao mesmo tempo, na década de 30, aconteciam movimentos proletários no mundo todo.

É possível perceber que 35 recebe informações de diversas fontes – direita, esquerda, nacional, internacional. Tem acesso à informações, que eram censuradas pelo DIP, por meio de jornais clandestinos na plataforma onde trabalha. Desse modo, 35 não consegue articular suas opiniões, defende ideais tanto da esquerda comunista quanto da direita… 35 está preso diante das informações veiculadas pela mídia, não há uma comunicação verdadeira.

A personagem do conto extrai o sentido de suas doze horas do dia primeiro de maio: sai de casa se achando lindo, vestido com as cores da bandeira do Brasil; logo a seguir, pensa que o achariam estranho; e, finalmente, tem certeza de que está ridiculamente vestido. 35 não quer mais ser alienado, perde as ilusões, mas não é capaz de comunicar sua experiência.

35 é o sujeito marcado pelo número que ocupa nas convenções do trabalho da sociedade capitalista, indivíduos reduzidos ao lugar que ocupam nas relações de produção. A identidade não é trazida pelo nome próprio, mas, sim, pelo anonimato dessas relações de produção; a identidade não se traduz no que é visível. A personagem está na fissura entre o visível e o invisível; entre o comunicável e o incomunicável.

A literatura é uma forma de resistência à ideologia dominante, não se entrega à mentira da representação. A partir das transformações ocorridas no século XX, o poder de ação das personagens passou a ser inferior ao do leitor; até as coisas mais banais eles não são capazes de realizar. 35 quando fala, não diz o que pensa, parece ser inferior a nós. Trata-se de uma personagem emblemática: o homem kafkiano que vira inseto.

O dia primeiro de maio, que deveria ser uma celebração – no sentido de trazer à memória, recordar – dos movimentos operários que aconteceram, principalmente em Chicago, foi transformado, pelo Estado, em uma celebração (festa e solenidade) oficial – traduzida pelo feriado. Dessa forma, a comemoração se torna um espetáculo, uma ilusão a fim de manter o sistema capitalista vigente – uma vez que não é interessante a esse sistema resgatar a ideia de movimentos contrários a ele. Em suma, do primeiro de maio restam apenas imagens de uma comemoração, ou melhor, de uma celebração.

 

Primeiro de Maio

1 de maio é o dia em que as pessoas de diversos países comemoram o trabalho, ou melhor, comemoram as conquistas dos trabalhadores.

Final do século XVIII

A Revolução Industrial espalha-se pelo mundo, e nos Estados Unidos, Chicago era um de seus grandes representantes.

No dia 1º. de maio de 1886, os operários, cansados da falta de direitos e das condições desumanas de trabalho, resolvem fazer uma paralisação.

Concentraram-se na Haymarket Square, a fim de reivindicar a diminuição da jornada diária de 13 para 8 horas de trabalho. A polícia reage violentamente, e vários trabalhadores são mortos.

Assim, em homenagem às vítimas, o Congresso Socialista, realizado em Paris em 1889, escolhe o 1º de maio como Dia Internacional doTrabalho.

Graças à mobilização de diversos trabalhadores, ao longo das décadas, é que podemos contar com várias conquistas nesse campo. No Brasil, o 1º. de maio também foi a data escolhida para se criar o salário mínimo (1940) e a Justiça do Trabalho (1941), ambas realizações do Governo Vargas.

Infelizmente, entre a mão-de-obra mundial, ainda é frequente o uso do trabalho infantil, mesmo que ilegalmente. Calcula-se que existam no mundo em torno de 250 milhões de crianças entre 5 e 14 anos que trabalham, segundo dados da Organização Internacional do Trabalho(OIT).

No Brasil, a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) proíbem o trabalho infantil. Mas, infelizmente, existem 2,9 milhões de crianças de 5 a 14 anos de idade empregados em lavouras, carvoarias, olarias, pedreiras, mercado informal e atividades domésticas. Mais de 50% desses menores não recebem nenhum tipo de remuneração.

O trabalhador é peça-chave na sociedade, e sua contribuição é essencial para que o mundo caminhe para o progresso. Por isso mesmo é que todo e qualquer tipo de trabalho deve ser visto como um degrau para uma vida melhor, e receber nossa mais sincera admiração e respeito.

Exige muita paciência

Trabalho-de-noivo

Serviço temporário observado em alguns povos primitivos, que um homem presta ao futuro sogro, a fim de adquirir o direito à noiva.

Trabalho de sapa

A) trabalho oculto, ardil, trama
B) ação oculta ou conspiração contra alguém.

