Professores da UERN decidem sobre nova greve nesta sexta

Os professores da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) decidirão na próxima sexta-feira, 1, se iniciam ou não um movimento grevista. A categoria reivindica a regularização dos salários, o estabelecimento de um calendário de pagamento, um reajuste salarial de 7,64%, além da aprovação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) e do auxílio saúde.

Em reunião realizada na última sexta-feira, 25, a secretária-chefe de Gabinete do Governo do RN, Tatiana Mendes, declarou que não há como atender o pleito quanto ao calendário de pagamento e ao reajuste salarial, diante do atual cenário de crise econômica enfrentada pelo estado.

O secretário de planejamento e de finanças, Gustavo Nogueira, foi ainda mais enfático: “se vocês (professores) quiserem parar é um direito de vocês, mas uma greve nesse momento não terá o poder de modificar o cenário econômico do Estado”, disse, ressaltando a impossibilidade de atender à reivindicação dos servidores quanto à questões salariais.

Gustavo Nogueira relatou ainda as dificuldades do Estado em quitar a folha de pessoal e as alternativas que o Governo está buscando para regularizar o salário dos servidores estaduais, não apenas da UERN. “Nenhum Governo atrasa salário porque quer! É um desgaste, que Governo nenhum acha interessante. Estamos fazendo o possível para regularizar a folha, mas não é uma tarefa fácil. Não apenas o RN, mas vários estados estão em dificuldades financeiras devido à crise econômica”, disse.

Diante da atual conjuntura, os estudantes estão apreensivos quanto aos efeitos de uma possível greve prolongada nesse momento. A estudante Luana Maria, do curso de Serviço Social, que esteve na reunião com membros do Governo na última sexta-feira, afirma que compreende a difícil situação enfrentada pelos professores e técnicos com os atrasos salariais, no entanto, para ela, uma greve não seria a melhor opção.

“Já passamos por uma greve de cinco meses recentemente, o que atrasou todo o curso. Uma outra greve agora só iria nos prejudicar ainda mais”, frisa.

Devido à última greve que durou cinco meses, a maior da história da UERN, o calendário acadêmico está em processo de ajuste e a previsão é que sejam necessários quatro anos para poder regularizá-lo, caso não haja uma nova paralisação.

“A cada ano decorrido nós conseguimos ajustar um mês de greve. Nós estamos com déficit de quatro meses. Se não tiver greve, a perspectiva da Proeg é que o calendário acadêmico se ajuste em quatro anos. Havendo greve, e dependendo da extensão dela, nós voltaremos ao estágio anterior, com a necessidade de novo ajusto. Então, o prazo para regularização será de cinco anos se for um mês de greve, seis anos, se forem dois meses, e por aí vai”, explica a pró-reitora de Ensino e de Graduação, Inessa Linhares.

A irregularidade no calendário acadêmico afeta diretamente os estudantes, que acabam por demorar mais do que o previsto para se formar, atrasando planos e projetos profissionais.

“Acredito que os professores, enquanto trabalhadores, têm todo o direito de fazer a greve, mas na atual situação não é nenhuma vantagem para eles, uma vez que o Governo já disse que não iria atender às reivindicações. O prejuízo para os estudantes é evidente, e sempre somos nós quem mais perdemos. Estou no oitavo período e já enfrentei duas greves, as duas maiores da história. Isso atrasou o curso. Entrei em 2013 e deveria me formar no próximo ano, mas a formatura ficou para 2019. Essa demora atrasa alguns planos profissionais”, declara o estudante Nathan Figueiredo.

Além da questão do calendário acadêmico, que afeta especialmente os estudantes que irão ingressar na Universidade e os que estão concluindo, uma paralisação nesse momento pode ainda prejudicar as negociações com o Governo do Estado quanto à aprovação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) e auxílio saúde, bem como quanto à tramitação da proposta de autonomia financeira da UERN, cuja minuta de projeto foi aprovado na última terça-feira.