A incrível história do Carnaval – Final – por Geraldo Maia

A incrível história do Carnaval - Final – por Geraldo Maia

A incrível história do Carnaval – Final

O Brasil, o país do carnaval, está em festa. Uma festa que atinge todos os recantos do país. Mas como surgiu essa festa tão grandiosa, que envolve crianças jovens e adultos e que gera renda fabulosa com turismo nas principais capitais do país? É essa história que estamos contando, que iniciou na postagem anterior e hoje estamos dando continuidade. Então vamos conhecer essa história!

Em 12 de agosto de 1928 algumas pessoas que tinham se desentendido com o rancho ao qual pertencia, se reuniram na Rua Estácio de Sá, nº 27, no Rio de Janeiro. Entre eles estava o compositor Ismael Silva, que participava de uma roda de samba próximo a antiga Escola Normal. Por sugestão dele, a nova associação que seria criada deveria ser mais que um bloco carnavalesco, algo como uma academia, segundo suas palavras, uma verdadeira “Escola de Samba”. E assim surgiu a primeira Escola de Samba que se chamava “Deixa Ficar”. Essa Escola, no entanto, teve vida curta, sendo extinta em 1933, mas serviu de inspiração para todas as outras que foram criadas a partir daquele momento. Uma dessas associações era o bloco carnavalesco conhecido como Conjunto Oswaldo Cruz, que tinha sido fundado em 11 de abriu de 1923, na Estrada da Portela, no bairro Oswaldo Cruz. Os fundadores tinham criado o bloco porque estavam cansados das disputas entre os ranchos. Queriam apenas pular o seu carnaval em paz. Esse bloco se transformou em Escola de Samba por volta de 1930 com o nome de “Quem nos faz é o capricho”, mudando depois para “Vai como pode”, com o qual participou do 1º Concurso Oficial de Escolas de Samba do Rio de Janeiro em 1932. Mas em 1935 a organização do concurso não aceitou a inscrição da Escola de Samba, por achar esse nome de muito mau gosto. Então os diretores se reuniram e resolveram mudar o nome da Escola para o da estrada onde ficava a sede da agremiação: “Portela”. A Portela, junto com a Deixa Falar e a Estação Primeira de Mangueira, é considerada como uma das organizações fundadoras do carnaval carioca, como conhecemos atualmente. A Portela é responsável pela introdução de algumas das novidades que hoje são partes integrantes dos desfiles, como as alegorias, a comissão de frente e as fantasias relacionadas ao enredo com o mesmo padrão.

Mas por que Escola de Samba? Bom, no Século XIX o termo samba indicava qualquer tipo de dança de origem africana, como a umbigada, o lundu, o coco batuque, etc. Algumas pessoas de origem africanas, que foram do Nordeste para o Rio de Janeiro se instalaram na região da Gamboa e da Pedra do Sal, região que ficou conhecida como Pequena África. Entre esses nordestinos estavam as chamadas tias baianas, mãe de santo, vindas da Bahia. Essas senhoras foram difusoras do candomblé no Rio de Janeiro. As casas delas funcionavam como ponto de encontro não só da religião, mas também de culinária, dança e música, tendo influenciado os hábitos e os costumes da capital. A mais famosa delas foi a Hilária Batista de Almeida, conhecida como tia Ciata. Além de quituteira famosa, era mãe de santo e curandeira. Na casa da tia Ciata, na Praça XI, se reunião os pagodes, que eram festas onde se juntavam pessoas ligadas a cultura da Pequena África para comer, tocar e dançar, mas principalmente para compartilhares ideias musicais. Logo a casa da tia Ciata virou ponto de encontro obrigatório não só para os compositores populares do Rio de Janeiro, mas também para intelectuais como João do Rio e Manoel Bandeira.

Era prática, durante esses encontros, que alguém desse o refrão e os outros respondiam cantando improvisos naquele ritmo. Desses improvisos surgiu, por volta de 1910 um ritmo novo que misturava as influências musicais de todos os participantes que ficou conhecido simplesmente como samba. Essas músicas, no entanto, não tinham um compositor. Eram composições coletivas que iam surgindo nos chamados terreiros do samba. Mas em outubro de 1916, num dos pagodes da casa da tia Ciata, numa dessas produções coletivas, surgiu um samba que ficou melhor do que os outros e as pessoas começaram a cantar pelas ruas. Um dos músicos presente a esse pagode era o Donga (Ernesto Joaquim Maria dos Santos). Ele era músico, compositor e violonista brasileiro. Ele registrou essa música em partitura, acertou a letra e registrou como sendo de sua autoria. Surgia assim o samba “Pelo Telefone”. Em janeiro de 1917 o compositor baiano gravou esse samba, que é considerado como o primeiro samba registrado em disco e essa foi a música mais tocada no carnaval daquele ano, o que ajudou a fixar o samba como gênero musical independente. Nos anos seguintes o samba incendiou o carnaval do Rio de Janeiro e logo foi tomando o lugar das marchinhas como gênero musical do carnaval. Isso deu origem a um outro tipo de samba, pensado especialmente para o carnaval, com o ritmo mais rápido, mais cadenciada e menos improvisada, ideal para ser cantada por um coro nos desfiles de blocos e ranchos. Esse novo samba ficou conhecido como o samba do Estácio, porque foi desenvolvido no bairro do Estácio, o mesmo onde surgiu a Escola Deixa Falar. Essa é a origem do samba enredo das Escolas de Samba.

O carnaval no Brasil cresceu tanto, que hoje é considerado por muitos como a “Oitava Maravilha do Mundo”. E então, você conhecia essa história? Bom carnaval para todos.

pesquisador e historiador  – Geraldo Maia do Nascimento – [email protected]

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