ANÁLISE: “INDIANO PRIMEIRO MINISTRO DO REINO UNIDO”

 

Ney Lopes

Numa época de turbulência no mundo vê-se prova de estabilidade política na troca de governo do Reino Unido.

A Primeira-ministra britânica Liz Truss renunciou, após 45 dias no cargo.

Antes dela o mandato mais curto de um primeiro-ministro havia sido de George Canning, que ficou no cargo por 119 dias, antes de morrer, em 1827.

A causa é que pela posição ultraconservadora de Liz Truss, ela desejou reduzir impostos em meio à crise financeira que passa o país.

A população entendeu que a medida beneficiaria apenas aos ricos e protestou.

Formado pela união política de quatro nações – Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte –, o Reino Unido agrega história, arquitetura clássica e grandes centros modernos.

O Reino Unido mantém o quinto maior Produto Interno bruto do mundo.

Possui a segunda maior economia, ficando atrás apenas da Alemanha.

A crise atual é causada pelo nacionalismo insensato, que forçou a saída do Reino Unido do Mercado Comum Europeu.

Grande equívoco.

O pais  perdeu muito mercado.

O mercado europeu, ainda que tenha problemas de tarifas entre os países, já era uma união aduaneira estabelecida.

Por mais que houvesse confrontos entre os países, havia garantia de compra de produtos e serviços britânicos.

Para substituir Liz Truss foi escolhido com rapidez Rishi Sunak, 42 anos..

É filho de imigrantes indianos e casado com Akshata Murthy, uma fashion designer que tem o patrimônio avaliado em £500 milhões.

Rishi Sunak será o primeiro chefe de Governo britânico não branco no comando de um antigo país imperial que um dia governou a Índia, boa parte da África e muitas outras partes do mundo.

Sunak é um tecnocrata, que chegou ao poder sem vencer uma única eleição e exercerá os poderes que pertencem, teoricamente, ao Rei.

Ele atuou como Ministro das Finanças de Boris Johnson e é o primeiro da história a assumir o cargo sendo afro-hindu.

Um ex-colega da escola definiu o ex-banqueiro como “inteligente o suficiente, sensato o suficiente e bem-educado” para ter uma carreira bem-sucedida.

Ele é uma espécie de anti-Boris Johnson, o ex-premiê que cultivou a imagem do boêmio acima do peso e desleixado, de camisa pendurada fora das calças. Rishi Sunak enfrenta o desafio de restaurar a confiança num país política e economicamente desgastado.

Tomará decisões difíceis sobre o aumento dos impostos e a redução da despesa pública.

Os conservadores e ultradireita não aceitam aumentar impostos, que abala seus patrimônios.

Repete-se a regra de transferir os ônus econômicos para os mais pobres, a partir da contenção de salários e cortes em serviços essenciais.

Atualmente, no Reino Unido há forte corrente de pensamento liberal social, que defende o livre mercado sob outro formato e se  opõe a esses métodos tradicionais de combate às crises econômicas.

Rishi Sunak desponta como referência global e poderá inclusive iniciar entendimentos para o retorno do Reino Unido à Comunidade Europeia.

O sucesso de sua política interessa ao Brasil, que tem no Reino Unido um parceiro importante.

Aguardemos.

 

Deixe um comentário