A tragédia de 11 de setembro de 2001

Ney Lopes Júnior – jornalista e advogado

Recordei em 2020, o dia 11 de setembro de 2001, quando vivi uma das mais duras experiências na vida. Estava em Washington DC, frequentando o Mestrado em Direito Econômico, na American University e extensão universitária de Ciência Política na George Washington University.

Era uma terça feira – dia em que tinha maior números de aulas e horas de estudo na Biblioteca da Universidade Como sempre, chegava às 7 da manhã.

O professor de Economia latino-americana já pedia aos alunos, que acessassem o canal da CNN, no computador instalado em cada banco escolar, para análise de um fato relevante, porventura em destaque. Surpresa e pânico: todos constataram na tela da TV, a informação de que um avião da American Airlines acabara de atingir as torres gêmeas em NY.

Seguiram-se imagens “ao vivo” do choque das aeronaves, gigantescas explosões, pessoas se jogando dos andares, fumaça, destroços e labaredas de fogo, envolvendo o topo dos edifícios, cujas estruturas ruíam em questão de minutos.

Lia-se na legenda da notícia: “terrorismo declara guerra aos Estados Unidos“.  A primeira impressão era que se repetia o ataque de surpresa na base naval americana de “Pearl Harbor”, ocorrido na manhã do domingo 7 de dezembro de 1941.

Minutos depois, a CNN noticiava o pior momento para mim: outro avião sequestrado se dirigia à Washington DC e supostamente iria explodir a Casa Branca, o Pentágono e poluir com armas químicas o rio Potomac, fonte da água consumida na capital americana.

A “American University” estava a cerca de dois quilômetros do Pentágono, o centro militar da inteligência norte-americana.  Anunciou-se que o Presidente e o Vice já se encontravam em túneis de segurança máxima.

Professores e alunos saíram das salas de aula. Afirmava-se que começara a III Guerra Mundial. De repente, ouvi grande explosão e densa fumaça negra cobrindo o céu. Um caminhão em disparada, cheio de explosivos, ultrapassou as barreiras de segurança do Pentágono e explodiu em seguida. De onde estava deu para sentir o calor das chamas.

Ao vir para a Universidade, sempre passava em frente ao Pentágono e admirava aquela fortaleza de pedra, onde se localizava o maior poder bélico do mundo, com armamentos moderníssimos, naquele instante envolto em chamas.

Ainda continuava a ameaça do avião sequestrado, que voava em direção a Washington DC.

A partir daí intensificaram-se gritos de pessoas chorando, outras rezando. Com a Universidade evacuada fui ao pátio e peguei o carro, com a intenção de voltar ao meu apartamento.

O trajeto era de 15 minutos, no máximo. Naquele dia foram mais de cinco horas, de congestionamento e forte esquema policial. Nas ruas, o povo a pé, outros em automóveis, apelos dramáticos, orações de joelhos. Parecia filmes de ficção americanos.

Não podia ter comunicação com meus pais. Os celulares desativados. Confesso que senti medo. Não sabia o que fazer.

Na Universidade, presenciei cenas de constrangimento.  Colegas árabes e muçulmanos, que comigo faziam o mestrado, foram jogados contra a parede, revisados e isolados. Já havia a confirmação, que o ataque fora comandado por árabes.

As ruas ficaram desertas por mais de uma semana. As rodovias, o metrô, o porto de Baltimore, que abastece Washington DC, tudo interditado.

Soube-se depois, que os passageiros do avião sequestrado, impediram que os terroristas jogassem a aeronave contra a Casa Branca. O avião caiu em terreno baldio próximo a Washington DC e todos morreram, após terem relatado a amigos e familiares pelos celulares a luta que travavam, em busca da sobrevivência.

Só sabe o risco da guerra e do terror, quem passou pelo que passei. Graças a Deus sobrevivi. Mas, se o avião tivesse sido jogado contra o Pentágono, ou a Casa Branca haveria muita probabilidade de atingir a nossa Universidade e vasta área residencial de Washington.

A paz é o bem maior da humanidade. Por isto, luto por ela em todas as situações.

Somente o amor e a solidariedade constroem!

 

 

 

 

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