Trabalho de Sísifo

Trabalho estafante e inútil, porque, uma vez acabado, é preciso recomeçar.

 

Primeiro de Maio

Em princípio, todos os dias são do trabalho. Ou para sermos exatos: de trabalho.

Até mesmo os sábados, domingos, feriados nacionais ou religiosos. Pois sempre há gente trabalhando, desde que, lá atrás, após a queda de Adão no Paraíso Terrestre, o homem foi condenado a ganhar o pão com o suor de seu rosto.

No início, o trabalho teve o caráter de castigo.

Daí que os poderosos de todas as épocas enalteciam o ócio, considerado uma virtude, um prêmio, sinal de força e manifestação de prazer. Quando algum desses poderosos precisava ou desejava fazer alguma coisa de concreto, ele apelava para o nec otio, ou seja, para o negócio.

Interrompia o ócio mas não trabalhava: negociava, o que no fundo, daria na mesma.

De qualquer forma, com a obrigação de ganhar suando o seu sustento, ou negociando para ganhar a mesma coisa e seus suplementos de luxo ou prazer, foi criada a clássica divisão entre o capital e o trabalho.

E, por extensão, o problema social, que acompanha a humanidade desde os tempos mais remotos da Antiguidade.

Problema que, aqui e ali, e de forma quase permanente, tornou-se a guerra das guerras, pois nunca houve uma paz estabelecida, mas eventuais tréguas, geralmente não cumpridas de parte a parte.

Com a Revolução Industrial, a classe trabalhadora viu-se diante de um paradoxo: de um lado, criavam-se novos empregos; de outro, a mão-de-obra humana poderia ser substituída gradativamente pela máquina. Era o início da exclusão.

Dia Mundial do Trabalho não nasceu de repente nem de graça.

Foi uma conquista sangrenta, ganha por etapas e perdida repetidas vezes, em ditaduras que o consideram um incentivo à desordem, ao desequilíbrio de uma paz social que na verdade nunca existiu.

Se nos regimes conservadores o 1° de maio é uma data inquietante, que motiva emergências e prontidões nos quartéis e delegacias, nos regimes populistas ela foi absorvida politicamente para produzir um clima de estabilidade que mantém ditaduras.

Foi assim na antiga URSS e no Estado Novo (1937-1945), quando a data tornava-se mais importante do que a própria data nacional.

No momento que atravessamos, aqui no Brasil, há um evidente desgaste nas comemorações do 1° de maio.

Aparentemente, todos estão de acordo com os reclamos da classe trabalhadora, ela é enaltecida e até mesmo bajulada por todos os setores da sociedade. Na prática, o trabalhador é cada vez mais isolado do bolo nacional, sendo destinado a produzir apenas mão-de-obra cada vez mais barata e com menos direitos sociais.

A crise produzida pelos dois fatores que se destacaram na economia dos nossos dias – a supremacia do mercado e a realidade da globalização – fez reverter algumas das maiores conquistas do trabalhador, como o direito ao trabalho, a garantia de saúde, educação, moradia e aposentadoria decente. O desemprego crescente é também globalizado, e os sindicatos, que sempre atuaram na linha de frente das reivindicações da classe, tiveram de refluir para não aumentar o número dos sem-emprego.

São inúmeras as urgências do operariado em qualquer parte do mundo.

Em tempos mais voltados para o problema social, o Dia do Trabalho era um toque de reunir de grandes massas que lutavam por uma pauta específica de reivindicações. Com o congelamento da vida sindical, a data agora se limita às generalidades consentidas, uma luta conceitual e, pior do que isso, consensual. Empregadores e empregados a comemoram do mesmo jeito, com as palavras óbvias de que um não pode existir sem o outro, que são complementares, que a paz entre o capital e o trabalho é a maior conquista da sociedade moderna.

A história do 1° de maio não é pacífica. Nem pode ser pacífica a reflexão que ela nos impõe. Nunca foi uma data subversiva, de contestação à paz social. Mas ela é necessária para nos fazer lembrar que a humanidade só encontrará a verdadeira paz quando o direito do trabalhofor uma realidade e não uma concessão do capital, que, enquanto precisar de mão-de-obra, será obrigado ao mínimo para ganhar o máximo.

