A RODA GIRA E A VERDADE FICA…

16 de junho de 2019, às 08:30h

Peço licença a meia dúzia de leitores deste TL para trazer à “Conversa de Domingo” de hoje algo bem pessoal e, até agora, bem guardadinho nas páginas do diário de 2017.

Mini flash back.  Era 26 de Outubro de 2017, dois dias antes de meu aniversário sem qualquer perspectiva de festa ou alegria, mas o que estava triste ainda poderia piorar,

Acordada com susto por inúmeros policias federais em casa, dormia com minha filha e não poderia adivinhar o que aquele pessoal ainda procurava em minha casa. Pela terceira vez.

A policial de pequena estatura se adiantou, pedindo meu celular. Era a “arma do crime”. Pedi um tempinho para ir atende-los adequadamente. . Pedi para ver o mandado de busca e apreensão. Sim, até esqueci que sou advogada , OAB 3989.

Estava sendo acusada de pedir um atestado médico falso para meu  marido Henrique. Também tinha no corpo do mandado uma suposta ligação com primos, que tenho pouco contato e são adversários políticos  históricos em Nova Cruz. Um gráfico com árvore genealógica  que não poupava nem a figura de minha saudosa avó Joanita, falecida em 1993. O que a ver? Nada!

Já tinham levado meu marido há quatro meses, carros, mil reais, documentos mil… O que poderia justificar aquela Operação naquele altura de dor e solidão? Quando saíram, soube que também “visitaram” a clínica do médico ortopedista de HE.

Certamente, acreditaram que fazia parte de uma Ocrim (Organização Criminosa)  comigo para justificar a ida de um fisioterapeuta para atender-lo na Academia de Policia Militar, onde estava preso desde 06 de Junho de 2017.

A ficha caiu e tive mais uma lição (imediata) naquela manhã. Estamos vivendo dias difíceis, o estado democrático de Direito combalido. Antes de qualquer investigação aprofundada, a condenação e execração em praça publica. Direito ao contraditório? Pode esperar.

Logo eu que me julgava acima de qualquer suspeita. Logo eu que sempre optei por seguir minha vida pessoal e profissional em Natal, logo eu que optei por me restringir a acompanhar apenas  como mulher/”esposa” .

Logo eu que criticava sem dó e piedade, por achar que quem é coreto não tem o que se preocupar ou temer. E como só poderia falar por mim mesma, me garantia. Não foi o bastante. Não é o bastante.

Mas por que tudo isso agora?

Porque vejo o mito Ministro Sergio Moro ser vítima do que ajudou a construir; um common low na própria pele com legislação distinta da que nos rege. O receio de ser pego, sem o manto da perfeição. E quem o tem afinal?

Para quem tem FÉ, como eu, Deus; só ELE. E como Ele é o caminho, a verdade, a vida. É também quem nos traz  a lição que precisamos aprender, e é bom aproveitar nas primeiras (duras)  aulas.

No meu caso, tive a “sorte” de ter guardado a foto que ilustra essas mal traçadas. Uma semana antes de sua prisão fomos ao plantão da Promater para ele ser socorrido com fortes dores no ombro. Saiu de lá imobilizado, com receita médica e um diagnóstico: bursite.

Foi o que levei para meu depoimento ao delegado da Polícia Federal. O médico também apresentou todos os prontuários que tinha da doença de HE.

O melhor remédio? Se colocar no lugar do próximo.  É pedagógico para vida.

Injustiças existem e nem sempre o que parece ser, é de fato. A verdade real aparece no fim, mas antes é necessário o benefício da dúvida. Não se trata apenas de um princípio Constitucional e de Direito Penal, é um princípio cristão de misericórdia e humanidade.

Mais; todos nós podemos ser vítimas de injustiças e mal entendido. Até mitos. Até Moros.

Este com um diferencial de poder se explicar, se defender no Jornal Nacional ou no Programa do Ratinho. Outros não tiveram a mesma oportunidade.

A verdade real, infelizmente,  chegou atrasada para o Reitor Cancilier, de Santa Catarina. Não vai poder ressuscitar com a comprovação pública de sua inocência.

Com uma semana que o The Intercept  chegou ao patamar das celebridades dos sites, ainda não se sabe o que há por vir, o que os tribunais imediatistas e inquisitórios das redes vão decidir sobre quem dava poderes divinos há poucos dias.

O grande Ulyssses Guimarães deixou legados antes de partir. Deixou análises irrefutáveis de quem conviveu e observou o poder de perto; “Os heróis mais perigosos são os que acreditam mesmo que são heróis”.

Agora, uma oportunidade de se  corrigir equívocos, assumir excessos, retomar o darma do Brasil, dos mitos e dos pobres mortais com a certeza que a verdade  prevalece e se sobrepõe, agindo como um bálsamo, um alivio, uma cura aos males do corpo e da alma. .

Pode demorar uma vida. Pode ultrapassar existências humanas, mas aparece, mesmo sem ressuscitar reputações de quem não conseguiu resistir .

É não perder a FÉ que existe algo muito maior e sublime, Algo que suporta  tempestades, fogo  e hackers sem se macular.  Só Ele!

 

Laurita Arruda
LAURITA ARRUDA

Laurita Arruda , jornalista e advogada, com opinião formada sobre (quase tudo), observadora da cena e único compromisso; respeito à verdade! #TLvive #novoTL