Artigo de Carolina Diógenes: Rosa, muitas histórias por trás do OUTUBRO ROSA

Não há quem não reconheça o mês de outubro como o mês da conscientização e prevenção do câncer de mama, mas vocês realmente sabem a história e simbolismo por trás dessa campanha? O motivo do lacinho rosa? Bom essa campanha carrega uma história de coragem, solidariedade, entendimento que essa doença pode ter muitos desfechos, que portar o câncer é uma jornada a ser vivida e que a esperança jamais deverá ser perdida.

O Outubro Rosa inicia nos anos 1980, com a jornada de uma mulher, Susan G. Komen, que sofria com um câncer agressivo aos 36 anos e estava morrendo. Susan viveu sua jornada e sua irmã, Nancy G. Brinker, não deixou que a doença fosse a protagonista da história de sua irmã, ao contrário transformou esse fato em um propósito, um projeto para salvar a vida de muitas outras mulheres ao redor do mundo acometidas pela mesma doença. Assim, pelo amor e pela dor, surge a campanha do outubro rosa, com a primeira Corrida Pela Cura (“Race for the Cure”) e o surgimento de uma fundação nos EUA que tinha o objetivo de arrecadar recurso para pesquisas sobre o câncer de mama, detecção precoce e tratamento digno para muitas pacientes ao redor do mundo.

Assim, essa campanha ganhou força e no Brasil não seria diferente. Nossa querida Mossoró não ficaria de fora, não é?! Quero compartilhar dados preocupantes com vocês sobre o câncer de mama em nosso pais. Até o final de 2023 são esperados 73.610 casos de câncer de mama no Brasil, segundo o INCA.

Infelizmente muitas dessas mulheres podem ter o sucesso do seus tratamentos comprometidos, pois boa parte deixaram de fazer suas consultas de prevenção com mastologistas, mamografias de rastreamento e esse comportamento foi agravado com a pandemia da COVID-19. Houve um aumento de 26% dos casos de câncer de mama nos estágios mais avançados, III e IV, principalmente na região norte e nordeste do nosso país. Isso é muito complicado tanto para as próprias pacientes, pois precisarão realizar tratamentos mais agressivos e com maiores incertezas sobre a cura, como também gastos muito mais elevados na saúde pública. Abominável é saber que muitas vidas são perdidas por falta de um diagnóstico precoce. Essa é uma realidade cruel.

Outro dado preocupante é a desigualdade social. Observamos que as pacientes que têm acesso a saúde suplementar, planos e seguros de saúde, são diagnosticadas em estágios mais precoces que as usuárias do SUS. Infelizmente é outra realidade cruel.

É alarmante também observar o aumento dos casos de câncer de mama na população mais jovem abaixo dos 49 anos, como também um aumento na população mais idosa acima dos 70 anos de idade. A recomendação da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM ) é a realização anual de mamografia aos 40 anos, associada a consulta médica de rastreamento com mastologista.

Contrariando a recomendação da SBM , a Organização Mundial de Saúde (OMS) e Sistema Único de Saúde (SUS) e operadoras de saúde recomendam a realização de mamografias a partir dos 50 anos, a cada 2 anos.É comum a não autorização das mamografias em mulheres a partir dos 70 anos, tornando mais difícil um diagnóstico precoce.

O Outubro Rosa nos lembra, gentilmente, que juntos somos mais fortes. Ao usar o lacinho rosa, as camisas rosas, e os lenços manifestamos que somos empáticos a essa causa, que somos solidários e apoiamos essa causa. Convido a todos a acolher essa causa , unidos salvaremos muitas vidas. Porque #juntos somos mais fortes.

 

fontes:
SBM ( sociedade Brasileira de Mastologia)
INCA (INSTITUTO NACIONAL DE CANCER)
ARTIGO: Rocha AFBM, Freitas-Junior R, Ferreira GLR, Rodrigues DCN, Rahal RMS.
COVID-19 and Breast Cancer in Brazil. Int J Public Health. 2023 Mar
3;68:1605485. doi: 10.3389/ijph.2023.1605485. PMID: 36938303; PMCID:
PMC10020228.

ESCRITO POR:
CAROLINA COELHO NOGUEIRA DIÓGENES CRM-RN 4565/RQE 1276
MÉDICA GRADUADA PELA UFRN
MASTOLOGISTA HGF/ESP-CE
MEMBRO DA SBM
@dra.carolinadiogenes-Instagram

 

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