A GUERRA DOS CHATOS

Há dois anos, o avanço sorrateiro do inimigo invisível não parava com nenhuma das armas usadas em conflitos anteriores.

A vitória só seria possível com um tipo de munição que nunca havia sido fabricada.

Artesãos,  muito bem remunerados,  com  a garantia de compra de toda a produção, passaram a trabalhar sem descanso.

Nos quartéis, enfermarias e hospitais de campanha, se usava tudo que estava disponível.

Enquanto o recurso salvador não chegava, armamentos considerados obsoletos, mostravam resultados animadores.

Algumas vilas haviam resistiram com grau menor de destruição, empolgando outras a adotar a mesma estratégia, há séculos repetida pelo patriarca primeiro:

Curar quando possível; aliviar quando necessário; consolar sempre”.

A perigosa refrega havia trazido para o frontformadores de opinião, digital influencers e novel epidemiologistas, todos doutores nas sete ciências.

De um lado,  os que achavam que a melhor defesa era a paralisia.

Que se passar por  morto, era  garantia de sobrevivência.

Os desafortunados, só quando o ar já estivesse irrespirável, deveriam procurar os pelotões de saúde.

Do outro, os que distribuíam entre os aldeões, artefatos bélicos simples, que associados, empregados em fases determinadas dos ataque, com  estratégias conhecidas, seriam capazes de evitar ferimentos mais graves, permitindo a recuperação dos caídos, nos aconchegos dos lares.

O recrudescimento das baixas  quando a aguardada proteção já havia chegado aos campos de batalha, revelou a verdade, antes rotulada de obscurantista e falsa.

A velha garrucha, conhecida dos oficiais médicos, há mais de 40 anos, com inquestionável eficácia,  teve serventia.

Pelo menos na erradicação de chatos*, seu nível de evidência continua IV.

*Pthirus pubis.

(Qualquer semelhança com o texto A Guerra do Piolho publicada em  24/02/2021, terá sido mero autoplágio)

Publicado em Território Livre

Tribuna do Norte

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