Coluna: A neuropsicopedagoga Maria Carmem dá sequência com a temática Disgrafia

Dando continuidade à nossa série esta semana a neuropsicopedagoga Maria Carmem dá sequência com a temática Disgrafia

Olá, Aprendentes de meu coração

 Falar sobre o desenvolvimento de uma criança é sempre desafiante, até mesmo pela riqueza, encantamento e emoção que esse processo em todas as suas etapas causa na família, amigos e todos que estão no círculo de convivência da criança.

A emoção da família vendo os primeiros passos, as primeiras palavras, o engatinhar, andar, tudo é digno de sorrisos, palminhas e alegria. Todo esse contexto acompanha a criança e sua família durante a primeiríssima infância e nos anos a seguir vivenciamos novos avanços, conquistas, maiores desafios até chegar a fase adulta e continuar evoluindo, se transformando e aprendendo sempre!

Durante esse processo inicial de desenvolvimento todos ficam atentos quanto a aprendizagem da criança, olhares, cuidado, observação se existe algum impedimento fazendo o filho não vencer as etapas. E, se algo se torna perceptível, entramos nas preocupações, mais atenção, busca de compreensão e desejo de ajudar arduamente, uma verdadeira luta, acima de tudo, emocional.

Quando entram na escola, os primeiros anos, são cheios de dúvidas e cresce a preocupação quanto ao desempenho do filho, se está atendendo às expectativas, se entende o conteúdo, se lê, se escreve, muitos “se” em cada cabeça, ainda assim, problemas só aparecerão quando as respostas para essas perguntas forem negativas.

Daí entramos no cenário das investigações, o que pode estar acontecendo, passamos a ler sobre transtornos, sobre deficiências, desvios e no meio de todas as investigações, quase nunca pesquisamos sobre a DISGRAFIA! Esse transtorno de aprendizagem quase nunca causa preocupação nos pais, muitas vezes passa imperceptível aos olhos da família e, às vezes, até da escola.

Vamos saber um pouco mais sobre o que é disgrafia, suas causas e tratamento?

O que é Disgrafia?

É um transtorno de escrita que ocorre quando a criança tem dificuldade para se expressar por meio da escrita, caracterizado pela desordem que causa em alguma fase cognitiva da pessoa.

O aprendente fala e ler corretamente, mas ao se expressar por escrito o resultado é insuficiente, o esforço resulta em desastre e assim seu processo de aprendizagem é prejudicando.

A Disgrafia evidencia-se de várias maneiras: na caligrafia, na ortografia, na coerência ou na dificuldade de transpor pensamentos e ideias para o papel.

De forma generalizada, podemos dizer que um aprendente com esse transtorno vai demorar bastante para finalizar um texto e as tarefas escolar, também pode separar as sílabas incorretamente, escrever palavras de forma incompleta, invertida ou confusa, trocar letras com sons semelhantes, inclinar em excesso a folha.

Outra característica desse transtorno é a dificuldade em usar o espaço disponível para escrever e apresentar uma escrita com aparência de negligência e desorganização, além de uma letra pouco nítida.

Quais as causas da Disgrafia?

Esse transtorno está ligado às habilidades psicomotoras infantis, ao fato dessas não funcionarem adequadamente, sendo estas:

Motricidade fina: capacidade de realizar os movimentos com pequenos músculos, ou seja, desenhar, recortar, colar, escrever.

Esquema corporal: habilidade da criança de saber quais são as partes do seu corpo, identificando, por exemplo, seus nomes e suas funções.

Percepção espacial: capacidade de compreender as dimensões dos espaços e das coisas em seu entorno e a interação do seu corpo com esses espaços. Dificuldade, por exemplo, em entender o comando das direções (acima, abaixo, em frente) e também as distâncias (longe e perto).

Dessa forma podemos ressaltar que entre as causas mais comuns desse distúrbio, temos: as causas maturativas (ligadas as alterações na eficiência da motricidade, do equilíbrio e da lateralidade); as caracteriais (evidenciadas na personalidade, por meio dos fatores de ordem psíquica e socioemocional) e as pedagógicas (relacionadas a formas, instrumentos e velocidade inadequada no ensino da criança).

É necessário sabermos que uma criança com Disgrafia tem determinados movimentos funcionais da mão, essenciais para uma escrita de sucesso, impróprios. Por exemplo, os movimentos referentes a pressão para segurar um objeto, a força exercida para segurá-lo e até o funcionamento adequado da mão e do braço ao executar alguma ação com eles.

Apesar da Disgrafia ser confundida com a dislexia, é importante entender que se trata de distúrbios distintos, com causas, sintomas e formas de tratamento diferenciadas.

Quais os tipos de Disgrafia?

Maturativa: dificuldades apresentadas no período de aprendizagem da escrita;

Adquirida: consequência de um ensino inadequado ou de uma lesão cerebral;

Perceptiva: problemas em relacionar o símbolo, letras e palavras, e o significado;

Motora: dificuldade na chamada coordenação motora fina;

Espacial: problemas no desenho das palavras, isto é, na forma de escrevê-las.

Como tratar a Disgrafia?

Normalmente o diagnóstico da Disgrafia acontece previamente na escola, quando se percebe as dificuldades na aquisição da escrita. A partir dessa identificação ou da orientação da escola, a família deve procurar profissionais especializados, tais como neuropsicopedagogos, neuropediatras, terapeutas ocupacionais.

Em alguns casos, a terapia ocupacional pode ajudar bastante no que diz respeito ao tratamento das habilidades motoras e no fortalecimento do tônus muscular.

Além dos acompanhamentos especializados os docentes e a família são essenciais na superação do problema. Afinal, o uso de estratégias para trabalhar o desenvolvimento psicomotor e o grafismo apresentam ótimos resultados.

Desenvolver atividades e exercícios grafomotores, como labirinto e pontilhado; Atividades pictográficos como desenho, pintura e modelagem; exercícios constantes de caligrafia; atividades que estimulem a adequação da postura bem como da posição das mãos e do papel, o uso de pincel e a verbalização das formas das letras.

Lembramos que, quanto antes a Disgrafia for detectada, menos ela vai impactar o desenvolvimento e o aprendizado do aluno. Por isso, é muito importante estar atento aos sinais e procurar ajuda especializada.

E para não concluirmos, abraços pedagógicos e até a próxima!

 

Por Maria Carmem

Dra da Aprendizagem

@carmem.neuro.psicopedagoga

(84) 996095957

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