Damares critica Bia Doria e defende dar comida a moradores de rua

O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, dirigido pela ministra Damares Alves, divulgou nota na noite desta sexta-feira (3) em que “opõe-se veementemente” às declarações feitas mais cedo por Bia Doria, presidente do Fundo Social de São Paulo e esposa do governador João Doria (PSDB).

A pasta criticou a posição da primeira-dama paulista, que disse em entrevista gravada no Palácio dos Bandeirantes que “não é correto você chegar na rua e dar marmita, porque a pessoa tem que se conscientizar que tem que sair da rua, porque a rua, hoje, é um atrativo”.

De acordo com o Ministério dos Direitos Humanos, as informações do Cadastro Único (CadÚnico) do governo federal indicam que não há vagas suficientes em São Paulo para o acolhimento de todas as pessoas nesta situação, o que contrariaria o discurso de que as pessoas estão na rua porque “gostam”.

“Só na cidade de São Paulo são 33.808 famílias em situação de rua, no estado são 60.996 (Cadúnico, março de 2020). As vagas para acolhimento na cidade de São Paulo não chegam a 18.000”, diz a nota da pasta dirigida por Damares.

O ministério ainda diz que são necessários novos projetos em relação a essa população, “mas enquanto esses projetos, essas respostas, não estão implementados, e ainda mais em tempos de Pandemia, a primeira ação que precisamos pensar (não a única) é dar a essas pessoas o que comer”. “É correto sim dar marmitas às pessoas em situação de rua! E ainda abrigo, moradia, dignidade”, conclui.

Em nota divulgada após o vídeo da entrevista de Bia Doria ser divulgada nas redes sociais, a assessoria de imprensa do governo do estado afirmou que a declaração “foi tirada do contexto” e apontou que “a sua intenção é que as pessoas em situação de rua tenham acesso aos abrigos públicos”.

O comunicado ainda destacou o trabalho da primeira-dama no Fundo Social e defendeu que ela “desenvolve uma série de ações em benefício dos mais necessitados”.

Leia a nota do Ministério dos Direitos Humanos na íntegra:

O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) opõe-se veementemente às declarações feitas pela Primeira-dama do estado de São Paulo e presidente do Fundo Social, Bia Doria, em entrevista divulgada hoje amplamente nas redes sociais, sobre ela achar que não é correto dar marmitas para pessoas em situação de rua porque eles “gostam” de ficar ali. Só na cidade de São Paulo são 33.808 famílias em situação de rua, no estado são 60.996 (Cadúnico, março de 2020). As vagas para acolhimento na cidade de São Paulo não chegam a 18.000. 

A população em situação de rua precisa de políticas públicas bem definidas. Essa condição que desnuda o ser humano da sua dignidade precisa ser enfrentada com projetos que efetivamente promovam a saída da situação de rua. 

O MMFDH está ciente disso e tem trabalhado propondo aos Estados e municípios um caminho para mudar essa história. Mas enquanto esses projetos, essas respostas, não estão implementados, e ainda mais em tempos de Pandemia, a primeira ação que precisamos pensar (não a única) é dar a essas pessoas o que comer. E com isso resgatar-lhes um pouco da sua dignidade e mostrar-lhes que os reconhecemos como cidadãos brasileiros, e que a nação também precisa deles, reinseridos no seio social, para que todos nós juntos participemos da construção de dias melhores para todos. 

É correto sim dar marmitas às pessoas em situação de rua! E ainda abrigo, moradia, dignidade!

Em caso de violação de direitos, ou violência contra pessoa em situação e rua, não se omita: Disque 100!

Secretaria Nacional de Proteção Global do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos

Leia a nota do governo de São Paulo na íntegra:

“Em relação aos comentários sobre pessoas em situação de rua, a presidente do Conselho do Fundo Social de São Paulo, Bia Doria, esclarece que sua fala foi tirada do contexto e enfatiza que a sua intenção é que as pessoas em situação de rua tenham acesso aos abrigos públicos, onde terão alimentação de qualidade dentro das normas de higiene da Vigilância Sanitária, e uma condição de vida mais digna. Ou mesmo nos Restaurantes Bom Prato, que recentemente decretaram gratuidade aos moradores de rua.

À frente do Fundo Social de Solidariedade, Bia Doria desenvolve uma série de ações em benefício dos mais necessitados, participando ativamente na execução das ações em campo, como a campanha “Inverno Solidário”, que já distribuiu milhares de cobertores, e a distribuição de cestas básicas em comunidades carentes”

CNN

Deixe um comentário