Copa do Catar está seduzindo torcedores do Brasil e de outros países

Músicas nas ruas, uma profusão de cores e estrangeiros de todas as partes do mundo nos pontos turísticos e nos estádios. Em três dias, a Copa do Mundo mudou o dia a dia e a paisagem de Doha, capital do Catar.

Por Elcio Ramalho RFI

O país se preparou durante doze anos e a transformação foi notada por quem vive de perto. A fotógrafa brasileira Alessandra Ribeiro, que vive há 13 no Catar, é só elogios para a transformação da capital, antes e durante o Mundial.

“Esse país se transformou para receber essa festa. E não estou falando apenas de estádios ou de metrô. Estou falando de estradas, viadutos. Melhorou muito para quem vive aqui. A palavra de ordem que eu aprendi aqui no Catar é respeito. A gente respeita a cultura deles e é feliz aqui”, desabafou.

“Eu espero que essa galera que esteja vindo ao Catar aproveite a oportunidade de abraçar essa cultura e respeitá-la, assim vai dar tudo certo”, declarou.

A Corniche, uma imensa faixa para pedestres à beira mar que liga um dos estádios da Copa ao imenso espaço ocupado pela pela Fan Fest da Fifa, virou uma passarela de encontros de várias culturas.

Um grupo de equatorianos fez questão de passear com as bandeiras enroladas pelo corpo para mostrar o orgulho pela vitória da seleção no jogo de estreia contra o anfitrião do evento. Mesmo assim, os torcedores não se sentiram nem um pouco hostilizados.

“Estamos muito emocionados. É a primeira vez que viemos de tão longe e o ambiente é espetacular. O povo é muito simpático e está sendo melhor do que esperávamos. Estamos muito felizes”, declarou Tatiana Murillo em meio ao grupo de amigos e familiares que gritavam o nome do país pelas ruas.

No passeio encontraram a ruidosa torcida mexicana em direção ao estádio. Com os vistosos sombreros e com muitas fantasias, os mexicanos fizeram uma grande marcha colorindo de verde a Praça onde estão as bandeiras de todos os países da Copa até a entrada do estádio 974 onde a equipe estreou na competição.

“Viemos aqui para fazer festa”, resumiu um mexicano à RFI.

A marroquina Salma veio exclusivamente ao Catar para ver de perto a Copa do Mundo e torcer para seu país. “A Copa está magnífica, muito bem organizada. Para nós é um orgulho”, declarou.

Sua amiga também marroquina que vive há dez anos no Catar, coberta toda de preto com o véu islâmico, é so elogios para a festa. “É um orgulho ver um pais como Catar organizar esse evento grandioso. É muito interessante ver todas essas culturas juntas. O futebol é capaz de unir essas pessoas. Todo mundo está feliz aqui”, afirmou Samar, que irá ver a partida de estreia do Marrocos contra a Croácia.

No final da tarde, o local mais badalado de Doha durante o Mundial vai mudando a paisagem. Reunidos pelo Movimento Verde Amarelo, dezenas de torcedores brasileiros se aproximam dos ensaios em ritmo de batucada com as músicas que vão embalar a seleção na Copa.

Aos poucos o grupo vai aumentando com a chegada de torcedores de todos os cantos do país. Herbert Thomazella Zacate, gerente de logística em São Paulo já veio vestido com o mascote na Copa na cabeça.

“A gente já chegou meio assim, (pensando) o que pode fazer e o que não pode. Aí vai percebendo, vai conversando com os locais, mostrando que a gente é diferente, um pouco mais quente e um povo animado, e aí fica mais fácil”, constatou. “Eles são um pouco mais fechados, mas aos poucos estão se abrindo, vem tirar foto, e está boa essa interação”, acrescentou.

“Estamos trazendo alegria”

Rodrigo Tito, gerente de vendas, preparou uma túnica típica dos árabes, mas com as cores verde e amarela. “É minha primeira Copa, foram quatro anos de muito planejamento. Eu quis estar próximo da cultura deles, aprender com essa riqueza. É uma maneira de eu me sentir mais em casa. E está sendo muito bonito, eles elogiaram a roupa e dizem que estamos trazendo a alegria”, afirma.

Ele acrescenta que a recepção do povo local tem sido muito positiva: “Até agora não tive nenhum problema e estou me sentindo muito tranquilo de estar aqui”.

No meio da festa, Renata Coelho, manager de mídia de Ribeirão Preto, lembra que o Catar foi muito criticado, mas tem mudado sua opinião e se adaptado à realidade local. “Eu não deixo o ombro de fora, evito saia curta. É você entender onde está, se adequar e aí não tenho problema”, relata.

“O país foi criticado por várias coisas, desde a escolha do lugar, da construção, da cultura, mas quando você está em um lugar e respeita a cultura, não tem nenhum problema. Eu fui muito bem tratada, não aconteceu nada comigo aqui e estou respeitando todo mundo”, diz.

De Natal, Emidio Mamede diz estar sentindo o ambiente de Copa de Mundo: “Está muito bom, os árabes são muito legais, o clima está muito gostoso”.

No comando dos ensaios e agitando sem parar a bandeira do Brasil em meio aos brasileiros, um dos organizadores do Movimento Verde Amarelo, Cacau Jacob, já disse estar totalmente à vontade no Catar desde a chegada. “Antes de embarcar para cá a gente tinha muitas dúvidas, se podia fazer festa, se pode ou não beber cerveja, se as festas vão ser legais ou não. Nesses três dias que estamos aqui as festas estão acontecendo e agora é rumo ao hexa”, diz antes de puxar mais uma sessão de batucada.

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