Brasil gasta muito menos do que outros países no combate ao coronavírus, diz FGV

Por Redação RBA

Segundo levantamento do Observatório Fiscal, Brasil gasta um décimo da média dos países no combate à propagação da covid-19

Comune di Venezia/Fotos Públicas

A cidade de Veneza, na Itália, vazia, no último final de semana

São Paulo – Com um governo avesso ao gasto público, o Brasil fica bem atrás de outros países no que se refere a medida de combate à expansão do coronavírus. É o que aponta levantamento divulgado pelo Observatório de Política Fiscal, ligado ao Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas. O observatório aponta gastos equivalente a pouco mais de 2% do Produto Interno Bruto (PIB), ante 17% em alguns países.

Tabela elaborada pelo instituto mostra um conjunto de medidas fiscais e parafiscais já anunciadas, que somam, no total, R$ 844 bilhões, valor correspondente a 11,6% do PIB. Mas os técnicos destacam que a ação de maior impacto é a redução de requerimento de capital dos bancos para ampliar a capacidade de crédito (R$ 672 bilhões).

“Como essa medida não tem natureza fiscal e o governo só deve participar dela na medida em que os bancos públicos forem mais arrojados, é importante avaliar o total das medidas excluindo essa ação”, acrescentam. Isso já leva a uma redução para 2,86%, mas o cálculo ainda diminui.

“Ainda se considerarmos que muitas ações se referem a antecipações de despesa que terão impacto muito pequeno, pois a crise será mais duradoura, o total anunciado é ainda mais inexpressivo, atingindo apenas 2,05% do PIB”, diz o Observatório Fiscal. “Comparado com o que outros países estão fazendo, que está se aproximando de 20% do PIB, o pacote brasileiro ainda está deixando muito a desejar.”

Confira aqui a íntegra do estudo.

EUA e Europa

“Em geral as medidas buscam aliviar o fluxo de caixa das empresas, repor renda das famílias e reforçar a capacidade dos sistemas de saúde. Nem todas as medidas tiveram impactos financeiros anunciados”, lembra o observatório. Nos Estados Unidos, por exemplo, os valores já chegam a 6,3% do PIB, mas ainda podem aumentar para 11,3%.

No Reino Unido, o total de medidas chega a 17% do PIB. “No último dia 20, o Tesouro Britânico anunciou que reporá até 80% da renda dos trabalhadores em lay off até o salário de 2.500 libras por mês, um patamar superior à renda mediana”, informa o observatório. Lay off é uma medida que também existe no Brasil e prevê suspensão dos contratos de trabalho.

Na Espanha, país muito atingido pelo vírus, o programa já anunciado pelo governo soma 17% do PIB. “Além de garantias públicas para empréstimos e programas de renda para os informais, existem ações para garantir serviços públicos básicos como eletricidade, acesso à água e internet e manter a renda com a suspensão de hipotecas imobiliárias”, diz ainda o instituto da FGV, acrescentando que Alemanha e França “vão em caminhos muito similares”, com suporte equivalente a 12% e 13,1% do PIB, respectivamente.

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