Às vésperas do Natal, a cidade de Belém está deserta em luto pela guerra entre Israel e Hamas

O dia 25 de dezembro se aproxima e a Basílica da Natividade de Belém, berço do Cristo e do cristianismo, está deserta. Não há uma única pessoa na fila para entrar em um dos templos cristãos mais antigos do mundo, numa das datas mais especiais do calendário, e também nada indica que será diferente nos próximos dias.

POR RFI

Joan Cabasés Vega, correspondente da RFI em Belém 

Belém, cidade palestina na Cisjordânia ocupada, está de luto pelo massacre na Faixa de Gaza. O município cancelou as festividades previstas para essa época.

“Como podemos celebrar o Natal em Belém no meio de toda esta situação? Os nossos filhos não podem festejar, enquanto as crianças de Gaza são assassinadas. Portanto, estamos de luto”, disse a RFI Hanna Hanania, prefeita de Belém.

A prefeita diz que os habitantes da Cisjordânia têm a população de Gaza nos seus pensamentos num momento de enorme desamparo. “Uma boa parte dos mortos em Gaza são crianças, queimadas, esquartejadas. Vemos isso como um genocídio contra o nosso povo. A ocupação israelense tenta fazer uma limpeza étnica para ficar com a nossa terra e com os recursos naturais,” afirma Hanania.

As mudanças nas celebrações do Natal também se devem a questões de segurança. A prefeitura teme a ameaça de ataques militares do Exército israelense contra a cidade de Belém.

“Todos os dias, invadem Belém e muitas outras cidades. Não temos poder para parar isso. Eles invadem as nossas cidades, prendem pessoas, assassinam e não podemos fazer nada além de pedir à comunidade internacional que pressione Israel para cumprir os acordos com o povo palestino”, lamenta.

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Golpe contra o turismo

Os locais que marcam a passagem de Jesus Cristo, normalmente cheios de turistas, estão desertos. Para a tristeza de muitos, o Natal acontece de forma discreta em 2023.

A festa não foi totalmente anulada. As liturgias irão acontecer. Mas não haverá iluminação de árvores de Natal e cortejos nas cidades. Diante do sofrimento da guerra, as comemorações serão contidas.

A suspensão das atividades populares que normalmente enchem as ruas de Belém em todos os Natais representa um novo golpe ao comércio local, já em colapso desde o início da guerra.

“Desde o dia 7 de outubro, os turistas cancelaram suas viagens a Belém. Não é seguro estar aqui por causa da guerra e por causa dos postos de controle. Todas as entradas de Belém foram fechadas, ninguém pode entrar ou sair”, diz Mahmoud, gerente de uma loja.

Ele conta que não são apenas os comerciantes, hotéis e os taxistas que se beneficiam do turismo, mas que praticamente toda a atividade da cidade se concentra neste setor econômico. Porém, desde outubro, não ter nenhuma renda não é a única preocupação.

“As tropas israelenses entram em Belém todas as noites e cometem atrocidades. Olha, ontem, a 200 metros da minha casa, ouvi uma bomba sonora e gás lacrimogêneo. Você sente que eles não estão brincando, que estão enviando uma mensagem à população palestina na Cisjordânia”, diz ele.

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