Carlos Heitor Cony

 

Primeiro de Maio

Chicago, maio de 1886

O retrocesso vivido nestes primórdios do século XXI remete-nos diretamente aos piores momentos dos primórdios do Modo de Produção Capitalista, quando ainda eram comuns práticas ainda mais selvagens. Não apenas se buscava a extração da mais-valia, através de baixos salários, mas até mesmo a saúde física e mental dos trabalhadores estava comprometida por jornadas que se estendiam até 17 horas diárias, prática comum nas indústrias da Europa e dos Estados Unidos no final do século XVIII e durante o século XIX. Férias, descanso semanal e aposentadoria não existiam. Para se protegerem em momentos difíceis, os trabalhadores inventavam vários tipos de organização – como as caixas de auxílio mútuo, precursoras dos primeiros sindicatos.

Com as primeiras organizações, surgiram também as campanhas e mobilizações reivindicando maiores salários e redução da jornada detrabalho. Greves, nem sempre pacíficas, explodiam por todo o mundo industrializado. Chicago, um dos principais pólos industriais norte-americanos, também era um dos grandes centros sindicais. Duas importantes organizações lideravam os trabalhadores e dirigiam as manifestações em todo o país: a AFL (Federação Americana de Trabalho) e a Knights of Labor (Cavaleiros do Trabalho).

As organizações, sindicatos e associações que surgiam eram formadas principalmente por trabalhadores de tendências políticas socialistas, anarquistas e social-democratas. Em 1886, Chicago foi palco de uma intensa greve operária. À época, Chicago não era apenas o centro da máfia e do crime organizado era também o centro do anarquismo na América do Norte, com importantes jornais operários como o Arbeiter Zeitung e o Verboten, dirigidos respectivamente por August Spies e Michel Schwab.

Como já se tornou praxe, os jornais patronais chamavam os líderes operários de cafajestes, preguiçosos e canalhas que buscavam criar desordens. Uma passeata pacífica, composta de trabalhadores, desempregados e familiares silenciou momentaneamente tais críticas, embora com resultados trágicos no pequeno prazo. No alto dos edifícios e nas esquinas estava posicionada a repressão policial. A manifestação terminou com um ardente comício.

Dia Mundial do Trabalho

Manifestações do Primeiro de Maio de 1886

No dia 3, a greve continuava em muitos estabelecimentos. Diante da fábrica McCormick Harvester, a policia disparou contra um grupo de operários, matando seis, deixando 50 feridos e centenas presos, Spies convocou os trabalhadores para uma concentração na tarde do dia 4. O ambiente era de revolta apesar dos líderes pedirem calma.

Os oradores se revesavam; Spies, Parsons e Sam Fieldem, pediram a união e a continuidade do movimento. No final da manifestação um grupo de 180 policiais atacou os manifestantes, espancando-os e pisoteando-os. Uma bomba estourou no meio dos guardas, uns 60 foram feridos e vários morreram. Reforços chegaram e começaram a atirar em todas as direções. Centenas de pessoas de todas as idades morreram.

A repressão foi aumentando num crescendo sem fim: decretou-se “Estado de Sítio” e proibição de sair às ruas. Milhares de trabalhadores foram presos, muitas sedes de sindicatos incendiadas, criminosos e gângsters pagos pelos patrões invadiram casas de trabalhadores, espancando-os e destruindo seus pertences.

A justiça burguesa levou a julgamento os líderes do movimento, August Spies, Sam Fieldem, Oscar Neeb, Adolph Fischer, Michel Shwab, Louis Lingg e Georg Engel. O julgamento começou dia 21 de junho e desenrolou-se rapidamente. Provas e testemunhas foram inventadas. A sentença foi lida dia 9 de outubro, no qual Parsons, Engel, Fischer, Lingg, Spies foram condenados à morte na forca; Fieldem e Schwab, à prisão perpétua e Neeb a quinze anos de prisão.

Spies fez a sua última defesa:

“Se com o nosso enforcamento vocês pensam em destruir o movimento operário – este movimento de milhões de seres humilhados, que sofrem na pobreza e na miséria, esperam a redenção – se esta é sua opinião, enforquem-nos. Aqui terão apagado uma faísca, mas lá e acolá, atrás e na frente de vocês, em todas as partes, as chamas crescerão. É um fogo subterrâneo e vocês não poderão apagá-lo!”

Parsons também fez um discurso:

“Arrebenta a tua necessidade e o teu medo de ser escravo, o pão é a liberdade, a liberdade é o pão”. Fez um relato da ação dos trabalhadores, desmascarando a farsa dos patrões com minúcias e falou de seus ideais:

“A propriedade das máquinas como privilégio de uns poucos é o que combatemos, o monopólio das mesmas, eis aquilo contra o que lutamos. Nós desejamos que todas as forças da natureza, que todas as forças sociais, que essa força gigantesca, produto do trabalhoe da inteligência das gerações passadas, sejam postas à disposição do homem, submetidas ao homem para sempre. Este e não outro é o objetivo do socialismo”.

