Trump decide cortar US$ 5 bilhões em ajuda externa e pode provocar ‘shutdown’ do governo
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu cortar US$ 5 bilhões em ajuda externa previamente aprovada pelo Congresso, informou a Casa Branca nesta sexta-feira (29) — aumentando a possibilidade de um "shutdown" (paralisação) do governo federal, já que os democratas se opõem à medida.
Por RFI
Os cortes atingem programas do Departamento de Estado e da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), segundo carta enviada por Trump à Câmara dos Representantes.
“O presidente sempre colocará os ESTADOS UNIDOS EM PRIMEIRO LUGAR”, declarou o Escritório de Gestão e Orçamento da Casa Branca nas redes sociais, ao divulgar a carta.
Desde que assumiu o cargo, Trump vem desmantelando paulatinamente a USAID, principal agência de ajuda externa dos EUA. Fundada em 1961 por John F. Kennedy como instrumento de influência durante a Guerra Fria, a USAID foi incorporada ao Departamento de Estado após o secretário Marco Rubio cortar 85% de seus programas.
Rubio elogiou a decisão de Trump como parte do esforço para “eliminar fraudes, desperdícios e abusos no governo dos EUA, economizando bilhões de dólares aos trabalhadores americanos”. Ele afirmou que entre os cortes está o financiamento para programas de conscientização global sobre a comunidade LGBTQ.
Democratas contestam manobra
Chuck Schumer, líder da minoria democrata no Senado, classificou a manobra legislativa pouco conhecida de Trump — tecnicamente chamada de ‘pocket rescission’ — como ilegal. “Está claro que nem Trump, nem os republicanos do Congresso têm um plano para evitar uma paralisação dolorosa e totalmente desnecessária”, disse.
Alguns republicanos moderados também expressaram oposição à tentativa de Trump de bloquear gastos já aprovados pelo Legislativo.
Desde que iniciou seu segundo mandato em janeiro, Trump lançou uma campanha abrangente para reduzir ou desmantelar partes significativas do governo federal. Embora os republicanos controlem ambas as câmaras do Congresso, precisam do apoio democrata no Senado para aprovar novas leis orçamentárias.
Trump, que busca ampliar os poderes presidenciais, tenta recuperar os recursos no final do ano fiscal, de modo que o Congresso não tenha tempo hábil para votar antes que o financiamento expire no próximo mês.
Os democratas alertam que qualquer tentativa de reverter verbas já aprovadas pelo Congresso pode comprometer as negociações para evitar uma paralisação orçamentária após 30 de setembro.
Shutdown custa caro e atrapalha
A última paralisação foi evitada por pouco, em março. Embora raras, paralisações são altamente disruptivas e custosas: inspeções alimentares são suspensas, parques, monumentos e prédios federais são fechados.
Até 900 mil funcionários públicos podem ser colocados em licença não remunerada, enquanto cerca de um milhão de trabalhadores essenciais — como controladores de tráfego aéreo e policiais — continuam trabalhando sem receber até que os serviços sejam normalizados.
(com AFP)