A Xilogravura de Meneleu

Márcio de Lima Dantas - Professor de literatura da UFRN

 

Já sabemos que Francisco Meneleu dos Santos, nascido em Areia Branca em 22/07/1917, casado com a mossoroense Maria de Lourdes Mascarenhas cumpriu pena de 6 anos e 6 meses na cadeia pública de Mossoró, no bairro Paredões. Hoje  Museu Lauro da Escóssia, pela participação no movimento comunista de 1935; na verdade ele atuou como tipógrafo, sob a coordenação do poeta Othoniel Menezes, na edição do jornal a Liberdade. Meneleu trabalhou também como tipógrafo no jornal de Café Filho e em 1932 era tipógrafo de O Mossoroense dirigido à época, por Lauro e Augusto da Escóssia.

 

 

O trabalho de Ray Brito (Raimundo Soares de Brito), que nos chega pelo zelo do jornalista Anchieta Fernandes, é primoroso e testemunho definitivo da arte do xilógrafo Meneleu, desta feita, não são “tacos”, mas impressões de sua arte. Este mesmo documento, um álbum de imagens impressas em papel, que retorna a Mossoró através da coleção Isaura Amelia, foi oferecido a Ray Brito por Henrique Mendes e refere o seu serviço de xilografia e de seus filhos Fátima Mendes e Michele de Montagne Mendes, é datado de outubro de 1972.

É neste mesmo álbum que Ray Brito apensa a produção de Meneleu tipógrafo de O Mossoroense. Rótulos de produtos, assinaturas, desenhos de carimbos, onde podemos ver tradicionais empresas mossoroenses como Paula Irmãos, PAX, Malaria Cruzeiro, rótulos para as aguardentes Maravilha e Acarapé, Café Lima, calçados como Amaral, Luzete e

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Arruda. Com traço firme, bem desenhado, podemos ver também inflamados oradores, elegantes senhores trajando impecáveis ternos, rostos, casal de ingênuos gordinhos. Algumas destas artes estão grifadas com FM, Francisco Meneleu, outras com o nome completo do próprio artista Meneleu, no entanto, as artes não estão datadas.

 

 

Ainda não podemos afirmar que estas xilogravuras produzidas por Meneleu foram de alguma forma utilizadas no Jornal O Mossoroense ou se foram produzidas no período em que ele lá trabalhou, fato que não invalida a ideia de que em torno de O Mossoroense reuniam-se os artistas visuais da cidade.

 

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