Coluna de Maria Carmem: “Quinteto DisTD – aprendizagem prejudicada”

Neuroconversa

 

Esta semana a neuropsicopedagoga, Maria Carmem, inicia a série “Quinteto DisTD – aprendizagem prejudicada”j sobre os transtornos da aprendizagem (Dislexia; Discalculia; Disgrafia; Disortografia; TDAH).

 

Olá, Aprendentes de meu coração

 

Com certeza vocês já ouviram falar em Dislexia! O que certamente não sabem é que de acordo com a ABD – Associação Brasileira de Dislexia, Outubro é o mês da conscientização da Dislexia e tem por objetivo alertar a sociedade sobre a importância de um diagnóstico precoce para um melhor desempenho e mais qualidade de vida.

Nesse pensar e dando sequência a nossa série de neuroconversa vamos parar um pouquinho e refletir sobre esse Transtorno Específico de Aprendizagem?

E para iniciar pergunto: você realmente sabe o que é a dislexia? Como se desenvolve, os tratamentos e sintomas mais comuns?

Segundo a IDA – International Dyslexia Association (Associação Internacional de Dislexia) a Dislexia é um Transtorno do Neurodesenvolvimento, de base genética e hereditária (50% dos disléxicos têm outros casos na família) e afeta em média 10% a 15% da população mundial.

É específico da aprendizagem, de origem neurobiológica e traz alterações funcionais que comprometem as habilidades de aprender a ler ou escrever de forma correta, afetando também a compreensão de texto. Ou seja, é um transtorno que dificulta o desenvolvimento da leitura, escrita e pode ser leve, moderado ou grave.

Normalmente é diagnosticado na infância durante o período de alfabetização, porém também pode vir a ser diagnosticado em adultos, o que se classifica como um diagnóstico tardio.

Mesmo sendo um transtorno de maior incidência nas salas de aula, estudos revelam que cerca de 70% dos profissionais das áreas de saúde e educação têm pouco conhecimento sobre o assunto. Por isso, é necessário que os profissionais, assim como a família tenham conhecimento e estejam sempre atentos ao desenvolvimento cognitivo da criança.

Sinais como lentidão na aprendizagem, dificuldade de concentração, palavras escritas de forma estranha, dificuldade de soletrar, troca de letras com sons ou grafias parecidas podem indicar uma Dislexia.

Ainda sobre os sintomas podemos ressaltar que muito embora sejam parecidos, em cada fase do desenvolvimento é possível identificar vários traços que podem indicar a existência desse transtorno.

Para uma melhor compreensão dos aprendentes desta coluna vejamos os sintomas e a faixa etária, essa classificação tem aporte teórico nos dados de pesquisa da International Dyslexia Association (IDA):

 

Crianças (até 07 anos)

Dispersão

Falta de atenção

Atraso no desenvolvimento da fala e linguagem

Dificuldade em aprender rimas e canções

Atraso na coordenação motora

 

Crianças durante a fase escolar (depois dos 7 anos)

Dificuldade de leitura e escrita

Desatenção

Dificuldade em copiar de livros e quadros durante as aulas

Desorganização

Dificuldade em ler em voz alta

Baixa estima

 

Adulto

Longo tempo para ler um texto ou livro

Pular os finais das palavras durante a leitura

Dificuldades em:

– pensar o que escrever

– fazer anotações

– seguir orientações

– no cálculo mental

– na compreensão de texto

– na organização de tempo e atividades

Necessidade de reler o mesmo texto repetidas vezes

Confundir números de telefone

Para diagnóstico é recomendado considerar o trabalho investigativo de uma equipe multidisciplinar, constituída por: neuropsicólogos, fonoaudiólogos, neuropsicopedagogos, neurologistas e neuropediatras. Também é possível fazer alguns exames complementares como: Audiometria, Processamento Auditivo Central e Processamento Visual, tudo indicado pelo devido especialista.

O mais importante é saber que quanto mais cedo diagnosticada, mais eficiente será o tratamento, acompanhamento e intervenções, facilitando assim o desenvolvimento do aprendente a partir de suas limitações, ainda que saibamos que a Dislexia não tem cura podemos afirmar que é possível a criança, jovem ou adulto terem uma vida normal.

Assim, é de extrema importância o diagnóstico precoce, pois através dele será possível minimizar as defasagens e aprendizagem e os problemas emocionais que a dificuldade de ler e escrever causam nos disléxicos.

Nesse ínterim, a IDA (2018) evidencia algumas estratégias para ajudar no aprendizado e na inclusão do aluno disléxico, por exemplo:

Dar tempo extra para completar as tarefas; oferecer ao aluno ajuda para fazer suas anotações; modificar trabalhos e pesquisas, segundo a necessidade do aluno; esclarecer ou simplificar instruções escritas, sublinhando ou destacando os aspectos importantes para o aluno; reduzir a quantidade de texto a ser lido; bloquear estímulos externos, caso o aluno se distraia com facilidade; proporcionar atividades práticas adicionais; fornecer glossários dos conteúdos e guia para auxiliar o aluno a compreender a leitura; repetir orientações e recomendações; diversificar os modos de avaliação; estimular o uso de agendas, calendários e organizadores; graduar os conteúdos a serem abordados, em um nível crescente de dificuldade. (International Dyslexia Association – IDA)

 

É perfeitamente normal o disléxico aprender, afinal a Dislexia está associada a habilidades únicas e não é um reflexo de inteligência ou capacidade de aprender. Muitos aprendentes com tal transtorno de aprendizagem são altamente inteligentes e talentosos em outras áreas, como arte, dança, música, esportes, ciências, dentre outros.

Por isso, podemos dizer que existem estratégias e recursos disponíveis que podem ajudar na superação das dificuldades causadas pela dislexia, uma vez que o disléxico aprende de maneira diferente dos demais e isso não deve ser um problema, mas sim uma oportunidade para descobrirmos métodos de aprendizagem que funcionem melhor nesse contexto de ensino.

Dessa forma, implementar na rotina do aprendente disléxico atividades que estimulem a leitura, a escrita e o aprendizado como caça-palavras, palavra cruzada, atividades de memorização e desenvolvimento do vocabulário. Fazer uso de música para estimular o sistema auditivo e fixar as palavras, de pintura e jogo de rima para acostumar-se com os sons, letras e palavras são algumas possibilidades de atividades que contribuirão para o avanço e desenvolvimento dos disléxicos.

Fica a dica e o conhecimento, espero que gostem e compartilhem, pois conhecimento espalhado é saber bem utilizado.

E para não concluirmos, abraços pedagógicos e até a próxima!

 

Por Maria Carmem

Dra da Aprendizagem

@carmem.neuro.psicopedagoga

(84) 996095957

 

 

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