Dia Mundial do Trabalho
Mártires de Chicago: Parsons, Engel, Spies e Fischer foram enforcados, Lingg (ao centro) suicidou-se na prisão.

No dia 11 de novembro, Spies, Engel, Fischer e Parsons foram levados para o pátio da prisão e executados. Lingg não estava entre eles, pois suicidou-se. Seis anos depois, o governo de Illinois, pressionado pelas ondas de protesto contra a iniquidade do processo, anulou a sentença e libertou os três sobreviventes.

Em 1888 quando a AFL realizou o seu congresso, surgiu a proposta para realizar nova greve geral em 1º de maio de 1890, a fim de se estender a jornada de 8 horas às zonas que ainda não haviam conquistado.

No centenário do início da Revolução Francesa, em 14 de julho de 1889, reuniu-se em Paris um congresso operário marxista. Os delegados representavam três milhões de trabalhadores. Esse congresso marca a fundação da Segunda Internacional. Nele Herr Marx expulsou os anarquistas, cortou o braço esquerdo do movimento operário num momento em que a concordância entre todos os socialistas, comunistas e anarquistas residia na meta: chegada a uma sociedade sem classes, sem exploração, justa, fraterna e feliz. Os meios a empregar-se para atingir aquele objetivo constituíam os principais pontos de discordância: Herr Marx, com toda a sua genialidade incontestável, levou adiante a tese de que somente através de uma “Ditadura do Proletariado” se poderia ter os meios necessários à abolição da sociedade de classes, da exploração do homem pelo homem. Mikhail Bakunin, radical libertário, contrapondo-se a Marx, criou a nova máxima: “Não se chega à Luz através das Trevas.” Segundo o Anarquista russo, deve-se buscar uma sociedade feliz, sem classes, sem exploração e sem “ditadura” intermediária de espécie alguma! A tendência majoritária do Congresso ficou em torno de Herr Marx e os Anarquistas foram, vale repetir, expulsos. Muitos têm apontado nesta ruptura de 1890 os motivos do fracasso do socialismo dito “real”: enfatizou-se mais do que o necessário a questão da “ditadura” e o “proletariado” acabou esquecido. A própria China de hoje (2004) é disso exemplo: uma pequenina casta de empresários lidera ditatorialmente uma nação equalizada à força aproximando perigosamente aquela tendência do neoliberalismo…

Fechando este parêntese que já vai longo, voltemos à reunião do Congresso Operário de 1890: na hora da votar as resoluções, o belga Raymond Lavigne encaminhou uma proposta de organizar uma grande manifestação internacional, ao mesmo tempo, com data fixa, em todas os países e cidades pela redução da jornada de trabalho para 8 horas e aplicação de outras resoluções do Congresso Internacional. Como nos Estados Unidos já havia sido marcada para o dia 1º de maio de 1890 uma manifestação similar, manteve-se o dia para todos os países.

No segundo Congresso da Segunda Internacional em Bruxelas, de 16 a 23 de setembro de 1891, foi feito um balanço do movimento de 1890 e no final desse encontro foi aprovada a resolução histórica: tornar o 1º de maio como “um dia de festa dos trabalhadores de todos os países, durante o qual os trabalhadores devem manifestar os objetivos comuns de suas reivindicações, bem como sua solidariedade”.

Como vemos, a greve de 1º de maio de 1886 em Chicago, nos Estados Unidos, não foi um fato histórico isolado na luta dos trabalhadores, ela representou o desenrolar de um longo processo de luta em várias partes do mundo que, já no século XIX, acumulavam várias experiências no campo do enfrentamento entre o capital (trabalho morto apropriado por poucos) versus trabalho (seres humanos vivos, que amam, desejam, constroem e sonham!).

O incipiente movimento operário que nascera com a revolução industrial, começava a atentar para a importância da internacionalização da luta dos trabalhadores. O próprio massacre ao movimento grevista de Chicago não foi o primeiro, mas passou a simbolizar a luta pela igualdade, pelo fim da exploração e das injustiças.

Muitos foram os que tombaram na luta por mundo melhor, do massacre de Chicago aos dias de hoje, um longo caminho de lutas históricas foi percorrido. Os tempos atuais são difíceis para os trabalhadores, a nova revolução tecnológica criou uma instabilidade maior, jornadas mais longas com salários mais baixos, cresceu o número de seres humanos capazes de trabalhar, porém para a nova ordem eles são descartáveis. Essa é a modernidade neoliberal, a realidade do século que iniciamos, a distância parece pequena em comparação com a infância do capitalismo, parecemos muito mais próximos dela do que da pseudo racionalidade neoliberal, que muitos ideólogos querem fazer crer.

