Ave Dorian

Ave Dorian – por Geraldo Maia do Nascimento – [email protected] – www.blogdogemaia.com

Ave Dorian

No dia 24 de agosto de 2005, morria o jornalista e escritor Dorian Jorge Freire, aos 71 anos de idade, de falência múltipla dos órgãos.

Nascido em 14 de outubro de 1933, num dia de sábado, em Mossoró, na casa nº 175 da Praça da Redenção, sendo filho do também jornalista Jorge Freire de Andrade e da professora Maria Dolores Couto Freire de Andrade. Neto paterno do jornalista João Freire e de dona Olympia Caminha Freire de Andrade, materno de João Capistrano do Couto e dona Irinéia dos Reis Couto.

Advogado pela Universidade de São Paulo, Diretor dos jornais “Brasil, Urgente” (SP) e “O Mossoroense”, sendo neste órgão o responsável pela introdução do sistema “Offset”, Diretor do Instituto de Letras e Artes da Universidade de Mossoró, Professor universitário e jornalista; principalmente jornalista.

Escrever, sempre escreveu. “Desde cedo se destacou como redator de bons textos escolares, impressionando professores e colegas no velho Santa Luzia, onde estudou. ” Com habilidade passou a escrever, ainda menino, para o jornal O Mossoroense, tendo em pouco tempo dominado todas as etapas de editoração. “Cada doido com sua mania”, escreve Dorian na crônica de abertura do seu livro “Os dias de Domingo”, onde confessa: “Eu escrevo. E me repito. Graças a Deus. Como não sei falar, escrevo. ”

Dos mais de cinquenta anos dedicado ao jornalismo, vinte passou trabalhando na imprensa do sul do país, basicamente em São Paulo. Atuando no jornal “Última Hora” e, posteriormente, no “Correio Paulistano”, conseguiu conquistar seu espaço. Tarefa árdua para um nordestino franzino, cuja única riqueza que possuía era o seu talento. Ascendeu de repórter estagiário para repórter, repórter principal, chefe de reportagem e editor de política. A atitude assumida aos 14 anos nas páginas de “O Mossoroense”, onde disse que procuraria traçar suas palavras dentro do direito e da verdade, nortearia sua carreira. Conseguiu chamar a atenção através do seu modo ousado de escrever.

Em 1963, ainda em São Paulo, ajudou a fundar um jornal tabloide chamado “Brasil, Urgente”. Era um informativo de características esquerdista, impresso nas cores vermelha e preta. Em uma de suas edições, trazia como manchete principal uma previsão do golpe militar que estaria por vir: “Gorilas preparam o golpe. ”  Foi o suficiente para que o exército tirasse os exemplares das bancas e fechasse o jornal.

Estive na casa de Dorian duas ou três vezes, não mais do que isso. Uma das vezes para entregar um exemplar de meu livro “Fatos e Vultos de Mossoró”, que ele havia solicitado através de nota em sua coluna. Não chegamos a conversar; trocamos apenas algumas palavras, me despedi e não voltei mais. Reverenciava-o colecionando tudo que encontrava sobre ele.

Sua última aparição em vida se deu durante a entrega do Prêmio de Jornalismo da Petrobras onde bastante emocionado recebeu uma homenagem pelos 57 anos de jornalismo. A solenidade foi no Teatro Municipal Dix-huit Rosado. Eu estive presente ao ato, onde a Petrobras reproduziu um exemplar do tabloide “Brasil, Urgente”, gesto esse que o deixou muito emocionado.

Hoje o mestre já é saudade. Partiu a 18 anos, deixando como legado o exemplo de luta, de persistência e de amor a terra de Santa Luzia do Mossoró.

Pesquisador e historiador Geraldo Maia do Nascimento

Geraldo Maia do Nascimento

[email protected]

 

Deixe um comentário