ANÁLISE: “DIFICULDADES DE LULA NO PT”

 

Ney Lopes

Ainda em formação o futuro governo da República.

Há fatos que merecem análise.

Ressalta no contexto das escolhas o notório choque entre o que pensa Lula e seus correligionários radicais, cuja porta voz é a presidente da sigla Gleisi Hoffmann.

Experiente, o presidente eleito sabe quanto será difícil governar.

Afinal, a liderança dele não é mais aquela do passado.

Ganhou a eleição por margem pequena e no segundo turno o candidato que mais cresceu, através de composições políticas, foi Jair Bolsonaro.

Com sinais de exaustão, Lula disse ontem que “É mais difícil montar um governo do que ganhar as eleições”.

Realmente está sendo.

Até agora, presidente escolheu apenas integrantes do PT para comandar os ministérios do Palácio do Planalto e os mais importantes na administração.

Sabe-se que ele, pessoalmente, tem consciência de que age com graves riscos políticos, ao abandonar partidos e pessoas que lhe ajudaram na eleição.

Mas, a fome de poder do núcleo petista é pantagruélica, insaciável.

Nota-se isto pelo “policiamento” constante da presidente Gleisi Hoffmann sempre aparecendo na TV como uma espécie de “vigia” daquilo que o presidente irá dizer ou anunciar.

Na Alemanha, recentemente, Olaf Scholz, novo chanceler cedeu e fez amplo acordo político entre social democratas, liberais e Verdes.

Pouco a pouco, Lula blinda ministérios com núcleo só de petistas e negocia aquelas áreas de pouca influencia

A frente ampla, composta de Partidos que o apoiaram na disputa contra Bolsonaro no segundo turno, até aqui, está fora da Esplanada

A cota petista está em oito nomes, mas deve chegar a pelo menos dez dos 37 ministérios.

O maior empecilho está na indicação de Simone Teber para um ministério compatível com a sua importância política no segundo turno.

O União Brasil também aguarda uma oferta de ministério para se pronunciar.

O desejo do partido é o Ministério do Desenvolvimento Regional, pasta à qual a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do Parnaíba e São Francisco (Codevasf) está subordinada. Dona de um orçamento de R$ 3,5 bilhões para 2023, a Codevasf foi a autarquia que mais recebeu recursos do orçamento secreto nos últimos anos

Outra “dor de cabeça” será acomodar Marina Silva.

Se depender do comando petista, ela não será ministra.

O temor é que ela repita 2008 quando ainda era filiada ao PT; saiu do governo sob desgaste, e se desfiliou do partido

Somente se reaproximou de Lula nesta campanha, por intermédio de Fernando Haddad, futuro ministro da Fazenda.

Além do mais, Marina poderá conflitar-se com o agronegócio.

Encontrar “saídas” políticas que contentem a todos será tão difícil quanto livrar-se do mitológico labirinto de Creta.

Na verdade, as maiores dificuldades estão abrigadas no próprio PT.

É possível que ele comece o seu governo e muita coisa ainda esteja pendente.

Aguardemos.

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