Análise: “Lula preso podia falar; Bolsonaro, não”
Ney Lopes
No direito há um conceito da maior importância: a equidade. De uma maneira simples, nada mais é do que dar às pessoas o que elas precisam para que todos tenham acesso às mesmas oportunidades e direitos. Em 2019, o ex-presidente Lula estava preso em Curitiba, após ser condenado em segunda instância pelo TRF-4 (Tribunal Regional da 4ª Região) a 12 anos e um mês de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá (SP).
Os jornalistas Florestan Fernandes Júnior, do EL PAÍS, e Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo o entrevistaram, após autorização do ministro do STF Ricardo Lewandowski, que citou inúmeros precedentes, garantindo o direito de pessoas custodiadas pelo Estado, nacionais ou estrangeiros, falarem com a imprensa, e que “não raro, diversos meios de comunicação entrevistam presos por todo o país, sem que isso acarrete problemas maiores ao sistema carcerário”. Para o ministro, não é “crível” que a realização de uma entrevista com Lula “ofereça maior risco à segurança do sistema penitenciário do que aquelas já citadas, concedidas por condenados por crimes de tráfico, homicídio ou criminosos internacionais”.
Depois, Lula concedeu duas horas de entrevista e antes de começar fez um pronunciamento à nação. Declarou, que desde o início do processo o objetivo era “chegar em mim”. Defendeu-se.
Em agosto de 2025, o ministro Alexandre Moraes decreta a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, um dia depois do mesmo aparecer em vídeo publicado pelo seu filho Flávio nas redes sociais, atendendo uma ligação telefônica, quando disse: ” “Boa tarde, Copacabana. Boa tarde, meu Brasil. Um abraço a todos. É pela nossa liberdade. Estamos juntos”, disse o ex-presidente.
Na hipótese da prisão decretada, a simples publicação de Flávio Bolsonaro dessa “saudação “não significaria descumprimento das cautelares, salvo se restasse comprovado que o ex-presidente postou o vídeo por meio das redes sociais do filho, com objetivo de ampla divulgação. Isso não ocorreu.
Pelo visto, a equidade foi eliminada e desconhecida. Concedeu-se o direito de Lula falar, mesmo preso e condenado. Negou-se esse direito a Bolsonaro, antes de estar decretada a sua prisão. Como decifrar essa charada?
Hoje na história
6 de agosto de 2025
Dia Nacional dos Profissionais da Educação, homenagem a todos os trabalhadores que atuam na área educacional.
1661- Na cidade de Haia, Portugal e Holanda assinam um Tratado de Paz segundo o qual os holandeses desistem das terras brasileiras que ocuparam durante trinta anos
1890 – O assassino condenado William Kemmler torna-se a primeira pessoa executada pela cadeira elétrica, ao ser morto em Nova Iorque
1902 – No Acre, Plácido de Castro inicia a rebelião brasileira contra o domínio boliviano.
Os Estados Unidos lançam uma bomba atômica em Hiroshima, destruindo-a. Três dias depois, outra bomba de igual potência destruiu Nagasaki.
1950-Adhemar de Barros lança Café Filho como candidato à vice na chapa de Getúlio Vargas para a presidência do Brasil.