A realidade nos mostra a face cruel do capital, a produção capitalista continua a fazer apelo ao trabalho infantil, somente na Ásia, seriam 146 milhões nas fábricas, e segundo as Nações Unidas, um milhão de crianças são lançadas no comércio sexual a cada ano!

A situação da classe trabalhadora não é fácil; nesse período houve avanços, mas a nova revolução tecnológica do final do século XX trouxe à tona novamente questões que pareciam adormecidas.

Tal qual no final do século XIX, a redução da jornada de trabalho é a principal bandeira do movimento sindical brasileiro; na outra ponta uma sucessão de governos neoliberais (Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso e Lula da Silva) fazem o inimaginável pela supressão de direitos trabalhistas conquistados a duras penas ao longo dos anos (13º salário, direito a férias remuneradas, multa de 40% por rompimento de contrato de trabalho, Licença Maternidade, etc.) ampliando as dificuldades ao trabalho, principalmente face a uma crise de desemprego crescente, e simplificando cada vez mais a vida da camada patronal. Neste sentido, naturalmente, a reflexão das lutas históricas passadas torna-se essencialmente importante, como aprendizagem para as lutas atuais.

Dia Mundial do Trabalho
Marx

Dia Mundial do Trabalho
Bakunin

Dia Mundial do Trabalho
Trotski

O Dia do Trabalho no Brasil

No Brasil, como não poderia deixar de ser, as comemorações do 1º de maio também estão relacionadas à luta pela redução da jornada de trabalho.

A primeira celebração da data de que se tem registro ocorreu em Santos, em 1895, por iniciativa do Centro Socialista, entidade fundada em 1889 por militantes políticos como Silvério Fontes, Sóter Araújo e Carlos Escobar. A data foi consolidada como o Dia dos Trabalhadores em 1925, quando o presidente Artur Bernardes baixou um decreto instituindo o 1º de maio como feriado nacional. Desde então, comícios, pequenas passeatas, festas comemorativas, piqueniques, shows, desfiles e apresentações teatrais ocorrem por todo o país.

Com Getúlio Vargas – que governou o Brasil como chefe revolucionário e ditador por 15 anos e como presidente eleito por mais quatro – o 1º de maio ganhou status de “dia oficial” do trabalho.

Era nessa data que o governante anunciava as principais leis e iniciativas que atendiam as reivindicações dos trabalhadores, como a instituição e, depois, o reajuste anual do salário mínimo ou a redução de jornada de trabalho para oito horas.

Vargas criou o Ministério do Trabalho, promoveu uma política de atrelamento dos sindicatos ao Estado, regulamentou o trabalho da mulher e do menor, promulgou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), garantindo o direito a férias e aposentadoria.

Na Constituição de 1988, promulgada no contexto da distensão e redemocratização do Brasil após a ditadura militar (que perseguiu e colocou no mesmo balaio liberais, comunistas e cristãos progressistas), apesar de termos 80% dos tópicos defendendo a propriedade e meros 20% defendendo a vida humana e a felicidade, conseguiu-se uma série de avanços – hoje colocados em questão – como as Férias Remuneradas, o 13º salário, multa de 40% por rompimento de contrato de trabalho, Licença Maternidade, previsão de um salário mínimo capaz de suprir todas as necessidades existenciais, de saúde e lazer das famílias de trabalhadores, etc.

A luta de hoje, como a luta de sempre, por parte dos trabalhadores, reside em manter todos os direitos constitucionais adquiridos e buscar mais avanços na direção da felicidade do ser humano.

Dia Mundial do Trabalho
Quebre os grilhões

Lázaro Curvêlo Chaves – Primeiro de Maio de 2004

“Meu Maio”, de Vladimir Maiakovski
A todos

Que saíram às ruas

De corpo-máquina cansado,

A todos

Que imploram feriado

Às costas que a terra extenua –

Primeiro de Maio!

Meu mundo, em primaveras,

Derrete a neve com sol gaio.

Sou operário –

Este é o meu maio!

Sou camponês – Este é o meu mês.

Sou ferro –

Eis o maio que eu quero!

Sou terra –

O maio é minha era!

Fonte: www.cpdoc.fgv.br/www2.portoalegre.rs.gov.br/www.midiaindependente.org/opiniaoenoticia.com.br/www.facasper.com.br/Conhecimentos gerais ; IBGE Teen/www.scipione.com.br/www.culturabrasil.org

 

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