Laíre Rosado

A Repreensão de Bolsonaro

 

A proximidade das eleições municipais não arrefeceu a discussão em relação ao novo coronavírus. Em alguns países, poucos, felizmente, a doença foi politizada, sendo motivo de discussão entre presidentes, como o do Brasil e o dos Estados Unidos.

A covid-19 tem se tornou a principal causa de morte no país. Sua transmissão se processa de maneira rápida e em velocidade estonteante. Não existindo, ainda, tratamento de eficácia comprovada, a vacina se tornou a grande esperança, principalmente para salvar vidas, mas, também, para reativar a economia mundial.

Cientistas do mundo inteiro se uniram e firmaram parcerias entre indústrias farmacêuticas, governos e universidades públicas e privadas. Finalmente, algumas dessas vacinas estão nos estágios finais de testes em humanos.

Na última terça-feira, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em videoconferência, anunciou a governadores de estado, secretários de saúde e pesquisadores que sua pasta havia assinado protocolo de intenções para adquirir 46 milhões de doses da vacina Coronavac, produzida em laboratório privado chinês.

Para surpresa do ministro Pazuello, o presidente Bolsonaro matou no nascedouro a ideia de oferecer essa vacina à população brasileira. A decisão do presidente, ao que parece, está ligado a dois fatores. No primeiro, a participação ativa do governador João Dória, de São Paulo, nos entendimentos com os chineses. O segundo, o fato da vacina ser originária da China.

De todas as vacinas que estão em fase de teste, a Coronavac tem se mostrado a mais segura. O vice-presidente Mourão foi mais além, ao declarar que os estados e municípios têm recursos para essa finalidade.

Diante do puxão de orelhas do presidente Bolsonaro e, mais suave, do vice presidente Hamilton Mourão, o ministro Pazuello não entregou o cargo, como fizeram seus antecessores Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. Preferiu baixar a cabeça e declarar, “é simples assim. Um manda e outro obedece.”

Satisfeito com a declaração do ministro, Bolsonaro completou, “no meio militar é comum acontecer isso aqui. Não teve problema nenhum.”

Resolvidas essas dificuldades, prenuncia-se nova discussão que é a obrigatoriedade ou não do uso da vacina pelos brasileiros. Será outro capítulo dessa novela.

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