A Antiga Estação Ferroviária – por Geraldo Maia

A Antiga Estação Ferroviária – por Geraldo Maia - [email protected]

A Antiga Estação Ferroviária

Em 26 de agosto de 1875 era dada a concessão, através da Lei nº 742, da Presidência da Província do Rio Grande do Norte, ao comerciante suiço Jonh Ulrich Graff, para a construção de uma estrada de ferro ligando Mossoró a Petrolina, na Bahia.  Mas por falta de recursos, o projeto caducou. Graff chegou a criar uma empresa e oferecer cotas às pessoas de recursos, como se dizia naquela época, aqui residentes. Mas não conseguiu o suficiente para viabilizar o projeto. Entendia Graff que o progresso de Mossoró dependia da velocidade com que conseguisse importar e exportar os seus produtos. A tropa de burros, que até então transportava as mercadorias, já não era suficiente para atender a um mercado crescente como o de Mossoró, que naquela época era tida como empório comercial. Fazia-se mister a construção de uma ferrovia, que entre outros benefícios, baratearia os fretes e diminuiria o tempo de transporte.

Quase quarenta anos depois o sonho de Urich Graf começava a se realizar. Outros passaram a ter o mesmo sonho, e como diz o ditado, “sonho que se sonha só é apenas sonho, mas sonho que se sonha unido é realidade”.  E esse novo sonho se concretizou com a Companhia Estrada de Ferro de Mossoró S. A, que foi iniciada pela firma Sabóia de Albuquerque & Cia. em  31 de agosto de 1912. Em 19 de março de 1915, numa Sexta-feira, era inaugurada oficialmente o seu primeiro trecho, entre Porto Franco, em Areia Branca e Mossoró. Esse sonho era compartilhado por toda Mossoró por isso, quando a locomotiva “Alberto Maranhão” chegou à Estação, foi recebida com aplauso.  Na plataforma do carro-chefe da composição, viajavam: João Tomé de Sabóia, Cel. Vicente Sabóia de Albuquerque, Farmacêutico Jerônimo Rosado, Camilo Filgueira, Rodolfo Fernandes, Cel. Bento Praxedes, Vicente Carlos de Sabóia Filho, além do mais velho habitante da cidade, o Sr. Quintiniano Fraga, que ostentava o pavilhão nacional. Aquele 19 de março foi realmente uma data muito importante para Mossoró.

O trecho Porto Franco a Mossoró estava pronto e inaugurada, naquele 19 de março de 1915; mas era só o começo. A partir daquela data, estava aberta a luta pelo prolongamento da Estrada de Ferro, cujos trilhos levariam ainda outros longos 30 anos para fazerem ligação com a Rede Viação Cearense, na cidade de Souza, na Paraíba.

O tempo que Mossoró levou para concluir a sua Estrada de Ferro foi muito longo e quando finalmente ficou pronta, os objetivos dos primeiros tempos já não poderiam mais serem alcançados. O caminhão já havia invadido as estradas, e com ele o trem não podia competir, nem em velocidade nem em tempo.

Apesar de tudo, a ferrovia foi de muita utilidade para Mossoró, sendo, por longo tempo, o meio de transporte mais utilizado pela população, tanto para carga como para passageiros.

Na década de 30 o Governo Vargas iniciou o processo de saneamento e reorganização das estradas de ferro. Assim, foram incorporadas ao patrimônio da União, várias estradas de ferro, cuja administração ficou a cargo da Inspetoria Federal de Estradas de Ferro – DNEF, criado pelo Decreto nº3.155, de 28 de março de 1941.

Em 16 de março de 1957 foi criada pela Lei nº 3.115 a sociedade anônima Rede Ferroviária Federal S.A – RFFSA. De 1980 a 1992 os sistemas ferroviários pertencentes a RFFSA foram afetados. Em 7 de dezembro de 1999 o Governo Federal, com base na Resolução nº 12, de 11 de novembro de 1999 do Conselho Nacional de Desestatização e por intermédio do Decreto nº 3.277, extinguiu a rede ferroviária federal.

Em Mossoró o sistema de trens de passageiros já tinha sido desativado desde 1988 e os de carga em 1995. Dessa forma a velha estação ferroviária foi fechada e permaneceu assim por alguns anos, em lamentável estado de abandono. Mas em 1999, graças a um convênio entre Prefeitura Municipal de Mossoró e a Petrobras, a velha estação foi totalmente restaurada, transformando-se na Estação das Artes “Eliseu Ventania”.

A nova estação, já transformada em espaço cultural, foi inaugurada em 24 de setembro de 1999, sendo dotada de uma biblioteca que homenageia o escritor Vingt-un Rosado, o Museu do Petróleo, que dispõe de toda a história das primeiras explorações do produto em Mossoró, a Galeria das Artes Marieta Lima e o Auditório Dorian Jorge Freire, com capacidade para 115 pessoas sentadas.

Hoje a Estação das Artes Eliseu Ventania é o principal espaço para eventos da cidade.

Geraldo Maia do Nascimento – [email protected]

pesquisador e historiador  – Geraldo Maia do Nascimento – [email protected]

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