Cursos de Medicina, expansão e perfil dos estudantes

​A expansão dos cursos de medicina no Brasil e o perfil dos estudantes

​Segundo a Demografia Médica, de 2013 a 2022 foi registrada a maior expansão do ensino médico da história do Brasil.

​Em 2022 o Brasil contava com 389 escolas médicas que, juntas, ofereciam 41.805 vagas de graduação. Desse total, 23.287 novas vagas foram abertas de 2013 em diante. O aumento foi quase quatro vezes maior do que o registrado entre 2003 e 2012, quando foram autorizadas 5.990 vagas.

​Uma das principais características da expansão da oferta de graduação médica nos últimos 20 anos no Brasil foi a abertura de vagas predominantemente no setor privado de educação.

Nesse período, enquanto as novas vagas de medicina em universidades públicas passaram de 5.917 em 2003 para 9.725 em 2022 (aumento de 64%), as vagas em escolas médicas do setor privado subiram de 7.001 para 32.080 (crescimento de 358%).

Proporcionalmente, a participação das instituições públicas no ensino médico atingiu seu menor patamar histórico em 2022, quando menos de um quarto das vagas foram ofertadas em 121 escolas públicas, enquanto as vagas nos 268 cursos privados representaram 77% do total. No Sudeste brasileiro, que concentra quase metade de todos os postos de graduação em medicina no Brasil, apenas 16,6% das vagas estão em instituições públicas.

Entre 2010 e 2020 o número de alunos cursando o primeiro ano de escolas médicas passou de 16.818 para 40.881, o que representa crescimento de 143% no período, resultado da ampla abertura de novos cursos de graduação no país.

As mulheres foram maioria entre os alunos do primeiro ano de medicina no período analisado pela Demografia Médica, representando 54,9% do total de estudantes em 2010 e 61,4% em 2019.

A Demografia identificou um aumento da população negra – soma de alunos que se declararam pretos e pardos -, de 1.483 estudantes de medicina em 2010 para 9.326 em 2019.

Além disso, cresceu a participação de estudantes de medicina entre aqueles que cursaram o ensino médio em escolas públicas, de 25,9% do total em 2010 para 29,8% em 2019.

​Oferta e distribuição de Residência Médica

​Em 2021, 4.950 programas de RM estavam credenciados no Brasil. Naquele ano, os 41.853 médicos que cursavam Residência Médica representavam cerca de 8% do total de médicos em atividade no país.

O estado de São Paulo concentra 33,3% de todos os residentes, seguido por Minas Gerais (11,1%), Rio de Janeiro (10%) e Rio Grande do Sul (7,1%). Das 27 unidades da Federação, 11 possuem menos de 1% do total de residentes do país. Desses, à exceção do Mato Grosso, todos se localizam nas regiões Norte e Nordeste.

Cerca de 46% das instituições que oferecem RM se concentram na região Sudeste, onde está metade dos programas credenciados.

O Distrito Federal é a unidade federativa com maior densidade de médicos residentes por 100.000 habitantes (44,92), seguido por São Paulo (29,86), Rio Grande do Sul (25,84) e Rio de Janeiro (24,06). No outro extremo, o estado do Maranhão apresenta a densidade mais baixa (4,57), seguido por Amapá (5,13) e Pará (7,10).

Em 2021, cerca de 43% dos médicos residentes cursavam programas em quatro especialidades: Clínica Médica (14,2%), Pediatria (10,87%), Ginecologia e Obstetrícia (9,15%) e Cirurgia Geral (9,08%).

Entre 2018 e 2021 o número de médicos que cursavam Residência Médica no Brasil passou de 38.681 para 41.853.

Ao comparar a oferta nacional de vagas de primeiro ano de Residência Médica com o número de profissionais que concluíram medicina no ano anterior percebe-se um descompasso entre a formação especializada e o ensino de graduação. Em razão da intensa abertura de cursos de medicina, as vagas de R1 disponíveis no Brasil não têm sido suficientes para formar especialistas em quantidade equivalente aos novos registros de médicos formados no ano anterior.

Ainda conforme a nova Demografia Médica no Brasil, apenas 24,6% dos médicos residentes entrevistados afirmaram ter intenção de trabalhar majoritariamente ou exclusivamente no SUS (Sistema Único de Saúde) no prazo de um ano após a conclusão da residência. No cenário de após cinco anos da conclusão da RM, a intenção de trabalhar majoritariamente ou exclusivamente no SUS cai para cai para 12,1% dos entrevistados.

A maioria dos residentes (55,7%) pretende, um ano após a formação, manter exercício profissional de dupla prática, dividindo a atuação profissional entre os serviços público e privado. Porcentagem semelhante (49%) pretende manter essa inserção público-privada após cinco anos de formado.

Cerca de 20% dos residentes entrevistados revelaram a intenção de trabalhar majoritariamente ou integralmente no sistema privado após um ano da conclusão do curso. Essa proporção sobe para 40% quando questionados sobre a intenção de local de trabalho cinco anos após a conclusão da RM.

Para ter acesso ao estudo completo, acesse o link:

https://amb.org.br/wp-content/uploads/2023/02/DemografiaMedica2023_8fev-1.pdf

Associação Médica Brasileira

Faculdade de Medicina da USP

Assessoria de Imprensa – [email protected]

Deixe um comentário